quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MACHADO DE ASSIS

     (Rio de Janeiro – RJ, 1839 – 1908) Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro a 21 de junho de 1839 e aí morreu a 29 de setembro de 1908. Começa a vida como sacristão, aprendendo as primeiras letras com um padre. É obrigado a trabalhar desde a infância, como aprendiz de tipógrafo e mais tarde como revisor. Torna-se, mais tarde, ajudante de direção do Diário Oficial. Em 1873, entra para o Ministério da Agricultura, onde trabalha até a aposentadoria, poucos anos antes de sua morte. 
     Machado de Assis, descendente de família humilde, foi um autodidata, isto é, tudo o que aprendeu foi por si mesmo e pelo seu próprio esforço. Viveu numa época em que o Brasil estava sob o regime monárquico escravocrata. D. Pedro II era, então, o imperador do nosso país. Por esse monarca ser grande apreciador da arte literária e por reconhecer o valor intelectual do escritor, Machado de Assis consegue uma privilegiada posição social. Torna-se um grande e renomado romancista: pela originalidade e agudeza na concepção da vida; pela profunda análise dos sentimentos; pela extraordinária capacidade em caracterizar as personagens; pelo estilo sóbrio e conciso; pela linguagem adequada a cada gênero literário. 
     Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (1897), foi aclamado seu primeiro presidente, posição que ocupou até sua morte(1908). Cultivou quase todos os gêneros literários, mas destacou-se como ficcionista. Inicia sua fase realista, demonstrando um estilo perfeito, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Esse romance apareceu, inicialmente, em folhetins, na Revista Brasileira do Rio de Janeiro, em 1880. Didaticamente falando, essa obra é considerada o marco inicial do Realismo no Brasil. 

A poesia machadiana 
     A obra poética de Machado de Assis divide-se em duas fases: a romântica, que sofre forte influência de Gonçalves Dias, e a mais próxima ao Parnasianismo, que apresenta temas semelhantes aos de Raimundo Correia e Olavo Bilac. Na primeira fase, as poesias de Machado de Assis apresentam as seguintes características: subjetividade, emoção, lirismo, forte sentimento nacionalista. Pertencem a esta fase as seguintes obras: Crisálidas (1864), Falenas (1870) e Americanas (1875). 
     Na segunda fase, as poesias machadianas apresentam as seguintes tendências: a) preocupação formal com a métrica e a rima e apuro na linguagem; b) exaltação ao conceito de “arte pela arte”; Os temas são semelhantes aos de Raimundo Correia e Olavo Bilac: pessimismo e reflexão filosófica. Seu último livro de poesia, Ocidentais (1901), reúne alguns dos seus melhores poemas: Círculo vicioso, Mundo interior, Soneto de Natal, Uma criatura, Perguntas sem respostas. 

A prosa machadiana 
     Está dividida também em duas fases: 
1ª fase: Nesta primeira fase, Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia são romances que ainda revelam características românticas, embora apresentem traços de estudo de caracteres. Machado de Assis coloca-se entre os romancistas que se preocuparam com o modus vivendi do carioca e com o cenário do Rio de Janeiro. É um mestre na arte de analisar profundamente o ser humano.

2ª fase: Pertencem à fase realista as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires. Estes romances têm as seguintes características: 
a) acentuada preocupação com o estudo dos caracteres; o gosto pela análise e investigação dos motivos do comportamento humano; suas fraquezas: egoísmo, falsidade, luxúria, vaidade, hipocrisia, orgulho; 
b) visão profunda da realidade interior e do seu aspecto moral; 
c) nessas obras, o autor deixa transparecer seu pessimismo, sua ironia amarga, certo humorismo; 
d) percebem-se algumas interrupções na ordem linear das narrativas. Nesta fase, acentua-se o gosto pelos monólogos interiores. 

Principais obras da prosa realista machadiana
     Memórias Póstumas de Brás Cuba, obra inaugural do Realismo no Brasil, revolucionara a literatura da época por dois motivos básicos: quanto ao conteúdo, analisa o ser humano de forma profunda, mostrando-o em todos os seus aspectos, de forma real e crua; quanto à forma, rompe com a ordem cronológica tradicional, abandonando a linearidade. Nesta obra, Machado de Assis mostra a autobiografia de Brás Cuba, um “defunto-autor”, que evoca e repensa sua existência de além-túmulo, seus amores, seu egoísmo e suas ambições. 
     Outra obra-prima do romance realista é Dom Casmurro. Esta narrativa em primeira pessoa propõe-se a “atar as duas pontas da vida” de Bentinho, que é o próprio narrador. Retomando os fatos de sua vida, Bentinho analisa seu casamento com Capitu e a dúvida que corroeu o relacionamento: sua esposa tê-lo-ia traído com seu melhor amigo? 
     O romance Quincas Borbas, narrado em terceira pessoa, mostra a trajetória de Rubião, um professor mineiro que recebe uma herança, devendo, em troca, cuidar de um cão chamado Quincas Borba. Com o dinheiro, Rubião vai para o Rio de Janeiro, onde pensa ter ascendido socialmente, mas na verdade é aceito pela sociedade carioca com restrições e sarcasmo, apenas por causa de sua riqueza. Descontrolado, acaba gastando toda a fortuna, enlouquece e volta para sua terra, onde morre. Nesta obra, Machado de Assis expõe a teoria filosófica do Humanitismo, segundo a qual a guerra é um mecanismo de sobrevivência da raça humana. 
     Memorial de Aires é uma espécie de romance-diário, narrado em primeira pessoa. Nele, o autor relata fatos ligados à vida de pessoas de sua relação: o casal de velhos, Aguiar e Dona Carmo, Tristão, a viúva Fidélia e a mana Rita. A velhice é um dos temas desse romance; o autor sonda a alma dos velhos, no intuito de ver como encaram a vida e o casamento. 

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