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quarta-feira, 9 de março de 2011

TROVADORISMO

     As origens da literatura portuguesa remontam ao século XII, quando Portugal se constituiu como um país independente. Nessa época, com a unificação da linguagem de Portugal e Galiza, passou-se a utilizar a língua galego-portuguesa. Dois traços marcantes devem ser lembrados para uma visão da sociedade da época: o teocentrismo, no plano religioso, e o feudalismo, no plano político-econômico.
     Com o teocentrismo, isto é, a centralização da vida humana em Deus, expressava-se a intensa religiosidade, que acompanhou toda a luta dos portugueses empenhados na expulsão dos mouros da Península Ibérica.
     Com o feudalismo, os nobres que possuíssem feudos exerciam os poderes do governo por meio de um sistema de vassalagem, que era baseado numa espécie de contrato que implicava obrigações mútuas entre o senhor e o vassalo. Os vassalos obedeciam ao senhor e o serviam pela proteção e ajuda econômica que dele recebiam. Esse sistema de vassalagem refletiu-se na poesia trovadoresca, principalmente nas cantigas de amor, em que o trovador se colocava normalmente na condição de vassalo diante da dama.
     É uma cantiga de amor o primeiro documento literário português, datado de 1189 (ou 1198). Trata-se da “Cantiga da Ribeirinha” (ou “da Guarvaia”), do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. Esse poema assinala o início da época trovadoresca, que se estende até 1418, quando Fernão Lopes é nomeado arquivista oficial da Torre do Tombo. Os poetas dessa época eram chamados de trovadores.
     A palavra trovador vem do francês trouver, que significa “achar”, “encontrar”. Dizia-se que o poeta “achava” a música adequada ao poema e cantava acompanhado de instrumentos como a cítara, a viola, a lira ou a harpa. A poesia trovadoresca tem sua importância como documento da história de nossa língua, de costumes da época e como inspiradora do lirismo de poetas de escolas posteriores.
     As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros. Os mais importantes são:
_ O Cancioneiro da Ajuda, o mais antigo, com 310 cantigas;
_ O Cancioneiro da Vaticana, pertencente à Biblioteca do Vaticano, com 1205 cantigas;
_ O Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa, anteriormente chamado de Colocci-Brancutti, com 1647 cantigas.

Panorama Histórico

Na história da literatura portuguesa o Trovadorismo é a primeira escola literária. Esse movimento literário compreende o período que vai, aproximadamente, do século XII ao século XIV. A partir da segunda metade do século XII, Portugal começava a afirmar-se como reino independente, embora ainda mantivesse laços econômicos, sociais e culturais com o restante da Península Ibérica. Desses laços surgiu, próximo à Galícia (região do norte do rio Douro), uma língua particular, de traços próprios, chamada galego-português.
A produção literária dessa época foi feita nesta variação lingüística. A cultura trovadoresca refletia bem o panorama histórico desse período: as Cruzadas, a luta contra os mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero.
O período histórico em que surgiu o Trovadorismo foi marcado por um sistema econômico e político chamado feudalismo, que consistia numa hierarquia rígida entre senhores: um deles, o suserano, fazia a concessão de uma terra (feudo) a outro indivíduo, o vassalo. O suserano, no regime feudal, prometia proteção ao vassalo como recompensa por certos serviços prestados. Essa relação de dependência entre suserano e vassalo era chamada de vassalagem.
Assim, o senhor feudal ou suserano era quem detinha o poder, fazendo a concessão de uma porção de terra a um vassalo, encarregado de cultivá-la. Além da nobreza (classe a que pertenciam os senhores feudais) e a classe dos vassalos ou servos, havia ainda ‘outra classe social: o clero. Nessa época, o poder da Igreja era bastante forte, visto que o clero possuía grandes extensões de terra, além de dedicar-se também à política.
Os conventos eram verdadeiros centros difusores da cultura medieval, pois era neles que se escolhiam os textos filosóficos a serem divulgados, em função da moral cristã. A religiosidade foi um aspecto marcante da cultura medieval portuguesa. A vida do povo lusitano estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma.
Nessa época, eram freqüentes as procissões, as romarias, além das próprias Cruzadas – expedições realizadas durante a Idade Média, que tinham como principal objetivo a libertação dos lugares santos, situados na Palestina e venerados pelos cristãos. Essa época foi caracterizada por uma visão teocêntrica (Deus como o centro do Universo). Até mesmo as artes tiveram como tema motivos religiosos. Tanto a pintura quanta a escultura procurava retratar cenas da vida de santos ou episódios bíblicos. Quanto à arquitetura, o estilo gótico é o que predominava, através da construção de catedrais enormes e imponentes, projetadas para o alto, à semelhança de mãos em prece tentando tocar o céu.
Na literatura, desenvolveu-se em Portugal um movimento poético chamado Trovadorismo. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicas (trovadores, menestréis, jograis e segréis). Recebiam o nome de cantigas, porque eram acompanhados por instrumentos de cora e de sopro. Mais tarde, essas cantigas foram reunidas em Cancioneiros: o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
Trovador: poeta que compunha a letra e a música de canções; em geral era uma pessoa culta.
Jogral: cantor e tangedor ambulante, em geral de origem plebéia.
Menestrel: músico-poeta sedentário; vivia na casa de um fidalgo, enquanto o jogral andava de terra em terra.
Segrel: trovador profissional, fidalgo desqualificado que ia de corte em corte, acompanhado de um jogral. Continua...



A POESIA MEDIEVAL PORTUGUESA

A produção poética medieval portuguesa pode ser agrupada em dois gêneros:
_ gênero lírico: em que o amor é a temática predominante; são as cantigas de amor e as cantigas de amigo;
_ gênero satírico: em que o objetivo é criticar alguém, ridicularizando esta pessoa de forma sutil ou grosseira; a este gênero pertencem as cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer.

Gênero Lírico

Dentro do gênero lírico, o texto que dá início à literatura portuguesa chama-se Canção da Ribeirinha, escrita possivelmente em 1189, por Paio Soares de Taveirós. Segundo Dona Carolina Michaëlis de Vasconcelos, essa cantiga foi dedicada à ribeirinha (Maria Pais Ribeiro), favorita de D. Sancho I, segundo rei de Portugual. Há dois tipos de poemas pertencentes ao gênero lírico, no Trovadorismo:

a) Cantiga de amor: a cantiga de amor é de influência provençal (Provença – região do sul da França). Esse tipo de cantiga mostra o amor cortês da época; o poeta fala em seu próprio nome, exprimindo seus sentimentos amorosos pela dama cortejada. É um amor de realização impossível, pois sua amada é casada ou pertence a uma classe social superior à sua. Por não ser correspondido, o homem sofre (coita d'amor), exterioriza suas queixas, humilha-se aos pés da amada, como um servo (vassalagem amorosa).
Sempre respeitoso, o eu-lírico masculino jamais revela o nome de sua amada, enfatizando sempre que ela é superior a ele. A mulher é chamada de mia senhor e o eu-lírico tece elogios à sua beleza, ao mesmo tempo em que sofre por saber que jamais poderá tocá-la. Influenciado pela moral cristã, o poeta se dispõe a um afastamento casto de sua amada, desejando-a, respeitosamente, a distância.

b) Cantiga de Amigo: originou-se na Península Ibérica. Nas cantigas de amigo, o trovador expressa os sentimentos que ele supõe que a amada lhe dedique. A principal característica das cantigas de amigo é o sentimento do eu-lírico feminino, embora elas sejam escritas por um homem. A cantiga de amigo procura mostrar a mulher dialogando com sua mãe, com uma amiga ou com a natureza, sempre preocupada com sue amigo (namorado).
Outras vezes, o próprio amigo é o destinatário do texto, como se a mulher desejasse fazer-lhe confidências de seu amor. Mais populares, as cantigas de amigo não se ambientam em palácios, e sim em lugares mais simples, como o campo, as igrejas, etc. Mostram, muitas vezes, cenas do cotidiano, em que a moça vai lavar roupa, vai a uma romaria ou freqüenta uma festa.
As cantigas de amigo apresentam alguns aspectos que as diferenciam das cantigas de amor:
_ os temas são mais variados que nas cantigas de amor; _ por serem cantigas populares, a linguagem é menos rica e mais musical;
_ destinam-se ao canto e à dança;
_ nelas são configurados os problemas sociais e políticos.

Além disso, quanto à forma, é freqüente o uso do refrão (repetição de versos) e do paralelismo (construção que se repete com pequenas alterações a cada estrofe). Quando não apresenta refrão, a cantiga é considerada melhor elaborada, recebendo o nome de cantiga de maestria ou maestria.


OS CANCIONEIROS

Se hoje temos acesso a textos do trovadorismo é graças à compilação feita em três grandes cancioneiros:
a) Cancioneiro da Ajuda: assim designado por conservar-se na Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa, no qual são agrupadas 310 cantigas de amor.
b) Cancioneiro da Vaticana: encontrado em Roma, na biblioteca do Vaticano, datado dos fins do século XV. Contém 1205 cantigas de todos os tipos.
c) Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa: o mais completo dos três, com 1647 poesias. Foi copiado na Itália, no século XVI; pertenceu a um humanista italiano, Ângelo Colocci, e, no século XIX, foi encontrado na biblioteca do Conde Brancutti. Por isso, às vezes, é também chamado de Cancioneiro Colocci-Brancutti.

TIPOS DE CANTIGA 
     Havia dois tipos de cantigas: 
1) a cantiga lírico-amorosa, que se subdividia em cantiga de amor e cantiga de amigo. 
2) a cantiga satírica, que podia ser de escárnio ou de maldizer. Veja, a seguir as principais características de cada uma.  

Cantigas de Amor 
     Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada. Esse amor se torna impraticável pela situação da mulher. O homem sofre, coloca-se numa posição de vassalo, isto é, de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor sem segredo, sem revelar o nome da dama, que nem sabe dos sentimentos amorosos do trovador. Ele a coloca num plano elevadíssimo, ideal. Nesse tipo de cantiga há a presença de refrão que insiste na idéia central, exaltando um amor sem correspondência. Ex: A Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós.  

Cantiga de Amigo 
     O trovador coloca como personagem central uma mulher solteira, da classe popular. Pela boca do trovador, ela canta a ausência do amigo (amado, namorado) que está afastado a serviço do rei, em expedições ou em guerras. Nesse tipo de poema, a moça conversa e desabafa seus sentimentos de amor com a mãe, as amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. É de caráter narrativo e descritivo. 

Cantiga Satírica 
     Ora se chama cantiga de escárnio, ora de maldizer. Esse tipo de cantiga procurava satirizar (ridicularizar) pessoas e costumes da época. Alguns poetas, em seus ataques agressivos, chegavam a utilizar uma linguagem de baixo nível (chula).

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

VIDA E OBRA DE GIL VICENTE

     Gil Vicente (1465? – 1536): poeta e dramaturgo português. De sua vida pouco se sabe. Foi famoso como ourives, atraindo com suas obras de ourivesaria a atenção da rainha Leonor que se tornou sua protetora.

     Gil Vicente encenou suas primeiras peça em 1502. Exerceu na corte a função de organizador das festas palacianas. Seu prestígio foi grande a ponto de sentir-se à vontade para criticar o clero. Em conseqüência, teve algumas de suas peças censuradas pela Inquisição, por serem consideradas ofensivas à Igreja.
     A obra de Gil Vicente apresenta dois aspectos: o religioso e o profano. No primeiro, destacam-se os autos de moralidade, em que são oferecidos ensinamentos relacionados à moral cristã. Quanto ao aspecto profano, suas obras enfatizam a sátira, a crítica social e refletem as marcas de seu tempo.
     A obra vicentina completa contém 44 peças (17 escritas em português, 11 em castelhano e 16 bilíngües).  Em ordem cronológica, vejamos as principais:
_ Monólogo do vaqueiro (ou Auto da Visitação) (1502);
_ Milagre de São Martinho (1504);
_ Auto da Índia (1509);
_ Écloga dos Reis Magos (1510);
_ Farsa O Velho da Horta (1512);
_ Moralidade da Sibila Cassandra (1514);
_ Farsa Quem tem farelos? (1515);
_ Auto de Mofina Mendes (151);
_ Primeiro Auto da Moralidade das Barcas (1517);
_ Moralidade da Alma (1518);
_ Segundo Auto da Moralidade das Barcas (1518);
_ Terceiro Auto da Moralidade das Barcas (1519);
_ Auto da Fama (1520);
_ Comédia de Rubena (1521);
_ Farsa de Inês Pereira (1522);
_ Comédia de Amadis de Gaula (1523).

A linguagem de Gil Vicente

      Gil Vicente emprega, em geral, a língua do povo, a língua de transição entre a arcaica e a clássica. Nas comédias, há passagens humorísticas e poéticas. Observa-se o uso freqüente de frases familiares, vocábulos populares como: guiolho, increu, somana, etc. No entanto, o vocabulário é rico e apropriado. As palavras pronunciadas por um clérigo ou um fidalgo não são as mesmas de um criado ou de uma feiticeira.
     Quanto à morfologia, observa-se na obra vicentina:
_ uso da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo ser é som;
_ emprego de formas verbais como: arco (ardo), creçudo (crescido), ouvo (ouço), sodes (sois), etc;
_ palavras, atualmente masculinas, empregadas no feminino: a planeta, a clima, etc.

sábado, 7 de agosto de 2010

ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

     Em Roma se falava o latim. Com as guerras e as conquistas romanas, esse idioma expandiu-se por toda a Europa. 
     Os romanos impuseram sua língua, sua cultura e seus costumes aos povos conquistados. Para garantir a dominação política, os romanos exigiam que, em todo o vasto Império, o latim fosse de uso obrigatório nas escolas, nas transações comerciais, nos documentos, nos atos oficiais e no serviço militar. Entretanto, o contato dos romanos com a cultura grega deu-se de forma contrária: foi o latim que incorporou uma grande quantidade de palavras gregas que, conseqüentemente, também vieram a fazer parte da língua portuguesa. Todavia, não foi o latim clássico, literário, usado pelos grandes escritores romanos (Cícero, Horácio, César, Virgílio, Ovídio, etc.), que foi imposto às populações dominadas. 
     Foi o latim vulgar, falado pelos soldados romanos. Aos poucos, os povos dominados absorveram o falar dos romanos, que se misturou com os falares regionais, originando as línguas neolatinas: português, espanhol, francês, italiano, romeno, galego e outras. 

FASES DA LÍNGUA PORTUGUESA

a) Fase pré-histórica: vai do século V ao Século IX (mistura do latim vulgar com falares locais).
b) Fase proto-histórica: vai do século IX ao XII. Nessa fase, já se encontram documentos escritos em latim bastante transformado, misturado com palavras portuguesas.
c) Fase histórica: Fase do português arcaico: vai do século XII ao século XVI. 

     Aparecem os primeiros documentos inteiramente redigidos em português. O primeiro texto escrito em nossa língua foi a poesia “Cantiga da Ribeirinha”, de Paio Soares de Taveirós, em 1189 (ou 1198). 
     Período do português moderno: do século XVI até nossos dias. Sob a influência dos autores humanistas e clássicos, houve um progresso lingüístico muito grande, datando dessa época a obra-prima da língua portuguesa, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. 
     A língua portuguesa é atualmente a quinta mais falada no mundo, com mais de 300 milhões de falantes. A comunidade lusófona é constituída por: 
a) Portugal; 
b) Ilhas de Madeira, dos Açores e Cabo Verde; 
c) Brasil; 
d) Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe (na África); 
e) Goa, Macau, Timor (na Ásia). 

     Em alguns lugares da África e da Ásia, como Sri-Lanka, Macau, Java, Málaca, Cabo Verde, Guiné, Cingapura, a língua portuguesa, em contato com os idiomas nativos, sofreu muitas alterações, dando origem ao dialeto crioulo, usado nas transações comerciais.

História 
     O Português é derivado do latim, língua que era falada em uma região da Península Itálica – o Lácio (onde hoje se localiza Roma). Mais tarde, passou a ser a língua dominante de toda a península. Com as sucessivas invasões romanas, o latim foi levado para os países conquistados. A Península Ibérica (que corresponde, hoje, à Espanha e Portugal) foi uma das províncias dominadas pelos romanos. Os povos que nela habitavam acabaram assimilando a língua falada pelos dominadores.
     Além do aspecto lingüístico, os romanos foram pouco a pouco influenciando os costumes e as crenças dos povos conquistados. Estes, por sua vez, também contribuíram para a transformação do latim, com seus hábitos lingüísticos. Várias causas contribuíram para a modificação do latim: _ a língua falada pelos soldados romanos não era o latim culto, erudito; era o latim popular, uma língua pro isso mesmo em constate evolução; _ as conquistas romanas ocorreram em épocas diferentes e numa vasta extensão geográfica. Foram estes alguns dos fatores que deram origem à formação das chamadas línguas neolatinas ou românicas: o romeno, o francês, o espanhol, o italiano, o português.

Formação da língua portuguesa 
     Foi decisiva a transformação do latim vulgar para a formação da língua portuguesa; outros fatores, porém, tiveram também especial importância no processo de seu desenvolvimento. Com a invasão dos bárbaros na Península Ibérica (século V), a dominação romana enfraqueceu-se. Embora alterado, o latim não desapareceu. Dos povos bárbaros, forma os vândalos, os suevos e os visigodos que mais influência exerceram na cultura da Península Ibérica; trouxeram, principalmente, inovações no vocabulário, na pronúncia.
      Mais tarde, no século VIII, foi a vez dos árabes invadirem o solo peninsular. Eles possuíam uma civilização superior à existente na península. Adotou-se o árabe como língua oficial; entretanto, o povo subjugado continuou a falar o latim vulgar modificado. A influência árabe junto a esses povos se fez sentir apenas quanto ao vocabulário. Com a invasão dos bárbaros e dos árabes e com a queda do Império Romano no ocidente, houve o aparecimento de vários dialetos, entre eles, o galego-português, do qual surgiu o português. 
      A partir de meados do século XIV, começa a haver uma diferenciação cada vez maior entre o galego – dialeto espanhol falado em Galiza – e o português. O falar da nacionalidade portuguesa distinguiu-se dos falares de outras regiões graças: _ à dialetação do latim vulgar; _ à influência dos bárbaros e dos árabes que deram feições típicas ao falar da faixa ocidental da Península Ibérica. Com a independência política de Portugal resultou a separação dos dois idiomas: o galego e o português. Já no século XII começaram a aparecer textos escritos com características da língua portuguesa. 

Épocas e Fases 
     Leite de Vasconcelos divide a história da língua portuguesa em três grandes épocas:
a) a pré-histórica: desde as origens da língua até o século IX. Neste período surgem os primeiros documentos latino-portugueses.
b) a proto-histórica: do século IX ao XII. Os textos que então aparecem comprovam a existência do dialeto galaico-português.
c) a histórica: do século XII até nossos dias. Os textos aparecem redigidos em português.
     A época histórica subdivide-se em duas fases:
_ arcaica: do século XII ao XVI;
_ moderna: do século XVI para cá.
     Expansão A língua portuguesa espalhou-se rapidamente por todas as partes do mundo, a partir das grandes descobertas marítimas empreendidas pelos lusitanos. Hoje, a língua portuguesa é falada nas seguintes regiões:
_ Europa: Portugal, Ilha da Madeira, Açores;
_ América: Brasil;
_ África: Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Zanzibar, Mombaça;
_ Ásia: Goa, Ceilão, Macau, Java, Singapura.

O português no Brasil 
     Como sabemos, foram os lusitanos que trouxeram para cá a língua portuguesa. Aqui eles encontraram nações indígenas que falavam, na sua maioria, um outro idioma: o tupi. Os tupis-guaranis foram os primeiros indígenas que entraram em contato com os colonizadores lusos. Por várias razões, pode-se dizer que o índio foi um elemento importante: serviu de guia aos portugueses, ajudou na exploração das riquezas da terra.
     Houve a miscigenação das raças: mulheres índias casaram-se com portugueses. Desse entrosamento resultou uma forte influência da língua tupi sobre a dos colonizadores. A partir do século XVIII, com a vinda de numerosas famílias lusitanas, o idioma indígena foi perdendo terreno em relação ao português. Contudo, grande número de palavras tupis permanecem em nosso léxico:
a) denominações geográficas: Aracaju, Botucatu, Canindé, Jaú, Pindorama, Mandaguari, Paraguaçu;
b) nomes de pessoas: Iracema, Jaci, Peri, Juçara;
c) nomes comuns: açaí, ananás, abacaxi, caapora, caipira, paca, carioca, jararaca, catapora, jenipapo, samambaia, saci, urutu, perereca.
     Com o tráfico de negros para o Brasil, a nossa língua enriqueceu-se com muitas palavras e expressões de origem africana. Exemplos: angu, candomblé, senzala, vatapá, caruru, quitanda, tanga, cachimbo, etc.
     Foram ainda incorporadas ao português do Brasil palavras de origem indígena de outros países da América. Exemplos: canoa, cacau, chocholate, abacate, batata, colibri, mate. Todas essas influências restringiram-se apenas ao léxico; não interferiram no modo de falar do povo brasileiro.

Superinteressante, n. 6. 1990, o. 56-57.

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