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sexta-feira, 12 de julho de 2013

QUINCAS BORBA


     A História gira em torno da vida de Rubião, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba (maruja em "MP de BC"-1881). Quincas Borba vivia em Barbacena e era muito rico, e ao morrer deixa ao amigo toda a sua fortuna herdada de seu último parente.Trocando a pacata vida provinciana pela agitação da corte, Rubião muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte de seu amigo, causado por infecção pulmonar.Leva consigo o cão, também chamado de Quincas Borba, que pertencera ao filósofo e do qual deveria cuidar sob a pena de perder a herança. 
     Durante a viagem de trem para o Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Palha, que logo percebem estar diante de um rico e ingénuo provinciano.Atraído pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza de Sofia, Rubião passa freqüentar a casa deles, confiando cegamente no novo amigo. Palha, este novo amigo, se destaca como um esperto comerciante e administra a fortuna de Rubião, tirando parte de seus lucros. Com o tempo, Rubião sente-se cada vez mais atraído por Sofia, que mantém com ele atitude esquiva, encorajando-o e ao mesmo tempo impondo uma certa distância. Por Outro lado, a ingenuidade de Rubião torna-o presa fácil de várias outras pessoas interessadas e oportunistas, que se aproximam dele para explorá-lo financeiramente. Aos poucos, acompanhando a trajetória de Rubião, percebe-se como funciona a engrenagem social da época. Como ocorre a disputa entre as pessoas, as lutas pelo poder político e pela ascensão econômica da época, dessa maneira, o romance projeta um quadro também bastante crítico das relações sociais da época.

     A Corte era a capital, o Rio de Janeiro, cuja a moda era ditada pela tendência Francesa. Depois de algum tempo, Rubião começa a manifestar sintomas de loucura, que o levara a morte, a mesma loucura de que fora vítima o seu amigo, o filósofo Quincas Borba, de quem herda a fortuna. Louco e explorado até ficar reduzido à miséria, o destino trágico de Rubião exemplifica a tese do Humanitismo. Seguindo a trajetória do Humanitismo, a filosofia inventada por Quincas Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem. Os fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos mais fortes e mais espertos, como Palha e Sofia, que no final, estão vivos e ricos, tal como dizia a teoria do Humanitismo. Esse Principio de Quincas Borba: nunca há morte, há encontro de duas expansões, ou expansão de duas formas. Explicando de uma melhor maneira, criou a frase: "Ao vencedor às Batatas!", principio este, que marcou e é o enfoque principal do enredo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

JOSÉ BENTO MONTEIRO LOBATO


José Bento Monteiro Lobato 

    Contista, ensaísta e tradutor, o maior escritor infantil brasileiro de todos os tempos, nasceu em Taubaté, Estado de São Paulo, em 18 de abril de 1882 e faleceu em São Paulo, 4 de julho de 1948.
Filho do fazendeiro José Bento Marcondes Lobato e de dona Olímpia Augusta Monteiro Lobato, ele foi, além de inventor e maior escritor da literatura infanto-juvenil brasileira, um dos personagens mais interessantes da história recente desse país.
    Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.  
    Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.  
    Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras. 
    Nos anos seguintes, Lobato publicou seus primeiros livros: "Urupês", "Cidades Mortas" e "Negrinha". Segundo Marisa Lajolo, Lobato nestes livros traz o melhor de sua literatura, principalmente em "Urupês'' e "Negrinha'', nos quais, segundo ela, "comparecem os diferentes brasis que até hoje, sob diferentes formas, assombram as esquinas da nossa história. Os contos contam do trabalho do menor, do parasitismo da burocracia, da violência contra negros, imigrantes e mulheres, da empáfia dos que mandam, do crescimento desordenado das cidades, da degradação progressiva da vida interiorana; enfim, os contos contam do preço alto do surto de modernidade autofágica que desemboca na crise de 30."
    Os dois livros mostram a "aguda sintonia de Lobato com um tempo que reclamava novas linguagens" e marcam a vigorosa entrada no mundo literário brasileiro de um grande escritor que, segundo ele mesmo disse, "talento não pede passagem, impõe-se ao mundo".

    Logo depois ao glorioso início da carreira literária, Lobato viajou para os Estados Unidos, voltando somente em 1931. Lá enfrentou sérios problemas. Seu livro "O Presidente Negro e o Choque de Raças" —uma história que narra a vitória de um candidato negro à Presidência dos EUA— não foi muito aceito e acabou por custar-lhe grandes desgostos, mas aqui, sempre foi um ardoroso defensor daquele país, chegando a afirmar, em carta enviada a Érico Veríssimo, que considerava os "Estados Unidos como uma dessas famosas composições musicais que são impostas a todos os grandes executantes a fim de tirar a prova dos noves fora do seu valor real, a rapsódia húngara de Lizt (sic), certas fugas de Bach".
    Nessa mesma carta, ao comentar o novo livro de Érico, Lobato afirmou: "Escrever bem é mijar. É deixar que o pensamento flua com o à vontade da mijada feliz."
     A obra lobatiana é composta por 30 volumes. Tem um lugar indisputável na literatura brasileira como o Andersen brasileiro, autor dos primeiros livros brasileiros para crianças, e também como revelador de Jeca Tatu, o homem do interior brasileiro.
    Apesar de ter sido, em muitos pontos, o precursor do Modernismo, a ele nunca aderiu. Ficou conhecida a sua querela com modernistas por causa do artigo "A propósito da exposição Malfatti". Ali critica a mostra de pintura moderna da artista, que caracterizava de não nacional.
    Monteiro Lobato morreu, vitimado por um derrame, às 4 horas da madrugada do dia 4 de julho de 1948, deixando um legado de personagens que ficarão para sempre impregnados nas retinas de todos aqueles que tiveram e que terão contato com as histórias do Jeca Tatu, do Saci, da Cuca, da boneca Emília, do Visconde de Sabugosa, da Narizinho, do Pedrinho, da Tia Nastácia, da Dona Benta, entre outros tantos que habitam as obras deste que foi conhecido como "O Furacão da Botocúndia".




sábado, 28 de janeiro de 2012

BERNARDO GUIMARÃES, FRANCLIN TÁVORA, MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA

BERNARDO GUIMARÃES (Ouro Preto-MG, 1825 – 1884) 
     Romancista, poeta e jornalista brasileiro. Tomou parte na revolução mineira de 1842. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1852. De volta a seu estado natal, lecionou durante quatro anos no Liceu de Ouro Preto. Em Catalão (Goiás), exerceu a função de juiz municipal. Colaborou em diversos jornais. O interior de Minas Gerais e o de Goiás são fielmente retratados em suas obras, algumas publicadas posteriormente. 
     Deixou-nos poesias: Cantos de Solidão (1852), Poesias (1865), Folhas do Outono (1852), Novas Poesias (1876), e romances: O Ermitão de Muquém (1869), A Garganta do Inferno (1871), O Garimpeiro, O Seminarista (1872), O Índio Afonso (1873), A Escrava Isaura (1875) – o mais popular de seus romances; Rosaura, a Enjeitada (1883); O Bandido do Rio das Mortes (1904) Também, no teatro, deixou-nos a obra: A Voz do Pajé. 

FRANKLIN TÁVORA (Baturité-CE, 1842 – Rio de Janeiro-RJ, 1888) 
     Foi advogado, historiador, jornalista, teatrólogo, contista e romancista. Moveu, de parceria com José Feliciano de Castilho, uma campanha contra José de Alencar, com o apoio de D. Pedro II. Esse desentendimento com o imperador foi motivado pela crítica feita por Alencar à Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães. Em 1876, Franklin Távora pretendia criar uma “literatura do Nordeste”, com o argumento de que nessa região é que se encontravam os elementos capazes de conferir à nossa literatura um caráter nacional. Esse seu manifesto é considerado um dos primeiros documentos do regionalismo brasileiro. Publicou os romances: O Cabeleira (1876), O Matuto (1878), Lourenço (1881). 

MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA (Rio de Janeiro-RJ, 1831 – 1861) 
     Sua única obra, Memórias de um Sargento de Milícias, foi publicada, inicialmente, em folhetins, no suplemento literário Pacotilha, do Jornal Correio Mercantil, entre 1852 e 1853, sob o pseudônimo “Um brasileiro”.
     Depois, a obra foi novamente publicada, sob a forma de livre em dois volumes. Memórias de um Sargento de Milícias é uma obra de transição entre o Romantismo e o Realismo. Não se trata de obra precursora do Realismo, pois não apresenta o embasamento científico-positivista que marca o estilo de época. 
     Entretanto, a obra de Manuel Antonio de Almeida, ambientada no Rio de Janeiro, no início do século XIX, deixa de lado os principais traços românticos, apresentando já uma nova fase da literatura. São algumas de sua características: 
a) ausência de idealização de personagens e apresentação de tipos extraídos das camadas inferiores da população, até então inexplorados literariamente (parteiras, barbeiros, etc.); 
b) anticlericalismo; 
c) presença de heróis mais próximos do real, os quais alternam, em seu comportamento, ações boas e más. Para alguns autores, é nesta obra que surge, pela primeira vez, um anti-herói na literatura brasileira; 
d) maior objetividade; 
e) abordagem renovadora das relações amorosas, sem emoções excessivas, enfatizando a necessidade de sobrevivência como elemento motivador das ações humanas e não o amor, como pregavam os românticos.

ALEXANDRE HERCULANO e ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO

ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAÚJO (Lisboa-Portugal, 1810 – Val-de-Lobos-Portugal, 1877) 
     De origem humilde, não chega a fazer curso universitário; dedica-se, entretanto, aos estudos clássicos e filológicos, formando sua vasta cultura em moldes rígidos. Torna-se um modelo de correção vernacular. É tido como o maior nome das letras de Portugal, somente equiparado a Camões. Em 1831, Alexandre Herculano, por ser avesso ao absolutismo miguelista, é exilado. De volta a Portugal, no ano seguinte, escreve alguns poemas: A Harpa do Crente, A Voz do Profeta. 
     Deixa, mais tarde, esse gênero, dedicando-se inteiramente à ficção. É o iniciador do romance histórico em Portugal; consegue harmonizar a imaginação com a história. Em 1833, é nomeado bibliotecário da Biblioteca Municipal do Porto. Em 1836, funda a revista Panorama, onde publica algumas de suas obras como Lendas e Narrativas (contos e novelas), O Bobo, Eurico, o Presbítero, O Monge de Cister. As duas últimas obras fazem parte de um volume intitulado Monasticon, que trata do problema do celibato clerical.
     Dentre as composições poéticas de Herculano, destacamos A cruz mutilada. A inspiração cristã, a religiosidade – características marcantes no Romantismo – é uma constante nesta poesia. 
ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO (Lisboa-Portugal, 1800-1975) 
     Apesar de ser considerado um dos introdutores do Romantismo em Portugal, sua obra sofre, contudo, a influência dos moldes arcádicos. Traduz Horácio, Goethe e Molière. Deixa-nos várias obras em verso (Cartas de Eco a Narciso, Amor e Melancolia, Ciúmes do Bardo, A Noite do Castelo) e em prosa (Quadros Históricos de Portugal). 
     Embora cego, Castilho consegue descrever com uma fidelidade incrível a natureza, isto porque as recordações do período em que tinha visão não se apagaram por completo. Seu estilo e sua linguagem são admiráveis pela musicalidade, precisão e fluência.

RAUL POMPÉIA E ALUÍSIO DE AZEVEDO

RAUL D''ÁVILA POMPÉIA (Angra dos Reis-RJ, 1863 – Rio de Janeiro-RJ, 1895) 
     Estudou Direito, em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, concluindo seu curso em Recife. Colaborou em vários órgãos da Imprensa Nacional de Belas Artes, do Departamento de Estatística do Rio de Janeiro, do Diário Oficial. Aos dezessete anos já revelara qualidades de bom escritor. Seu livro de estréia foi Uma Tragédia no Amazonas. 
     Sua maior obra, O Ateneu (1888), revela a expressão de seu talento; nesse livro, extravasa uma série de complexos e recalques que sentia. Nesse romance, o autor observa e analisa a infância e a adolescência, dando o seu depoimento pessoal. Em O Ateneu, o narrador-personagem Sérgio conta a história de sua vida, quando esteve no internato. Há, nessa obra, uma forte influência do meio sobre o comportamento de Sérgio. 
     O ambiente é contagiado pela corrupção, pelo egoísmo, pelo homossexualismo, pela promiscuidade de adolescentes. O livro é uma crítica ao sistema educativo da época. Sérgio, à porta do colégio, ouve de seu pai: “Vais encontrar o mundo. Coragem para lutar.” Esta passagem ilustra toda a ironia da obra. O menino, inocente, acostumado aos afagos domésticos, vai a partir daí conviver com o diretor Aristarco e sua mulher D. Ema, a criada sensual e brejeira e os colegas, uma legião de criaturas hipócritas e corruptas. O Ateneu é uma obra que deixa transparecer marcas do Naturalismo: a influência do meio sobre a formação dos caracteres. É um romance introspectivo; um livro de memórias, ironicamente chamado Crônica de Saudades. 

ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO (São Luís-MA, 1857 – Buenos Aires-Argentina, 1913) 
     Depois dos primeiros estudos em sua terra natal, veio para o Rio de Janeiro estudar pintura, isso antes de se dedicar à vida literária. Matriculou-se na Academia de Belas Artes e dedicou-se a caricatura. Ingressou, em 1895, na carreira diplomática, exercendo as funções de cônsul em Vigo, Japão, Nápoles e Buenos Aires e abandonando a literatura. Aluísio Azevedo cultiva vários gêneros literários: o romance, o conto, a crônica. Estréia na carreira literária em 1880, com o livro Uma Lágrima de Mulher. No ano seguinte, publica O Mulato, romance naturalista. Sua obra, composta de catorze volumes, divide-se em duas facetas: romântica: Uma lágrima de Mulher (1880) A condessa Vésper (1882) Girândola de Amores ou Mistérios da Tijuca (1883) Filomena Borges (1884) O Esqueleto (1890) A Mortalha de Alzira (1893) naturalista: O Mulato (1881) Casa de Pensão (1884) O Homem (1887) O Coruja (1889) O Cortiço (1890) Livro de uma Sogra (1895). O Mulato é considerado o romance iniciador do Naturalismo no Brasil.
     Conta a história do jovem mulato Raimundo e de sua noiva Ana Rosa. Serve de cenário a sociedade burguesa do Maranhão, em fins do século XIX. Desenrola-se aí a trágica luta de um mulato contra o hostil meio conservador. Dois aspectos destacam-se no romance: o anticlericalismo, sob o influxo da obra de Eça de Queirós, e o problema do preconceito de cor. Aluísio Azevedo escreve ainda os contos Demônios (1893) e as crônicas O Touro Negro (1938). Como vemos, pelas datas de publicação, essas facetas de sua obra são simultâneas. Foram fatores de ordem econômica que levaram esse escritor a proceder dessa forma. 
     Aluísio Azevedo escreve para sobreviver, para agradar ao público leitor. Daí sua obra ressentir de acabamento, de densidade artística, de apuro estilístico. Aluísio Azevedo cultiva o romance de intriga que termina por um desenlace feliz ou patético. A intriga envolve problemas amorosos da burguesia. O enredo novelesco vem pontilhado de mistério, sangue e amores clandestinos e trágicos. A obra naturalista de Aluísio Azevedo é até certo ponto um reflexo da influência de Émile Zola e Eça de Queirós. São romances de tese, onde o autor interpreta a realidade brasileira do século XIX. 
     O Cortiço tem como cenário uma comunidade fluminense, onde fervilham seres humanos bestializados pelos sentidos. Aluísio Azevedo comunica ao leitor seu extraordinário poder de observação das reações e emoções das pessoas que povoam o cortiço, realçando o comportamento desses tipos que vivem numa moradia coletiva. o autor de O Cortiço analisa e descreve com precisão conglomerados de pessoas de origem diversa, mas iguais na miséria, na promiscuidade, na ignorância. O meio exerce sobre as criaturas uma forte influência. O dinheiro e o sexo são as molas propulsoras dessa sociedade. A ambição desmedida e a riqueza do comerciante João Romão e de seu vizinho Miranda contrapõem-se à miséria da escrava Bertoleza (amante de Romão e cinicamente explorada por ele) e dos moradores do cortiço.

sábado, 21 de janeiro de 2012

EÇA DE QUEIRÓS

     JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS (Póvoa de Varzim, 1845 – Paris, 1900) Foi um dos maiores escritores portugueses. Nasceu em Póvoa de Varzim, em 1845. Filho ilegítimo de um advogado e da filha de um militar, passa a primeira infância com a madrinha e em internatos. Só vem a conhecer seus pais aos dez anos. Esse fato explica a sua sensibilidade face à hipocrisia moral; denuncia, em seus romances, a contradição entre a religiosidade aparente e os sentimentos reais de suas personagens. 
     Eça de Queirós forma-se em Direito, em 1866, pela Universidade de Coimbra. Vai para Lisboa onde começa a escrever. Cabe-lhe a glória de ter sido o criado do Realismo nacional. A sua personalidade literária define-se nos folhetins publicados na Gazeta de Portugal, reunidos num livro póstumo chamado Prosas Bárbaras. Em 1888, Eça de Queirós é designado cônsul em Paris, onde morre em 1900. Eça de Queirós acompanha, como simples espectador, o grupo de acadêmicos na Questão Coimbrã. A sua presença foi mais atuante nas Conferências do Cassino de Lisbonense. 
     Em 1874, Eça de Queirós publica Singularidades de uma Rapariga Loura, conto original pelo tema, pela técnica e pelo estilo; nele o autor revela uma nova forma de narração. Em 1870, Eça de Queirós, de colaboração com Ramalho Ortigão, publica um romance policial intitulado O Ministério da Estrada de Sintra. No ano seguinte, Eça e Ramalho empreendem a publicação em fascículos mensais de As Farpas – documento de história social e política do seu tempo e de seu país. 
     A obra de Eça de Queirós pode ser dividida em três fases: 
1ª fase: Eça publica, em forma de folhetins, os primeiros textos, reunidos depois num só volume: Prosas Bárbaras. 
2ª fase - Realista: três romances importantes para a literatura portuguesa são escritos nesta fase: O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio e Os Maias, além de uma novela fantástica chamada O Mandarim. O Crime do Padre Amaro analisa a vida de uma cidade provinciana, criticando impiedosamente os costumes do clero português. 
     Em meio ao cotidiano da cidadezinha de Leiria, Eça de Queirós explora a atração que sente o jovem padre Amaro pro Amélia, uma moça acostumada a acreditar em todas as palavras ditas pelos religiosos. Com termos fortes, sarcásticos, Eça mostra a depravação dos padres e seus hábitos corruptos, escandalizando a Igreja e a sociedade de seu tempo. Na obra O Primo Basílio, Eça analisa a vida da sociedade portuguesa, mostrando o adultério, a falsidade, o jogo de interesses, as ilusões românticas da mulher burguesa, o moralismo. A história trata do adultério cometido por Luísa com Basílio, seu primo, durante uma viagem de Jorge, seu marido. A criada de Luísa, Juliana, descobre a traição e passa a chantageá-la.
     Abandonada por Basílio, sentindo-se culpada e pressionada por Juliana, Luísa adoece e morre. Em Os Maias, o autor revela detalhadamente a vida da alta sociedade portuguesa, abordando como tema o incesto entre dois irmãos. Carlos Eduardo e Maria Eduarda conhecem-se em Lisboa e apaixonam-se, sem saber que são irmãos; haviam sido separados na infância, tendo vivido em países diferentes. O acaso faz com que descubram o parentesco e percebam, horrorizados, a relação incestuosa que praticaram. Ao lado desta trama central, o autor envolve um amplo painel dos costumes da época, evidenciando sua futilidade e artificialidade. 
3ª fase – Pós-realista: também chamada de fase nacionalista, é nela que Eça de Queirós busca outros ideais, além dos realistas. Volta-se para o elogio da vida no campo, da colonização da África, da caracterização de Portugal e suas tradições. Nesta fase, Eça escreve A Ilustre Casa de Ramires, obra que mescla duas narrativas diferentes: numa, em estilo realista, o autor traça o perfil de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo português em decadência, mas que conserva traços do verdadeiro espírito lusitano; na outra, escrita pelo próprio Gonçalo em estilo romântico, semelhante ao de Alexandre Herculano, narram-se os feitos de Tructesindo Ramires, ancestral de Gonçalves, na Idade Média. 
     Outra obra desta fase é A Cidade e as Serras, obra que defende a vida no campo, opondo Paris à aldeia portuguesa de Tormes. Jacinto, a personagem central, vive deslumbrado pelos avanços da civilização até que, obrigado a viajar para o campo, perde sua bagagem e vê-se obrigado a viver de forma rústica e natural. Com isso, aprende a valorizar a simplicidade só encontrada no campo. A obra A Relíquia tem como tema a hipocrisia religiosa, misturando caricatura e lirismo. Teodorico, que é a personagem principal, faz uma peregrinação à Terra Santa a fim de trazer uma relíquia sagrada para sua tia. Em troca, tem a certeza de que ela o nomeará herdeiro de todos os seus bens e ele tornar-se-á rico. A troca casual de dois embrulhos, porém, faz com que ele traga para sua tia a camisola de Mary, com quem teve um caso durante a viagem, e não a sonhada relíquia. Deserdado, Teodorico é expulso da casa da tia.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

     Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, Machado de Assis inaugura o realismo nas letras brasileiras. A partir dessa obra ele se revela um arguto observador e analista psicológico dos personagens. O ritmo da obra é lento, com várias digressões e narrado de maneira irreverente e irônica por um "defunto autor" (e não um "autor defunto", como podem pensar). 
     Brás Cubas, por estar morto, se exime de qualquer compromisso com a sociedade, estando livre para critica-la e revelar as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu. Brás Cubas vai contando a sua vida e contando os vários episódios que viveu. Conta sobre a prostituta de luxo espanhola Marcela, que o amou "durante quinze meses e onze contos de réis". Para livrar-se dela, os pais de Brás Cubas decidem manda-lo para a Europa. Volta doutor, em tempo de ver a mãe antes de morrer. 
     O seu amigo de escola Quincas Borba: "Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso" E quando ele o reencontra anos depois: "Aposto que me não conhece, Senhor Doutor Cubas? disse ele. Não me lembra... Sou o Borba, o Quincas Borba. (...) O Quincas Borba! Não; impossível; não pode ser. Não podia acabar de crer que essa figura esquálida, essa barba pintada de branco, esse maltrapilho avelhentado, que toda essa ruína fosse o Quincas Borba. E era." 
     Pouco depois Quincas Borba aparece rico e filósofo, herdeiro de uma grande fortuna e propagador do Humanitismo. O seu projeto político nunca alcançou, muito bem explicado no capítulo 139: O amor por Virgília, o caso extra-conjugal que teve com ela, e a alegria de ter um filho: "Lá me escapou a decifração do mistério, (...) quando Virgília me pareceu um pouco diferente do que era. Um filho! Um ser tirado do meu ser! Esta era a minha preocupação exclusiva daquele tempo. Olhos do mundo, zelos do marido, morte do Viegas, nada me interessava por então, nem conflitos políticos, nem revolu- ções, nem terromotos, nem nada.
     Eu só pensava naquele embrião anônimo, de obscura paternidade, e uma voz secreta me dizia: é teu filho. Meu filho! E repetia estas duas palavras, com certa voluptuosidade indefinível, e não sei que assomos de orgulho. Sentia-me homem." A criança morre antes de nascer, e os amantes se separam. A irmã arranja-lhe uma noiva, Eulália, que no entanto, morre vítima de uma epidemia. Sem conseguir ser político, Cubas em busca da celebridade tenta lançar o emplastro Brás Cubas, porem vêm a falecer de pneumonia antes de realizar o seu intento. 
     O último capítulo é bastante elucidativo: "Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. 
      Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imagi- nará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." O mais importante da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas certamente não é o enredo e sim a linguagem utilizada por Machado de Assis. A denúncia tácita da sociedade, por meio da leve ironia e humor.

CAMILO CASTELO BRANCO

     CAMILO CASTELO BRANCO (Lisboa-Portugal, 1825 – S. Miguel de Seide – Portugual, 1890) Órfão de pai e ma, recebe os primeiros ensinamentos do padre Azevedo, seu tio. Freqüenta a Escola Médica e a Academia Politécnica do Porto. Temperamento atribulado, perde anos de estudos em Coimbra e alista-se entre os guerrilheiros miguelistas da rebelião conhecida por Maria da Fonte. Dedica-se à literatura, tornando-se um novelista genial e o mais fecundo escritor português. 
     A biografia de Camilo ajuda na explicação de muitos pontos fundamentais de sua obra. A bastardia, a orfandade, a sedução, o abandono da mulher seduzida, o conflito dos apaixonados com os preconceitos sociais, o casamento por conveniência, o anticlericalismo são alguns dos temas da obra camiliana. A biografia explica, ainda, a geografia da novela de Camilo: O Minho, a região oeste de Trás-os-Montes, o Porto e seus arredores. Sua obra é vastíssima merecendo destaque: Amor de Perdição. Segundo Unamuno, esta obra é “a novela de paixão amorosa mais intensa e profunda que se tenha escrito na Península”. Foi escrita em quinze dias, durante o tempo em que o escritor esteve preso na cadeia da Relação do Porto, por crime de adultério. Outra novela passional: Carlota Ângela. 
     Camilo tende também para a novela de terror: Mistérios de Lisboa, Livro Negro do Pe. Dinis. Entre as muitas outras obras que Camilo nos deixou destacam-se: A Doida do Candal, A Filha do Arcedíago, Memórias do Cárcere, O Bem e o Mal, Novelas do Minho, Romance dum Homem Rico (para citar apenas alguns). A trilogia camiliana, publicada em 1856, é formada pelos livros: Um Homem de Brios, Memórias de Guilherme do Amaral e Onde está a Felicidade?. 
     Sendo contemporâneo do movimento libertador do Brasil revela em seus escritos a revolta de Portugal contra o nosso país. No final de sua carreira literária, as obras apresentam características que revelam uma tendência para o Realismo. Escreve, então, Eusébio Macário, A Corja, A Brasileira de Prazins, Os Brilhantes do Brasileiro.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

JULIO DINIS

     JULIO DINIS (Pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho) (Porto-Portugal, 1839-1871) Júlio Dinis foi escritor e médico. Nasceu no Porto em 1839 e aí faleceu em 1871, vítima da tuberculose. Passa os últimos anos de sua vida ora no campo, para tratar da saúde, ora na cidade, desenvolvendo suas atividades. Na curta existência de trinta e dois anos, produz muitas obras de gêneros diversos: teatro, poesia, contos e romances. 
     Seus romances constituem um valioso documento sobre Portugal, numa fase em que esse país sofre transições políticas e econômicas, promovidas pelo regime neoliberal. Registra em sua obra os resultados positivos das reformas econômicas e o estilo de vida da burguesia triunfante. A obra mais famosa de Júlio Dinis é As Pupilas do Senhor Reitor (1867). 
     Escreveu ainda: Os Fidalgos da Casa Mourisca (1872), A Morgadinha dos Canaviais (1868), Uma Família Inglesa (1868) e Serões da Província (1870), coletânea de contos. Júlio Dinis é um romancista de um período de transição entre o Romantismo e o Realismo. Filiado ao movimento romântico, mas realista pela preocupação da verdade em suas descrições, nos caracteres e na evolução da intriga, utiliza processos do romance realista inglês. Em As Pupilas do Senhor Reitor, Júlio Dinis preocupa-se com os aspectos morais na caracterização das personagens, como vemos no trecho a seguir: O reitor Ao deixar José das Dornas, na tenda do seu vizinho da esquina, o reitor, apoiado na grossa bengala de cana, companheira fiel das fadigas de muitos anos, foi seguindo pelos caminhos poucos cômodos da sua paróquia, e entrando nas casas mais pobres, onde levava a esmola e o conforto de doutrinas evangélicas que tão singelamente sabia pregar. Era esta, para ele, tarefa habitual.
     Sentava-se com familiaridade à cabeceira do jornaleiro doente, ele próprio lhe arrefecia os caldos, lhe temperava os remédios e lhos ajudava a tomar; guiava com os conselhos e ensinava com o exemplo dos enfermeiros que, entre a gente pobre dos campos, são quase sempre os mais pequenos da família, aqueles que, pela idade, representam ainda uma parte pouco produtiva de receita; porque os outros reclamam-nos as exigências imperiosas do trabalho. 
     No cumprimento desta obra de misericórdia, atravessou o reitor quase toda a aldeia, e com o coração apertado pelos infortúnios que vira, e desafogada a consciência pelo bem que fizera, continuava placidamente a sua tarefa abençoada. Depois de muito andar e de muito consolar misérias, parou algum tempo por debaixo das faias, que assombravam um largo terreiro, e sentou-se com o fim de ganhar forças para prosseguir. 
     Enquanto descansava foi dar balanço às algibeiras, que trouxera bem providas de casa. Este balanço foi desanimador para os projetos ulteriores do velho. A esmola, essa sublime gastadora, que nunca abandonava a direito do pároco nestas visitas pastorais, havia-lhe esgotado o capital, sem que ele desse por isso. O reitor mostrou-se mortificado; não que lamentasse o dinheiro gasto assim, mas porque estava longe de casa, e tinha ainda mais infelizes a socorrer. (DINIS, Júlio, As Pupilas do Senhor Reitor. 4ª ed. São Paulo, 1977, p, 69-70)


ALMEIDA GARRET

     JOÃO BATISTA DA SILVA LEITÃO DE ALMEIDA GARRET (Porto-Portugal, 1799 – Lisboa-Portugal, 1854) Em 1822, com a vitória dos liberais, Portugal adota a forma constitucional de governo. Mas, no ano seguinte, com um golpe de Estado – a Vilafrancada – a Constituição é abolida e Almeida Garrett é, então, exilado. Vai para a Inglaterra e depois para a França. As suas convicções liberais e constitucionalistas são reforçadas. Nesses países, entra em contato com líderes do movimento romântico e escreve Camões (1825) e Dona Branca (1826). A publicação do poema Camões, em Paris, como vimos anteriormente, assinala o início do Romantismo em Portugal. 
     Segundo Fidelino de Figueiredo, a carreira literária de Garrett, como lírico, abrange três épocas distintas: 
_ a anterior ao exílio;
_ a fase da renovação romântica; 
_ a fase da plena maturidade artística. 
     Garrett é, indiscutivelmente, uma das mais notáveis figuras do Romantismo português. Poeta, dramaturgo, romancista e orador, deixou-nos uma vasta obra, na qual se revela o mais delicado nacionalismo. Garrett nunca se libertou totalmente das normas neoclássicas. Fazem parte de sua primeira fase literária: O Retrato de Vênus (1821), Lírica de João Mínimo (1829), Odes Anacreônticas e as tragédias.
     Na fase seguinte, Garrett dedica-se ao teatro e escreve: Um Auto de Gil Vicente (1838), Dona Felipa de Vilhena (1840), O Alfagema de Santarém – representado e publicado em 1842 – e o drama Frei Luís de Souza, considerado a obra-prima do teatro português, representado e publicado em 1843. 
     Garret deixa-nos ainda Romanceiro, Folhas Caídas e Flores sem Fruto. Em prosa, escreveu Viagens na Minha Terra e O Arco de Sant'Anna. Folhas Caídas: é uma coletânea onde se encontra o melhor da lírica de Garrett. Há leitores que estabelecem nexos entre os poemas de confidência com episódios e personagens da vida real. A ligação do poeta com Rosa Montufar, Viscondessa da Luz, foi muito comentada. A leitura de Folhas Caídas e Flores sem Fruto causou profunda impressão em Fernando Pessoa (poeta modernista português).

QUINHENTISMO

     O Classicismo português, que se desenvolve a partir do século XVI, com a vinda de Sá de Miranda da Itália (1527), é também chamado de Quinhentismo. Nesse período, porém, ainda não existia no Brasil nenhuma produção literária característica, pois, apesar de sua descoberta em 1500, em pleno Renascimento, a terra não foi explorada de imediato pelos portugueses. 
     No século XVI, na Europa, havia basicamente duas preocupações: 
_ o lucro decorrente da exploração das novas terras recém-descobertas; 
_ o movimento de reconquista espiritual da Contra-Reforma, na tentativa de a Igreja recuperar seus adeptos convertidos ao protestantismo. 
     Essas duas preocupações fizeram com que o início da literatura no Brasil atendesse ao aspecto informativo, levando a Portugal a boa notícia das riquezas da terra, e ao aspecto doutrinário, através dos textos produzidos pelos jesuítas com o objetivo de catequizar os índios e, com isso, aumentar o número de fiéis ao catolicismo. 

Textos de informação 
     Algum tempo depois do descobrimento do Brasil, Portugal começou a tomar interesse pela nova terra, mandando para cá expedições colonizadoras. Cabia a essas expedições da informes de tudo o que aqui houvesse. Viajantes e missionários europeus, que aqui estiveram, preocuparam-se não só em registrar acontecimentos, mas também dar informações sobre a fauna e a flora da terra descoberta e sobre os nativos.
     Esses relatos, embora não sejam propriamente literários, tem um valor inestimável como documentação, como testemunhos dos primeiros tempos do Brasil-colônia. O primeiro autor da chamada literatura dos viajantes foi Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral. Ele foi o autor da carta escrita no dia 1º de maio de 1500, endereçada ao rei D. Manuel. Nessa carta, ele faz um relato detalhado do que viu na então chamada Ilha de Vera Cruz. Esse documento permaneceu inédito até 1817. 
 
Literatura jesuítica 
     Com a chegada dos primeiros colonizadores vieram também os jesuítas, que eram encarregados da catequese dos gentios. Consideram-se como informativa dos jesuítas as obras dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Nóbrega relata os acontecimentos relativos à sua chegada ao Brasil. Seus escritos têm um inestimável valor como documento psicológico e histórico.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ruth Rocha

        Escritora paulista, nascida em 2 de março de 1931. Filha dos cariocas Álvaro de Faria Machado, médico, e Esther de Sampaio Machado, tem quatro irmãos, Rilda, Álvaro, Eliana e Alexandre.
        Durante 15 anos (de 1956 a 1972) foi orientadora educacional do Colégio Rio Branco, onde pôde conviver com os conflitos e as difíceis vivências infantis e com as mudanças do seu tempo. A liberação da mulher, as questões afetivas e de auto-estima foram sedimentando-se em sua formação.
        Uma das maiores escritoras de literatura infantil do país, com 130 livros publicados e 10 milhões de exemplares vendidos, sendo 2 milhões no exterior. Ruth Machado Louzada Rocha nasce na capital paulista em uma família de classe média, forma-se na Escola de Sociologia e Política de São Paulo em 1953 e começa a trabalhar como orientadora educacional no Colégio Rio Branco.
        Em 1965 escreve artigos sobre educação para a revista Claudia. Dois anos depois assume a orientação pedagógica da revista Recreio, na qual publica seu primeiro conto, Romeu e Julieta, em 1969.        
        Deixa a Editora Abril no mesmo ano e inicia prolífera produção literária, inspirada na filha, Mariana. Marcelo, Marmelo, Martelo (1976) vende 1 milhão de exemplares.
        De 1973 a 1981, volta a dirigir publicações infantis da Editora Abril, participa das coleções Conte um Conto, Beija-Flor e Histórias de Recreio e lança O Reizinho Mandão (1978). Em 1989 é escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para assinar a versão infantil da Declaração Universal dos Direitos Humanos, intitulada Iguais e Livres, publicada em nove línguas. 
     Em 1990 assina a declaração da ONU sobre ecologia para crianças, Azul e Lindo - Planeta Terra, Nossa Casa. Em 1995 lança o Dicionário Ruth Rocha. É autora da série didática Escrever e Criar... É Só Começar, prêmio Jabuti de melhor obra didática em 1997. Em 1999 finaliza a versão infanto-juvenil de Odisséia, de Homero.
        Em 2002 ganhou o prêmio Moinho Santista de Literatura Infantil, da Fundação Bunge. Também nesse ano foi escolhida como membro do PEN CLUB – Associação Mundial de Escritores no Rio de Janeiro.
        É membro da Academia Paulista de Letras desde 25 de outubro de 2007, ocupando a cadeira 38.
        Seu livro mais conhecido é “Marcelo, Marmelo, Martelo”, que já vendeu mais de 1 milhão de cópias.

JOSÉ DE ALENCAR

     O escritor brasileiro José de Alencar nasceu no Ceará, região nordeste do Brasil, no ano de 1829. Antes de iniciar sua vida literária, atuou como advogado, jornalista, deputado e ministro da justiça. Aos 26 anos publicou sua primeira obra: “Cinco Minutos”. Podemos considerar Alencar como o precursor do romantismo no Brasil dentro das quatro características: indianista, psicológico, regional e histórico. 
     Este autor brasileiro utilizou como tema o índio e o sertão do Brasil e, ao contrário de outros romancistas de sua época que escreviam com se vivessem em Portugal, Alencar valorizava a língua falada no Brasil. Escritor de obras com estilos variados, este escritor cearense criou romances que abordam o cotidiano. Deste estilo literário, também conhecido como romance de costumes, destacam-se os livros: Diva, Lucíola e A Viuvinha. Foram também de sua autoria os romances regionalistas: O Sertanejo, O Tronco do Ipê, O Gaúcho e Til. 
     Dos romances históricos fazem parte: As Minas de Prata e A Guerra dos Mascates. No romance indianista de José de Alencar, o índio é visto em três etapas diferentes: antes de ter contato com o branco, em Ubirajara; um branco convivendo no meio indígena, em Iracema e o índio no cotidiano do homem branco, em O Guarani. É dentro do estilo indianista do escritor José de Alencar que está sua obra mais importante: Iracema. 
     Outra obra também considerada de grande valor literário é O Guarani, pois aborda os aspectos da formação nacional brasileira. Apesar de ser mais conhecido por suas obras literárias, o escritor brasileiro José de Alencar fez também algumas peças de teatro: Nas Asas de um Anjo, Mãe, O Demônio Familiar. Faleceu aos 48 anos, em 1877, deixando inúmeras obras que fazem sucesso até os dias atuais.


MACHADO DE ASSIS

     (Rio de Janeiro – RJ, 1839 – 1908) Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro a 21 de junho de 1839 e aí morreu a 29 de setembro de 1908. Começa a vida como sacristão, aprendendo as primeiras letras com um padre. É obrigado a trabalhar desde a infância, como aprendiz de tipógrafo e mais tarde como revisor. Torna-se, mais tarde, ajudante de direção do Diário Oficial. Em 1873, entra para o Ministério da Agricultura, onde trabalha até a aposentadoria, poucos anos antes de sua morte. 
     Machado de Assis, descendente de família humilde, foi um autodidata, isto é, tudo o que aprendeu foi por si mesmo e pelo seu próprio esforço. Viveu numa época em que o Brasil estava sob o regime monárquico escravocrata. D. Pedro II era, então, o imperador do nosso país. Por esse monarca ser grande apreciador da arte literária e por reconhecer o valor intelectual do escritor, Machado de Assis consegue uma privilegiada posição social. Torna-se um grande e renomado romancista: pela originalidade e agudeza na concepção da vida; pela profunda análise dos sentimentos; pela extraordinária capacidade em caracterizar as personagens; pelo estilo sóbrio e conciso; pela linguagem adequada a cada gênero literário. 
     Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (1897), foi aclamado seu primeiro presidente, posição que ocupou até sua morte(1908). Cultivou quase todos os gêneros literários, mas destacou-se como ficcionista. Inicia sua fase realista, demonstrando um estilo perfeito, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Esse romance apareceu, inicialmente, em folhetins, na Revista Brasileira do Rio de Janeiro, em 1880. Didaticamente falando, essa obra é considerada o marco inicial do Realismo no Brasil. 

A poesia machadiana 
     A obra poética de Machado de Assis divide-se em duas fases: a romântica, que sofre forte influência de Gonçalves Dias, e a mais próxima ao Parnasianismo, que apresenta temas semelhantes aos de Raimundo Correia e Olavo Bilac. Na primeira fase, as poesias de Machado de Assis apresentam as seguintes características: subjetividade, emoção, lirismo, forte sentimento nacionalista. Pertencem a esta fase as seguintes obras: Crisálidas (1864), Falenas (1870) e Americanas (1875). 
     Na segunda fase, as poesias machadianas apresentam as seguintes tendências: a) preocupação formal com a métrica e a rima e apuro na linguagem; b) exaltação ao conceito de “arte pela arte”; Os temas são semelhantes aos de Raimundo Correia e Olavo Bilac: pessimismo e reflexão filosófica. Seu último livro de poesia, Ocidentais (1901), reúne alguns dos seus melhores poemas: Círculo vicioso, Mundo interior, Soneto de Natal, Uma criatura, Perguntas sem respostas. 

A prosa machadiana 
     Está dividida também em duas fases: 
1ª fase: Nesta primeira fase, Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia são romances que ainda revelam características românticas, embora apresentem traços de estudo de caracteres. Machado de Assis coloca-se entre os romancistas que se preocuparam com o modus vivendi do carioca e com o cenário do Rio de Janeiro. É um mestre na arte de analisar profundamente o ser humano.

2ª fase: Pertencem à fase realista as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires. Estes romances têm as seguintes características: 
a) acentuada preocupação com o estudo dos caracteres; o gosto pela análise e investigação dos motivos do comportamento humano; suas fraquezas: egoísmo, falsidade, luxúria, vaidade, hipocrisia, orgulho; 
b) visão profunda da realidade interior e do seu aspecto moral; 
c) nessas obras, o autor deixa transparecer seu pessimismo, sua ironia amarga, certo humorismo; 
d) percebem-se algumas interrupções na ordem linear das narrativas. Nesta fase, acentua-se o gosto pelos monólogos interiores. 

Principais obras da prosa realista machadiana
     Memórias Póstumas de Brás Cuba, obra inaugural do Realismo no Brasil, revolucionara a literatura da época por dois motivos básicos: quanto ao conteúdo, analisa o ser humano de forma profunda, mostrando-o em todos os seus aspectos, de forma real e crua; quanto à forma, rompe com a ordem cronológica tradicional, abandonando a linearidade. Nesta obra, Machado de Assis mostra a autobiografia de Brás Cuba, um “defunto-autor”, que evoca e repensa sua existência de além-túmulo, seus amores, seu egoísmo e suas ambições. 
     Outra obra-prima do romance realista é Dom Casmurro. Esta narrativa em primeira pessoa propõe-se a “atar as duas pontas da vida” de Bentinho, que é o próprio narrador. Retomando os fatos de sua vida, Bentinho analisa seu casamento com Capitu e a dúvida que corroeu o relacionamento: sua esposa tê-lo-ia traído com seu melhor amigo? 
     O romance Quincas Borbas, narrado em terceira pessoa, mostra a trajetória de Rubião, um professor mineiro que recebe uma herança, devendo, em troca, cuidar de um cão chamado Quincas Borba. Com o dinheiro, Rubião vai para o Rio de Janeiro, onde pensa ter ascendido socialmente, mas na verdade é aceito pela sociedade carioca com restrições e sarcasmo, apenas por causa de sua riqueza. Descontrolado, acaba gastando toda a fortuna, enlouquece e volta para sua terra, onde morre. Nesta obra, Machado de Assis expõe a teoria filosófica do Humanitismo, segundo a qual a guerra é um mecanismo de sobrevivência da raça humana. 
     Memorial de Aires é uma espécie de romance-diário, narrado em primeira pessoa. Nele, o autor relata fatos ligados à vida de pessoas de sua relação: o casal de velhos, Aguiar e Dona Carmo, Tristão, a viúva Fidélia e a mana Rita. A velhice é um dos temas desse romance; o autor sonda a alma dos velhos, no intuito de ver como encaram a vida e o casamento. 

domingo, 15 de janeiro de 2012

O PARNASIANISMO

Introdução 
     Parnasse (em português, Parnaso e daí Parnasianismo) origina-se de Parnassus (região montanhosa da Grécia). Segundo a lenda, aí morava os poetas. O Parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético. A poesia parnasiana volta-se para um mundo onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da “arte pela arte”. 

Origem 
     Os franceses, primeiros parnasianos, buscaram o ideal da perfeição clássica na Grécia antiga. A revista Parnasse Contemporain foi publicada numa época em que a revolução industrial e o crescimento urbano haviam superado as revoluções liberais da fase romântica. A França teve quatro grandes poetas parnasianos: Théofile Gautier, o “poeta de cores e contornos”, preocupa-se em praticar a arte pela arte; Théodore de Banville, em seu Tratado de Poesia Francesa, apresenta alguns ritmos da poesia francesa; Charles Baudelaire, escreve Flores do Mal (1857), onde repudia tudo que seja vulgar; Leconte de Lisle, para quem a poesia foi uma espécie de religião; fez poesia erudita, épica e filosófica. 

Características 
     Retorno a tradição clássica; Poemas descritivos; Reação contra o ultra-romantismo muito em voga em meados do século XIX; abandono do sentimentalismo romântico; preferência por temas universais; Tom comedido na descrição de sentimentos pessoais; Temas objetivos baseados na natureza e na história; ânsia por tudo aquilo que é exterior e particularizado: vasos gregos, orgias gregas, bacanais latinos, velhos alfarrábios, cenas de batalhas, etc. Os parnasianos revelam em seus poemas o gosto pelo exótico, pela raridade; observa-se o uso de rimas ricas e raras, métrica rigorosa e preferência pelas formas fixas; a poesia é como um trabalho de ourives. O Parnasianismo tem como principal objetivo a elaboração de textos bem burilados que levem à beleza absoluta, à perfeição formal.  A arte pela arte, isto é, a poesia volta-se para o belo; há acentuado desprezo por temas vulgares. 
O PARNASIANISMO NO BRASIL 
Panorama histórico 
     Grandes acontecimentos históricos marcam a geração do parnasianos brasileiros. A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte, houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República. A transição do século XIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso material. 
     Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. Um ano após a Proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo “Marechal de Ferro”, Floriano Peixoto. Precursores Floresceu o Parnasianismo no Brasil entre 1870 e 1880, sob a influência da poesia francesa e sob a influência da Questão Coimbrã. Foram precursores do Parnasianismo brasileiro: Luís Guimarães Júnior: Sonetos e Rimas (1880); Afonso Celso: Telas Sonantes (1876); Sílvio Romero: Cantos do Fim do Século (1878); Martins Júnior: Estilhaços (1879), Visões de Hoje (1881); Machado de Assis: Ocidentais (1880); Teófilo Dias: Fanfarras (1882). 


POETAS DO PARNASIANISMO BRASILEIRO 

     Olavo Bilac (Rio de Janeiro- RJ, 1865-1918) Olavo Bilac publica, em 1888, Poesias, quando o Parnasianismo brasileiro já estava definido como um novo estilo, graças ao trabalho de Raimundo Correia e de Adalberto de Oliveira. Olavo Bilac, o mais talentoso dos três, no prefácio de seu livro de estréia, sintetiza os princípios da “nova escola” no poema Profissão de fé. Olavo Bilac dedica-se à poesia e ao jornalismo, contra a vontade do pai que o queria médico. Rompe definitivamente com seu pai por ter um espírito boêmio e inconstante. Foi jornalista, poeta, crítico, orador.
     Fez inúmeras viagens e, estando em Paris, a revista Fon-Fon cognominou-o “príncipe dos poetas brasileiros”. O presidente Wenceslau Brás, preocupado com a Primeira Grande Guerra, na Europa, em 1914, conta com o prestígio de Bilac junto à mocidade brasileira, na propaganda da obrigatoriedade do serviço militar. Bilac faz, então, conferências, pregando o patriotismo. Foi o autor da letra do Hino à Bandeira, musicada pelo maestro Francisco Braga. O seu livro Poesias contém três partes distintas:
_ Panóplias: poemas onde há:
a) predomínio das descrições ornamentais;
b) referência à cultura greco-latina; Via-láctea: trinta e cinco sonetos impregnados de um lirismo amoroso platônico; Sarças de fogo: poemas eróticos e satíricos.
    Tarde, seu livro póstumo, contém admiráveis sonetos, diferentes dos de Via-láctea; comparáveis aos de Camões e de Antero de Quental, quer pela beleza formal, quer pelo conteúdo.

Características da obra de Olavo Bilac

     Sensualidade e platonismo alternam-se em seus poemas líricos; Formalismo; Utilização de temas greco-romanos, principalmente da mitologia; Uso freqüente da natureza; Exaltação da pátria; Didatismo sobre temas como trabalho, pátria, família, etc.

Antonio Mariano Alberto de Oliveira (Saquarema – RJ, 1859 – Niterói – RJ, 1937) Diploma-se em farmácia; inicia, mas não conclui o curso de Medicina. Ao lado de Machado de Assis, faz parte ativa na Fundação da Academia Brasileira de Letras. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Elegem-no “príncipe dos poetas brasileiros” num concurso promovido pela revista Fon-Fon, para substituir o lugar deixado por Olavo Bilac. Alberto de Oliveira foi coerente aos princípios formais da nova corrente literária. Seu livro de estréia, Canções Românticas (1878), já apresenta características renovadoras.
     Publica, em 1885, Sonetos e Poemas. Publica, ainda, Meridionais (1884), que, segundo Péricles Eugênio, é “o livro mais equilibrado do mestre parnasiano”. Características da poesia de Alberto de Oliveira Objetividade; Impassibilidade e correção técnica; Excessiva preocupação formal; Sintaxe rebuscada; Fuga ao sentimental e ao piegas; apreciador da leitura clássica, conhecedor da língua e da versificação, é considerado por muitos como o mais perfeito dos parnasianos.

Raimundo da Mota de Azevedo Correia (Costas do Maranhão – MA, 1859 – Paris-França, 1911) Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira. Quando secretário da legação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia (1898). De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, Raimundo Correia retorna à Europa, vindo a falecer em Paris. Raimundo Correia publica Primeiros Sonhos, com vinte anos de idade. 
     Nessa época, os ânimos de poetas vinculados ao Romantismo e adeptos da “poesia nova” mostram-se acesos na chamada Batalha do Parnaso, reflexo da Questão Coimbrã. Raimundo Correia, aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, empolga-se pela vida acadêmica, surgindo nele um ardente sentimento de liberalismo a ponto de declamar em praça pública poemas de Antero de Quental. Entusiasmado pelas novas idéias, escreve Sinfonias (1883) – obra de considerável importância para a cristalização da estética parnasiana na literatura brasileira. Em 1887, escreve Versos e Versões e, em 1891, publica Aleluias, poesia com tons levemente religiosos e metafísicos. 
 
Vicente Augusto de Carvalho (Santos – SP, 1866 – São Paulo – SP, 1924) Poeta e magistrado brasileiro, formou-se, em 1886, pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Nessa época era um ardente abolicionista e republicano. Publicou: Ardentias (1885) – primeira coletânea de versos; Relicário (1888) – poemas líricos. Sua melhor obra foi Poemas e Canções (1908), prefaciada por Euclides da Cunha - coleção de poesias esparsas, compostas ao longo de vinte anos, inclusive Rosa, Rosa de Amor, um dos mais inspirados poemas líricos. Vicente de Carvalho é parnasiano pela escolha de temas objetivos, entre eles um épico: Fugindo ao Cativeiro. Em 1909 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu ainda: Páginas Soltas (1911) – prosas literárias; Luizinha (1918) – peça teatral. Deixou fragmentos do poema Fausto.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O ROMANTISMO EM PORTUGAL

     Com a independência econômica do Brasil, a burguesia portuguesa, que enriquecia com as exportações protegidas pro baixas taxas alfandegárias, passa a enfrentar uma grave crise. Tentando retomar esse processo de enriquecimento, a burguesia volta-se contra os bens remanescentes da nobreza e do clero feudais, criando leis que lhe permitiam ter acesso a extensões de terra na zona rural. Apesar disso, a burguesia vê-se em dificuldades em relação à venda dos bens produzidos, visto que a grande massa de camponeses não pode adquirir nada, vivendo em extrema pobreza. Não existia ainda, em Portugal, o proletariado industrial. O poder dividia-se em dois partidos: o dos proprietários rurais, desejosos de medidas protecionistas que barateassem o crédito, e o da pequena burguesia industrial, voltada para os centros urbanos, onde se inicia um pequeno surto fabril. 

Origem e fases do Romantismo Português 
     O Romantismo foi introduzido em Portugal por Almeida Garret, com a publicação, em 1825, do poema Camões, obra que, apesar de não representar fielmente os ideais românticos, traz consigo algumas características deste movimento literário. O movimento romântico teve uma duração de quarenta anos. Didaticamente, costuma-se dividi-lo em três fase: 
a) 1ª fase (de 1825 a 1838): momento, ainda, em que atuam os valores neoclássicos. São representantes dessa fase Almeida Garret, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho.
b) 2ª fase (de 1838 a 1860): há, então, a incorporação do chamado movimento ultra-romântico. Camilo Castelo Branco é seu principal representante. c) 3ª fase (de 1860 a 1865): fase de transição para o Realismo. Tem como representantes Júlio Dinis e João de Deus. 
 
Características do Romantismo Português 
     Além das características gerais (individualismo e subjetivismo, ânsia de liberdade, culto da natureza, idealização da mulher, insatisfação ou “mal do século”, etc.), convém destacar que o Romantismo português caracteriza-se por um retorno ao passado. Influenciados pela obra Ivanhoé, de Walter Scott, que relata as aventuras de um cavaleiro andante, no tempo das Cruzadas, os escritores portugueses procuram ambientar seus romances na Idade Média, tentando recuperar ideais de hora e coragem. 
     Esta tendência dá forte cunho nacionalista às obras do Romantismo português, pois ao evocar o passado, exalta-se a Pátria, cultuam-se as tradições lusitanas. Trata-se da evocação saudosista de um passado de glórias, em que Portugal expulsava os mouros de suas terras e afirmava-se como nação. Surgem, então, os romances históricos, os poemas inspirados no cenário da Idade Média.


O TEATRO ROMÂNTICO

Introdução 
     Além da poesia e da ficção, obras do gênero dramático também foram produzidas no Romantismo. O teatro romântico define-se apoiado na tradição clássica do teatro de Shakespeare, no drama burguês e no teatro tradicional de algumas literaturas. No Romantismo, há o rompimento da lei das três unidades do teatro clássico (tempo, espaço, ação); passa-se do verso à prosa. Com a transformação do teatro clássico, concebe-se um teatro moderno para os problemas humanos, morais, sociais da época. As peças apresentam multiplicidade de circunstâncias e de personagens. Com a vinda da família real para o Brasil (1808) é que nasce rigorosamente o teatro nacional. 
     Gonçalves de Magalhães e o ato João Caetano dos Santos são considerados os introdutores do teatro brasileiro. Gonçalves de Magalhães escreve, em 1838, a primeira peça romântica no Brasil: Antonio José ou o Poeta e a Inquisição. A peça Leonor de Mendonça, em três atos, escrita em prosa por Gonçalves Dias, revela a consciência do drama moderno. José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo são exemplos significativos da missão reformadora do teatro romântico. 
     Em 1855, o teatro brasileiro passa por uma renovação: “os dramalhões e as comédias são substituídos pelos chamados dramas de casaca, teatro da atualidade, de tese social e de análise psicológica, transição para o teatro realista”, conforme diz Soares Amora.

 
Principais Autores do Teatro Românticos 
 
LUÍS CARLOS MARTINS PENA (Rio de Janeiro-RJ, 1815 – Lisboa-Portugal, 1848) Martins Pena estuda comércio e artes, pintura e música. Dedica-se mais tarde, com êxito, ao estudo das línguas européias. Ingressa na carreira diplomática, indo servir junto à legação brasileira em Londres. Com a saúde abalada, tenta voltar para o Brasil, mas falece repentinamente em Lisboa com apenas trinta e três anos. 
     Martins Pena escreve apenas teatro, sua verdadeira paixão, deixando-nos vinte e oito peças; nem todas, porém, impressas durante a vida do autor. É o expoente máximo do teatro romântico brasileiro, o mais importante comediógrafo da época. Deixa várias comédias de costumes. Sua linguagem é simples; utiliza disfarces e caricaturas, retratando a sociedade brasileira dos meados do século XIX. A sua estréia se dá em 1838 com a peça O Juiz de Paz da Roça. Escreve ainda outras peças: A Família e a Festa da Roça (1842); O Judas em Sábado de Aleluia (1846); O Caixeiro da Taverna (1847); Quem Casa Quer Casa (1847); O Noviço (1853).


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A PROSA ROMÂNTICA NO BRASIL

Os jornais e a literatura 
     
     O Romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas, sociais e artísticas. Esse movimento encontra, no Brasil, um clima propício ao seu desenvolvimento. O público leitor, representado por pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de entretenimento.
     O objetivo dos primeiros jornais, no século XIX, é expandir a cultura entre os leitores médios. O jornalismo literário conta com vários adeptos. Os romances de folhetim, de crítica literária, de crônicas passam, então, a ser cultivados. Surgem cronistas importantes, entre eles José de Alencar. Dos seus folhetins, Ao Correr da Pena (1851-1855), sairão mais tarde romances urbanos como Senhora, Sonhos D'ouro, pautados em observações do autor sobre a sociedade do tempo. 
     França Junior – o mais prestigiado cronista da época – publica seus folhetins nos jornais O Globo Ilustrado, O País, O Correio Mercantil. É preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções livres, resumos de romance e narrativas populares da cultura estrangeira contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero literário.
     A prosa ficcional A ficção (romance, novela e contos) se inclui entre os gêneros literários preferidos pelo Romantismo. Com o estabelecimento da corte imperial no Brasil e com o crescente desenvolvimento de alguns núcleos urbanos, o público jovem começa a tomar um certo interesse pela literatura. É do agrado desse público leitor o romance que tenha uma história sentimental, com algum suspense e um desfecho feliz.
     O romance romântico no Brasil tem como características marcante o nacionalismo literário. Entende-se por nacionalismo a tendência em escrever sobre coisas locais: lugares, cenas, fotos, costumes brasileiros. Essa tendência contribuiu para a naturalização da literatura portuguesa no Brasil. O romance foi uma forma verdadeira de pesquisar, descobrir e valorizar um país novo.
     Nesse período do Romantismo brasileiro, a imaginação e a observação dos ficcionistas alargaram o horizonte da terra e do homem brasileiro. Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, Franklin Távora foram os expoentes máximos da ficção romântica no Brasil. A narrativa, no romance romântico, é feita em terceira pessoa. Tanto na poesia, como na ficção (exceto no teatro) a linguagem está impregnada de elementos plásticos e sonoros, de imagens e comparações; a linguagem é descritiva.
     O Romantismo no Brasil é considerado um marco importante na história da literatura brasileira, porque coincide com o momento decisivo de definição da nacionalidade, que visa a valorizar e reconhecer o passado histórico. Classificação do romance romântico brasileiro É possível agrupar os romances românticos do Brasil a partir da temática de cada um deles. Formam-se inicialmente dois grandes grupos, abordando diferentemente a corte e a província, a partir dos quais podem ser feitas algumas subdivisões:

a) Corte: urbano. Autores: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida.
b) Província: Regionalista – autores: José de Alencar, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora. Histórico – autores: José de Alencar, Visconde de Taunay. Indianista – autores: José de Alencar.

Romance urbano

     Ambientado na corte, o romance urbano caracteriza-se pela crônica de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico, visto que a sociedade brasileira, ainda pouco urbanizada, não propicia análises de suas relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao campo, etc. alternam-se com complicações de caráter social e moral, como casamentos, namoros, bisbilhotices, etc.
     São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de umSargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar.

Romance regionalista

     O ambiente rústico, rural é focalizado. A atração pelo pitoresco leva o escrito romântico a pôr em evidência tipos humanos que vivem afastados do meio citadino. Isso observamos nos livros: O Cabeleira, de Franklin Távora; O Sertanejo, de José de Alencar; O Garimpeiro, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Inocência, de Visconde de Taunay.

Romance histórico

     Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”; revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi.

Romance indianista

     O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a transformação das personagens em heróis, que apresentam traços do caráter do bom selvagem: valentia, nobreza, brio. Essa tendência do romance romântico encontramos nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar.

sábado, 24 de dezembro de 2011

ARCADISMO

 
     O Arcadismo (termo derivado de Arcádia – região da Grécia onde pastores e poetas se dedicavam ao pastoreio e à poesia; viviam em perfeita harmonia com a natureza), também chamado de Neoclassicismo ou Setecentrismo, foi o estilo de época que sucedeu ao Barroco, nos fins do século XVIII. Por extensão, o Arcadismo passou a designar espécies de academias onde se reuniam poetas, estudantes e eruditos. A primeira Arcádia de que se tem notícia foi fundada em 1690, na Itália, por amigos da rainha Cristina, ex-soberana da Suécia.
Essa rainha, que abdicara do trono sueco, costumava reunir seus amigos para discutir problemas ou ler trabalhos literários e científicos. Após sua morte, os freqüentadores de seus salões decidem fundar uma Arcádia, para manterem as reuniões. Os integrantes da agremiação, denominados pastores, adotavam pseudônimos de origem grega ou latina.

Panomara histórico europeu
     No século XVIII, o povo europeu encontra, na França, o modelo de renovação cultural. O Iluminismo francês espalha-se por toda a Europa e atinge Portugal, transformando o século XVIII no Século das Luzes (período histórico-filosófico, nitidamente racionalista). O Iluminismo caracteriza-se pela confiança no poder da razão e na possibilidade de se reorganizar radicalmente a sociedade.
     As idéias religiosas são combatidas por essa onda de racionalismo. O Marquês de Pombal, ministro de D. José I, leva o bom termo a renovação cultural e o progresso de Portugal. São expulsos do país os jesuítas, e o ensino, até então religioso, passa a ser leigo. A cultura jesuítica dá lugar ao Neoclassicismo.

Panorama histórico brasileiro
     A sociedade brasileira passa por grandes mudanças. Com a crise da lavoura açucareira (no Nordeste) e com a descoberta de minas de ouro e pedras preciosas, a economia do Brasil centraliza-se na região de Minas Gerais (onde há a extração do minério) e no Rio de Janeiro, capital da Colônia.
     É em Vila Rica que ocorrem acontecimentos de significativa importância: a mineração, a Inconfidência Mineira. Por ocasião, forma-se um grupo de escritores na região (o chamado grupo mineiro).
     Os poetas, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga participam da Conjuração Mineira. Circulam, por essa época, manuscritos anônimos das Cartas Chilenas – sátira violenta contra os desmandos e prepotência da administração portuguesa no Brasil. Cada lugar possui uma maneira particular de sentir e expressar a realidade.
     A literatura é a manifestação real da cultura de um povo. A simplicidade natural da poesia árcade européia encontra, no Brasil, ambiente propício à exteriorização do sentimento do poeta: apego aos valores nacionais. O nativismo é o nome dado a esse sentimento. O poeta árcade encontra no tipo de vida em contato com natureza o ideal: a vida pastorial. Por isso, os escritores têm pseudônimos: Cláudio Manuel da Costa é o Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é o Dirceu. O “fingimento poético” é que dá verossimilhança às poesias bucólicas dos árcades. Embora conservem as características do Arcadismo europeu, os árcades mineiros utilizam aspectos da natureza brasileira como tema de suas poesias.

 
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO


      O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero barroco, que havia alcançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por considerarem ser este o período de maior equilíbrio e pureza.

     Há três princípios latinos básicos para a compreensão desse estilo de época: a) Carpe diem (aproveita o dia): máxima proposta pelo poeta latino Horácio. Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto que o tempo passa rapidamente.
b) Inutilia truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante.
c) Fugere urbem (fugir da cidade): princípios de valorização da natureza, vista como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade, onde tudo é conflito.
A partir destes três princípios fundamentais o Arcadismo, é possível compreender as demais características do período:

1 – retomada da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza, usando a razão. O poeta apreende o sentido de perfeição expresso pela natureza e tenta reproduzi-lo ao escrever;
2 – respeito às teorias literárias dos antigos, utilizando as normas poéticas da Antiguidade;
3 – simplicidade na forma e no conteúdo dos poemas; versos curtos; ausência de rimas em alguns versos;
4 – bucolismo (exaltação da vida do campo, uso de cenários pastoris);
5 – presença da mitologia, num retorno aos valores clássicos;
6 – equilíbrio entre a razão e a fantasia, através de uma “disciplina literária” a ser estabelecida pelas Arcádias e seguida por seus membros;
7 – uso de palavras simples, de fácil entendimento, sem serem vulgares;
8 – desejo de dar à literatura uma função social, de caráter didático e doutrinário. A literatura deve ser acessível a todos;
9 – preocupação com a finalidade moral da literatura;
10 – desejo de mostrar uma realidade onde nada seja feio, idealizando-a.


O ARCADISMO EM PORTUGAL – BOCAGE

     O Arcadismo português vai desde 1756 (fundação da Arcádia Lusitana) até 1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, que marca o início do estilo de época seguinte – o Romantismo. O principal autor do Arcadismo em Portugal é Bocage, que apresenta também uma fase mais próxima do Romantismo.
     Manuel Maria Barbosa du Bocage, de origem francesa pelo lado materno, nasce em Setúbal, 1765, e falece em Lisboa, 1805. Muito cedo começa a escrever versos. Ingressa, em 1783, na Academia da Marinha, onde mantém contato com poetas e boêmios da época. Fixou-se em Lisboa, em 1790, ano que marca o início de sua atividade literária. Consegue renome, compondo uma elegia sobre a morte do filho do Marquês de Marialba. Nos últimos meses de sua vida, reconcilia-se com a religião e escreve os célebres sonetos: Meu ser evaporei na lida insana e Já Bocage não sou.
     Deixou-nos uma vasta obra – Rimas (1791 – 1804). Bocage é considerado o maior e o melhor poeta árcade da literatura portuguesa. Cultivou a poesia satírica, mas revelou-se um dos grandes sonetistas portugueses em suas composições líricas. Bocage adotou o pseudônimo de Elmano Sadino. Note que Elmano é o próprio nome Manuel, em forma de anagrama, e Sadino refere-se ao rio Sado, da cidade de Setúbal, onde nasceu o poeta.


O ARCADISMO NO BRASIL 

     Dentre os autores que se dedicaram ao Arcadismo no Brasil, podemos citar Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga, Frei José de Santa Rita Durão, Basílio da Gama, entre outros. Vejamos os principais: 
_ Cláudio Manuel da Costa (Mariana-MG, 1729 – Vila Rica-MG, 1789) Adotou o pseudônimo de Glauco Satúrnio. Formado em Direito pela Faculdade de Coimbra, foi um dos participantes da Inconfidência Mineira e condenado à forca, em 1789. Foi um dos fundadores da Arcádia Ultramarina e publicou o livro Obras, que reúne suas poesias líricas. A forma preferida por ele, em seus poemas, era o soneto. Escreveu também um poema épico – Vila Rica – de grande valor histórico por relatar a vida gerada em torno da atividade da mineração. 
_ Tomás Antônio Gonzaga (Porto-Portugal, 1744 – Moçambique, 1810) Sob o pseudônimo de Dirceu, escreveu poesias líricas, nas quais fala de seus sentimentos amorosos por Marília – pseudônimo de Maria Dorotéia deSeixas. Também envolveu-se na conspiração mineira e, por isso, foi exilado; em Moçambique, casou-se com outra mulher. 
_ Basílio da Gama (Tiradentes-MG, 1741 – Lisboa-Portugal, 1795) Basílio da Gama compôs poemas líricos, mas tornou-se famoso por O Uruguai, poema épico em cinco cantos. Nele encontramos as mesmas partes de Os Lusíadas, de Camões: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, embora não haja uma seqüência rígida. Em O Uruguai, Basílio da Gama retrata a luta travada entre portugueses e espanhóis contra indígenas das missões dos Sete Povos do Uruguai, instigados pelos jesuítas. 
     Nesse poema, percebe-se que a intenção do poeta é política; Basílio da Gama pretende criticar a ação dos jesuítas, elevar o aspecto humano dos silvícolas e agradar ao Marquês de Pombal. Entre os guerreiros indígenas estão Cepé e Cacambo, a feiticeira Tanajura e Lindóia. No cenário, destaca-se a paisagem brasileira. O episódio mais conhecido de O Uruguai é o que a heroína Lindóia, sabendo da morte de seu marido Cacambo e, para fugir à desonra de ter de casar-se com um inimigo, suicida-se, deixando-se picar por uma serpente venenosa.
_ Santa Rita Durão (Cata-Preta-MG, 1722 – Lisboa-Portugal, 1784) Frei José de Santa Rita Durão segue fielmente o modelo camoniano. Seu poema épico Caramuru, em dez cantos, apresenta as cinco partes da epopéia tradicional: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. Caramuru é publicado em 1781, na cidade de Lisboa. O assunto do poema gira em torno da lenda do náufrago português Diogo Álvares Correia, no Recôncavo baiano. Santa Rida Durão, tanto quanto Basílio da Gama, expressa no seu poema Caramuru apego à terra brasileira, simpatia pelo povo nativo. Moema morre por amor, como Lindóia.

Oportunidade

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