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sábado, 24 de dezembro de 2011

ARCADISMO

 
     O Arcadismo (termo derivado de Arcádia – região da Grécia onde pastores e poetas se dedicavam ao pastoreio e à poesia; viviam em perfeita harmonia com a natureza), também chamado de Neoclassicismo ou Setecentrismo, foi o estilo de época que sucedeu ao Barroco, nos fins do século XVIII. Por extensão, o Arcadismo passou a designar espécies de academias onde se reuniam poetas, estudantes e eruditos. A primeira Arcádia de que se tem notícia foi fundada em 1690, na Itália, por amigos da rainha Cristina, ex-soberana da Suécia.
Essa rainha, que abdicara do trono sueco, costumava reunir seus amigos para discutir problemas ou ler trabalhos literários e científicos. Após sua morte, os freqüentadores de seus salões decidem fundar uma Arcádia, para manterem as reuniões. Os integrantes da agremiação, denominados pastores, adotavam pseudônimos de origem grega ou latina.

Panomara histórico europeu
     No século XVIII, o povo europeu encontra, na França, o modelo de renovação cultural. O Iluminismo francês espalha-se por toda a Europa e atinge Portugal, transformando o século XVIII no Século das Luzes (período histórico-filosófico, nitidamente racionalista). O Iluminismo caracteriza-se pela confiança no poder da razão e na possibilidade de se reorganizar radicalmente a sociedade.
     As idéias religiosas são combatidas por essa onda de racionalismo. O Marquês de Pombal, ministro de D. José I, leva o bom termo a renovação cultural e o progresso de Portugal. São expulsos do país os jesuítas, e o ensino, até então religioso, passa a ser leigo. A cultura jesuítica dá lugar ao Neoclassicismo.

Panorama histórico brasileiro
     A sociedade brasileira passa por grandes mudanças. Com a crise da lavoura açucareira (no Nordeste) e com a descoberta de minas de ouro e pedras preciosas, a economia do Brasil centraliza-se na região de Minas Gerais (onde há a extração do minério) e no Rio de Janeiro, capital da Colônia.
     É em Vila Rica que ocorrem acontecimentos de significativa importância: a mineração, a Inconfidência Mineira. Por ocasião, forma-se um grupo de escritores na região (o chamado grupo mineiro).
     Os poetas, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga participam da Conjuração Mineira. Circulam, por essa época, manuscritos anônimos das Cartas Chilenas – sátira violenta contra os desmandos e prepotência da administração portuguesa no Brasil. Cada lugar possui uma maneira particular de sentir e expressar a realidade.
     A literatura é a manifestação real da cultura de um povo. A simplicidade natural da poesia árcade européia encontra, no Brasil, ambiente propício à exteriorização do sentimento do poeta: apego aos valores nacionais. O nativismo é o nome dado a esse sentimento. O poeta árcade encontra no tipo de vida em contato com natureza o ideal: a vida pastorial. Por isso, os escritores têm pseudônimos: Cláudio Manuel da Costa é o Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é o Dirceu. O “fingimento poético” é que dá verossimilhança às poesias bucólicas dos árcades. Embora conservem as características do Arcadismo europeu, os árcades mineiros utilizam aspectos da natureza brasileira como tema de suas poesias.

 
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO


      O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero barroco, que havia alcançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por considerarem ser este o período de maior equilíbrio e pureza.

     Há três princípios latinos básicos para a compreensão desse estilo de época: a) Carpe diem (aproveita o dia): máxima proposta pelo poeta latino Horácio. Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto que o tempo passa rapidamente.
b) Inutilia truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante.
c) Fugere urbem (fugir da cidade): princípios de valorização da natureza, vista como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade, onde tudo é conflito.
A partir destes três princípios fundamentais o Arcadismo, é possível compreender as demais características do período:

1 – retomada da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza, usando a razão. O poeta apreende o sentido de perfeição expresso pela natureza e tenta reproduzi-lo ao escrever;
2 – respeito às teorias literárias dos antigos, utilizando as normas poéticas da Antiguidade;
3 – simplicidade na forma e no conteúdo dos poemas; versos curtos; ausência de rimas em alguns versos;
4 – bucolismo (exaltação da vida do campo, uso de cenários pastoris);
5 – presença da mitologia, num retorno aos valores clássicos;
6 – equilíbrio entre a razão e a fantasia, através de uma “disciplina literária” a ser estabelecida pelas Arcádias e seguida por seus membros;
7 – uso de palavras simples, de fácil entendimento, sem serem vulgares;
8 – desejo de dar à literatura uma função social, de caráter didático e doutrinário. A literatura deve ser acessível a todos;
9 – preocupação com a finalidade moral da literatura;
10 – desejo de mostrar uma realidade onde nada seja feio, idealizando-a.


O ARCADISMO EM PORTUGAL – BOCAGE

     O Arcadismo português vai desde 1756 (fundação da Arcádia Lusitana) até 1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, que marca o início do estilo de época seguinte – o Romantismo. O principal autor do Arcadismo em Portugal é Bocage, que apresenta também uma fase mais próxima do Romantismo.
     Manuel Maria Barbosa du Bocage, de origem francesa pelo lado materno, nasce em Setúbal, 1765, e falece em Lisboa, 1805. Muito cedo começa a escrever versos. Ingressa, em 1783, na Academia da Marinha, onde mantém contato com poetas e boêmios da época. Fixou-se em Lisboa, em 1790, ano que marca o início de sua atividade literária. Consegue renome, compondo uma elegia sobre a morte do filho do Marquês de Marialba. Nos últimos meses de sua vida, reconcilia-se com a religião e escreve os célebres sonetos: Meu ser evaporei na lida insana e Já Bocage não sou.
     Deixou-nos uma vasta obra – Rimas (1791 – 1804). Bocage é considerado o maior e o melhor poeta árcade da literatura portuguesa. Cultivou a poesia satírica, mas revelou-se um dos grandes sonetistas portugueses em suas composições líricas. Bocage adotou o pseudônimo de Elmano Sadino. Note que Elmano é o próprio nome Manuel, em forma de anagrama, e Sadino refere-se ao rio Sado, da cidade de Setúbal, onde nasceu o poeta.


O ARCADISMO NO BRASIL 

     Dentre os autores que se dedicaram ao Arcadismo no Brasil, podemos citar Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga, Frei José de Santa Rita Durão, Basílio da Gama, entre outros. Vejamos os principais: 
_ Cláudio Manuel da Costa (Mariana-MG, 1729 – Vila Rica-MG, 1789) Adotou o pseudônimo de Glauco Satúrnio. Formado em Direito pela Faculdade de Coimbra, foi um dos participantes da Inconfidência Mineira e condenado à forca, em 1789. Foi um dos fundadores da Arcádia Ultramarina e publicou o livro Obras, que reúne suas poesias líricas. A forma preferida por ele, em seus poemas, era o soneto. Escreveu também um poema épico – Vila Rica – de grande valor histórico por relatar a vida gerada em torno da atividade da mineração. 
_ Tomás Antônio Gonzaga (Porto-Portugal, 1744 – Moçambique, 1810) Sob o pseudônimo de Dirceu, escreveu poesias líricas, nas quais fala de seus sentimentos amorosos por Marília – pseudônimo de Maria Dorotéia deSeixas. Também envolveu-se na conspiração mineira e, por isso, foi exilado; em Moçambique, casou-se com outra mulher. 
_ Basílio da Gama (Tiradentes-MG, 1741 – Lisboa-Portugal, 1795) Basílio da Gama compôs poemas líricos, mas tornou-se famoso por O Uruguai, poema épico em cinco cantos. Nele encontramos as mesmas partes de Os Lusíadas, de Camões: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, embora não haja uma seqüência rígida. Em O Uruguai, Basílio da Gama retrata a luta travada entre portugueses e espanhóis contra indígenas das missões dos Sete Povos do Uruguai, instigados pelos jesuítas. 
     Nesse poema, percebe-se que a intenção do poeta é política; Basílio da Gama pretende criticar a ação dos jesuítas, elevar o aspecto humano dos silvícolas e agradar ao Marquês de Pombal. Entre os guerreiros indígenas estão Cepé e Cacambo, a feiticeira Tanajura e Lindóia. No cenário, destaca-se a paisagem brasileira. O episódio mais conhecido de O Uruguai é o que a heroína Lindóia, sabendo da morte de seu marido Cacambo e, para fugir à desonra de ter de casar-se com um inimigo, suicida-se, deixando-se picar por uma serpente venenosa.
_ Santa Rita Durão (Cata-Preta-MG, 1722 – Lisboa-Portugal, 1784) Frei José de Santa Rita Durão segue fielmente o modelo camoniano. Seu poema épico Caramuru, em dez cantos, apresenta as cinco partes da epopéia tradicional: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. Caramuru é publicado em 1781, na cidade de Lisboa. O assunto do poema gira em torno da lenda do náufrago português Diogo Álvares Correia, no Recôncavo baiano. Santa Rida Durão, tanto quanto Basílio da Gama, expressa no seu poema Caramuru apego à terra brasileira, simpatia pelo povo nativo. Moema morre por amor, como Lindóia.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O BARROCO


PANORAMA HISTÓRICO

Na Europa

O estilo barroco é de origem controvertida. Pode ter nascido na Itália, mas criou raízes na Espanha entre poetas e pintores do século XVIII. A literatura barroca chega a Portugal em um período marcado por grandes tensões e mudanças. Portugal e Espanha tinham um único rei. Com o desaparecimento de D. Sebastião (rei de Portugal), Felipe II torna-se herdeiro do trono e consolida a unificação da Península Ibérica.
Surge, então, o mito do Sebastianismo, crença segundo a qual os portugueses achavam que D. Sebastião não morrera na batalha de Alcácer-Quibir, na África, e voltaria em breve para retomar o trono português. Além disso, nessa época, Portugal atravessa uma série crise econômica. O comércio com as especiarias orientais decai e a economia portuguesa declina, uma vez que os lusos não contam com as riquezas das colônias conquistadas.
O século XVII apresenta a reação da Igreja contra as idéias do antropocentrismo difundidas pelo Renascimento e contra a Reforma Protestante, solidificada na Inglaterra, Holanda e regiões do Reno e do Báltico. Esta reação da Igreja, na tentativa de recuperar seu poder, chamou-se Contra-Reforma. Foi um movimento caracterizado pela censura de textos e idéias, com decisões elaboradas a partir do Concílio de Trento, ocorrido em 1545 a 1563.
A unificação da Península Ibérica dá condições à Companhia de Jesus de combater com mais vigor as idéias da reforma protestante. O ensino passa a ser atribuição dos jesuítas. Qualquer avanço no campo científico-cultural passa pela censura eclesiástica. Tudo isso fez com que a Península Ibérica não acompanhasse o progresso científico da Europa. Portugal manteve-se alheio às idéias de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes.
Entre essas descobertas estão as leis da mecânica e o processo de circulação do sangue no corpo humano. Nesse clima de profundas transformações de ordem social, política, econômica é que se desenvolve a estética barroca. O Barroco reflete a tentativa de conciliar forças antagônicas: o bem e o mal, o espírito e a matéria, o céu e a terra, a pureza e o pecado, a razão e a fé.


No Brasil

Com a expansão do comércio, a economia mercantilista do Brasil-colônia, com toda a sua produção, volta-se para a Metrópole. A cana-de-açúcar, no Nordeste, atinge rapidamente seu apogeu, mas entra logo em declínio. Em Minas Gerais, a extração de minérios – outra fonte de riqueza – contribui para o desenvolvimento econômico. Após a expulsão definitiva dos franceses (1615), ocorrem as invasões holandesas (1624 e 1630), e o Conde Maurício de Nassau administra as regiões ocupadas pelos holandeses (1637 – 1644).
O Nordeste passa por rápidas mudanças culturais e econômicas, através do contato com os holandeses, até sua expulsão em 1654. É nesse contexto que a arte barroca surge, influenciada fortemente pelas tensões de sua época. As Artes Na pintura, é clara a influência do conflito entre razão e fé. As obras de arte demonstram essa dualidade através do uso de contrastes, como claro e escuro, luz e sombra, além da exploração das idéias de profundidade e de intensidade dramática.
Na arquitetura, o estilo é retorcido, cheio de detalhes, exagerado, refletindo o próprio conflito vivido pelo homem desta época. A arte renascentista, baseada no equilíbrio, dá lugar a uma arte mais intensa, emocional, envolvente, que expressa as emoções de forma passional.


O Barroco na Literatura

A designação de barroco chega a ser ambígua, quando se quer classificar esse estilo de época. Assim, barroco é sinônimo de bizarro. Esse termo, segundo a crítica das artes plásticas, é sinal de mau gosto, de coisa absurda.
Para efeitos didáticos, podemos dizer que o Barroco ou Seiscentismo – estilo literário do século XVII – inicia-se em Portugal em 1580 com a unificação da Península Ibérica e vai até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana. A literatura barroca é fruto do conflito característico de sua época. Pressionado pela Igreja e pelo racionalismo, o homem perde-se entre dois pólos opostos: Igreja X pensamento renascentista / salvação X pecado / céu X inferno / espírito X carne / fé X razão.
 

Autores Barroco

Dos escritores que manifestaram tendências barrocas em suas obras destacam-se Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira. Gregório de Matos Guerra (Salvador-BA, 1633 – Recife-PE, 1696). Faz doutorado em Direito, em Coimbra, e permanece mais de trinta anos em Portugal. Vem, então, para o Brasil, passando a viver na Bahia.
Gregório de Matos é o autor mais representativo da poesia desse período da nossa história literária. É poeta lírico, satírico e religioso. Em seus poemas manifesta aspirações religiosas, expressa o amor carnal e satiriza a sociedade baiana da época. Com isso, ganha a antipatia de inúmeras pessoas de seu tempo e é obrigado a partir em exílio para Angola. Sua produção literária pode ser agrupada em três divisões temáticas:

a) poesia lírica: neste tipo de poema o poeta fala de suas fortes paixões e dos sofrimentos por amor. Os sonetos de Gregório de Matos são bem elaborados. Por se um bom conhecedor da arte de fazer poesias, expressa seus sentimentos amorosos com grande habilidade e maestria.

b) poesia satírica: nela critica as autoridades da época, as mulheres de costumes indecorosos, os ricos senhores de engenho, os padres e os comerciantes pouco honestos. Pelas suas sátiras, Gregório de Matos foi apelidado o Boca do Inferno, por sua habilidade em criticar personalidades e costumes de seu tempo.

c) poesia religiosa: o poeta, arrependido, pede perdão de seus pecados; sofre remorso por suas ações apaixonadas e insensatas; há sempre um conflito entre pecado e perdão.

Padre Antônio Vieira (Lisboa-Portugal, 1608 – Salvador-BA, 1697). Passou grande parte de sua vida no Brasil. Aos quinze anos entrou para Companhia de Jesus. Escreveu 15 volumes de sermões e inúmeras cartas (mais de 500). Em 1640, notabilizou-se pelo Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda, em que o autor coloca Deus como árbitro na luta entre portugueses e holandeses.
Nesse sermão, Vieira mostra sua preocupação com os problemas sociais da colônia. Em 1652, Padre Vieira está em São Luís do Maranhão, onde se ocupa da catequese dos índios. Aí escreve o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, no qual ridiculariza, por meio de alegorias e comparações, os vícios dos colonos. Perseguido pelo Tribunal Inquisitorial, por pregar tolerância religiosa e divulgar idéias do Quinto Império do Mundo, é encarcerado e impedido de pregar. Como orador foi notável; como clássico, primoroso; e como missionário, incomparável.
No Brasil, defendeu a liberdade dos nativos e em Portugal, a liberdade dos judeus. Foi um autêntico mestre da língua: pela firmeza e propriedade do léxico, pela musicalidade que dá aos seu sermões. A obra de Vieira divide-se em:
a) profecias: obra de cunho nacionalista, em que acredita nas futuras glórias de Portugal, baseando-se na Bíblia; nessa obra, Vieira afirma sua crença no Sebastianismo.

b) cartas: nelas Vieira defende os judeus convertidos ao cristianismo (cristãos-novos), vítimas de todo o tipo de perseguições através da Inquisição;

c) sermões (cerca de 200): sua obra máxima. Criticando o cultismo, Vieira utiliza-se de raciocínios claros e bem elaborados, abordando vários temas: a necessidade de pregar a palavra de Deus para que ela dê bons frutos; a escravização dos indígenas, devido à ambição dos senhores de engenho; as invasões holandesas e o desejo de vitória dos portugueses. Padre Vieira, grande clássico nos sermões e nas cartas, foi também gongórico (embora tenha criticado o Gongorismo), por abusar das antíteses, dos trocadilhos, das hipérboles.

Características do Barroco
      A literatura barroca é fruto do conflito característico de sua época. Pressionado pela Igreja e pelo racionalismo, o homem perde-se entre dois pólos opostos: Igreja X pensamento renascentista / salvação X pecado / céu X inferno / espírito X carne / fé X razão.
     Atormentado por este conflito, o homem produz textos literários com características bastante nítidas. São elas:
1 – uso de contrastes: as idéias opostas seduzem o barroco; os textos mostram choques entre amor e dor, vida e morte, religiosidade e erotismo, juventude e velhice, etc.
2 – pessimismo: conflito entre o eu e o mundo. A vida terrena é vista como triste, cheia de sofrimento, enquanto que a vida celestial é luminosa e tranqüila.
3 – presença de impressões sensoriais: usando seus sentidos, o homem busca captar todo o sentido da miséria humana, ressaltando seus aspectos dolorosos e cruéis.
4 – preocupação com a transitoriedade da vida: por ser curta, a vida não permite que o homem a viva intensamente, como seria seu desejo.
5 – intensidade: desejo de expressar as emoções fortes do amor, do desejo e da dor em profundidade, na tentativa de encontrar o sentido da existência humana.
6 – linguagem complicada, excessivamente trabalhada, através de:
expressões eruditas;
sintaxe rebuscada, com uso freqüente da ordem inversa;
repetições;
paralelismo;
uso abusivo de figuras de linguagem, principalmente antíteses, hipérboles, paradoxos, e metáforas;
uso freqüente de frases interrogativas.
7 – tentativa de conciliação entre a religiosidade e o racionalismo: há uma constante oscilação entre os dois opostos.
      Duas correntes se distinguem na literatura barroca: o cultismo e o conceptismo.


O cultismo


     Esse estilo é marcado pela erudição, pelo rebuscamento, pelo uso de inversões brutais e de numerosas figuras de linguagem. Trata-se de uma espécie de jogo de palavras, exageradamente trabalhado quanto à forma.


O conceptismo


     Desenvolve-se paralelamente ao cultismo. Definiu-se na primeira metade do século XVII nas obras de grandes escritores: Quevedo, Padre Vieira e Shakespeare. É um estilo fluente, pouco rebuscado, preocupado em expor, através do raciocínio lógico, idéias e conceitos.
     Num texto com características conceptistas, há o emprego da linguagem figurada: inversões, antíteses; há jogo de palavras e de idéias.


O Barroco no Brasil


     O Barroco é um estilo de época comum a quase toda a Europa. No Brasil, escritores do século XVII e primeira metade do século XVIII seguiram os modelos e padrões europeus.
     O estilo Barroco desenvolveu-se inicialmente nas artes plásticas, atingindo sua fase áurea, de modo especial, nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
     O Barroco brasileiro na literatura tem como marco inicial a publicação da obra Prosopopéia, de Bento Teixeira, em 1601. Essa obra é constituída de 94 oitavas. Nela o autor exalta as qualidades do governador de Pernambuco, Jorge Albuquerque Coelho, e de seu irmão Duarte.
     O término desse movimento no Brasil é assinalado com a publicação do livro Obras (1768), de Cláudio Manuel da Costa, introduzindo, assim, o Arcadismo no Brasil.

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