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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Guerra dos Emboabas (1708)




                          O conflito entre os sertanejos paulistas, pioneiros nas descobertas das minas, e os recém-chegados do litoral e da Metrópole, não demorou para acontecer.
Entre 1708 e 1709 eclodiu a Guerra dos Emboabas.
Os emboabas, nome que os sertanejos paulistas devam aos novatos vindos de Portugal, do litoral e de outras regiões do Brasil, acabaram por vencer a disputa, junto com seus aliados baianos, e expulsaram os paulistas dos campos auríferos de Minas Gerais. O conflito permitiu que a coroa firmasse sua autoridade sobre as novas regiões desbravadas, pois os dois grupos rivais imediatamente solicitaram o auxílio da Metrópole.
Com o fim da disputa, a coroa enviou para as minas um governador e criou uma estrutura administrativa específica para representá-la nos seus interesses.

A Guerra dos Mascates (1709-1711)




                          Uma das consequências imediatas das medidas adotadas pela coroa após as guerras com a Holanda e a Espanha foi a presença cada vez maior de comerciantes portugueses nos portos do Brasil.
Antes da centralização administrativa realizada pela coroa no Brasil, os próprios senhores de engenho cuidavam do fornecimento dos produtos estrangeiros que precisavam. Eles desempenhavam o papel dos comerciantes, pois armavam navios para buscar escravos na África, e recebiam os produtos importados da Europa diariamente, sem intermediários, nos portos coloniais.
Na segunda metade do século XVII, as mudanças administrativas impostas pela coroa modificaram a composição do poder econômico na colônia. Antes, os senhores de engenho detinham esse poder e controlavam as instituições políticas locais, como a Câmara. As mudanças administrativas introduzidas pela coroa, somadas ao empobrecimento generalizado dos senhores de engenho, alteraram a composição das forças econômicas e políticas dominantes.
Em Pernambuco, essa nova situação resultou na Guerra dos Mascates. Olinda era a principal cidade de Pernambuco. Era lá que moravam os senhores de engenho. As principais instituições locais estavam sediadas em Olinda. Por outro lado, o porto de Recife, a poucos quilômetros de distância, era o principal local de embarque das exportações de açúcar da capitania de Pernambuco. Durante a ocupação holandesa, o porto de Recife cresceu e tornou-se cada vez mais importante. Seus habitantes eram ricos comerciantes portugueses, desprezados pela oligarquia dos senhores de engenho de Olinda, que os chamavam de mascates.
A tensão entre os comerciantes e os senhores de engenho chegou ao seu ponto mais alto quando o governador da capitania passou a morar em Recife. A situação piorou ainda mais quando Recife foi elevado à categoria de vila, em 1709. Isso significava que Recife já não se submetia à autoridade da Câmara de Olinda.
No ano seguinte, houve uma tentativa de assassinar o governador, que fugiu para a Bahia. Com a chegada de um novo governador, Félix Machado, em 1711, a situação se acalmou. Os chefes do movimento olindense foram presos e enviados para Lisboa. Seus bens foram confiscados. O resultado da disputa entre os comerciantes e os senhores de engenho foi a vitória dos primeiros: Recife tornou-se sede da capitania de Pernambuco.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O BRASIL TORNA-SE REPÚBLICA



O BRASIL TORNA-SE REPÚBLICA 

     A república sempre fora uma velha aspiração dos brasileiros. Em 1789, na Inconfidência Mineira, em 1817 e 1824, em Pernambuco, em 1835, no Rio Grande do Sul (República de Piratini), ardente se manifestou o ideal republicano. Várias foram as causas que apressaram seu advento, tais como o descontentamento do Exército contra o Império e a abolição da escravatura. Dentre os muitos vultos que pugnaram pela mudança de regime, devemos destacar: Benjamin Constant, Marechal Deodoro da Fonseca, Silva Jardim, Rui Barbosa, Prudente de Morais, Quintino Bocaiúva, Campos Sales, Francisco Glicério, Lafaiete Rodrigues, Saldanha Marinho, Lopes Trovão, Aristides Lobo, Cristiano Otoni, Ferreira Viana, Rangel Pestana e Miranda de Azevedo. 
     Fato importante foi a famosa Convenção de Itu, em 1873, onde começaram a destacar-se Prudente de Morais, Campos Sales (que foram eleitos, em 1855, deputados à Câmara Temporária, como os primeiros deputados republicanos), Francisco Glicério e Américo de Campos. Este, com Rangel Pestana, fundo o jornal “A Província de São Paulo (hoje, “O Estado de São Paulo”), enquanto Júlio Ribeiro se batia através de seu jornal “A Procelária”, de fugaz existência. Em Minas Gerais, a propaganda também foi forte, sendo ali eleito deputado republicano, em 1885, Álvaro Botelho. 
     No Rio Grande do Sul, em 1884, Júlio de Castilho fundava o jornal, “A Federação”, apoiada por Assis Brasil. Em 1888, já havia 17 clubes republicanos, no Norte, e, ao sul, 56 em Minas, 48 em São Paulo, 32 no Rio Grande do Sul e 30 no Rio de Janeiro. A 7 de junho de 1889, foi organizado o ministério chefiado pelo Visconde de Ouro Preto, home enérgico, que tencionava liquidar com a ameaça republicana, removendo, de um ponto a outro, os militares suspeitos. Em 13 de setembro, Deodoro, regressando de Mato Grosso, recebeu calorosa manifestação, no Rio.
     Benjamin Constant, disposto a agir, procurou Deodoro em sua residência, reunindo também Bocaiúva, Rui Barbosa, Glicério, Aristides Lobo e outros. Deodoro buscou o apoio de Floriano Peixoto, então ministro. O movimento fora marcado para a noite de 15 para 16 de novembro, mas foi antecipado para o dia 14. O Marechal Deodoro, vencendo a resistência das forças policiais, intimou Ouro Preto a renunciar. Dom Pedro II desceu depressa de Petrópolis, procurando salvar o trono, convidando José Antônio Saraiva, para organizar novo ministério. Mas já era tarde. 
     A República foi proclamada e, no dia 17, a família imperial, a bordo do paquete Alagoas, seguia para o exílio. Foram recebidos em Lisboa, por D. Carlos a 7 de dezembro. No dia 28, a boníssima imperatriz D. Maria Cristina, falecia em Porto. O Imperador, doente de saudade da terra que tanto amara, faleceu em Paris, em 5 de dezembro de 1891. Seus corpos, em 1922, centenário da Independência, foram trazidos para o Brasil onde repousam, juntos, na Catedral de Petrópolis. Deodoro constituiu um Governo Provisório e escolheu o seguinte ministério: Bocaiúva, Exterior; Guerra: Benjamin Constant; Marinha: Eduardo Wandenkolk; Fazenda: Rui Barbosa; Justiça: Campos Sales; Agricultura: Demétrio Ribeiro. Depois, Floriano foi para a pasta da Guerra e Benjamim Constant para a da Educação. Esse Governo durou até 24 de fevereiro de 1891, quando se promulgou a Constituição.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A CONJURAÇÃO BAIANA (1798)

    No mesmo ano em que ocorreu uma tentativa de revolução de independência nas minas, em 1789, o Antigo Regime ruiu na França, iniciando o ciclo revolucionário que culminou com a independência das colônias ibéricas na América. Além das idéias dos revolucionários norte-americanos, os manifestos dos revolucionários franceses atravessaram o Atlântico, despertando nos colonos a sede de mudanças.
    Em Salvador, na Bahia, a insatisfação da população, devida à carestia, à falta de alimentos e de produtos importados da Europa, se manifestava nas queixas constantes contra as autoridades metropolitanas. Além disso, as idéias das filósofos Rousseau e Voltaire, e a Declaração dos Direitos do Homem, proclamada na França em 1789, circulavam entre os membros de sociedades secretas de Salvador. O terreno para a revolta estava preparado.
    No dia 12 de agosto de 1798, as paredes das casas de Salvador amanheceram cobertas de cartazes convocando a população para aderir à revolução. Os revolucionários baianos eram republicanos. Entre seus líderes havia sapateiros, escravos, alfaiates e toda sorte de desclassificados. Por isso mesmo, a Conjuração Baiana também é conhecida como Revolta dos Alfaiates, pois estes participaram em grande número. Pregavam a liberdade, a igualdade e a liberdade de comércio. Os ideais revolucionários baianos diferiam daqueles sustentados pelas elites mineiras: os revolucionários pregavam uma revolução contra a sociedade escravista da colônia.
     Tal como aconteceu em Minas Gerais, o movimento dos revolucionários baianos foi denunciado às autoridades por um de seus participantes, José de Veiga. Alguns revolucionários conseguiram escapar; outros foram presos e processados. Aqueles de estrato social mais baixo forma condenados ao degredo. Como a maioria dos sediciosos conseguiu escapar, quatro revolucionários foram enforcados para dar o exemplo. Conforme a tradição colonial portuguesa, as vítimas eram pobres e pertenciam à camada dos desclassificados. Os membros da elite que participaram do movimento foram absolvidos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ÍNDIOS DO PARANÁ


       Existem três etnias indígenas no Paraná: Kaingang, Guarani e Xetá.
    A realidade indígena foi marcada pela violência, destruição, expulsão de suas terras, extermínio do seu povo, cultura e desagregação de sua família.
    Os índios foram expulsos de suas terras e muitos acabaram perdendo sua própria identidade como no caso os índios Xetás, que vivem nas diversas cidades desprovidas de suas terras e culturas, sobrevivem hoje como soldado militar, enfermeiro, empregada doméstica, bóia-fria e dona de casa. Alguns se casaram, formando família grande e hoje já são avós. Em Umuarama vive uma índia xetá, chamada Tiguá: em sua língua significa menina criança e na língua do homem branco ela se chama Maria Rosa do Brasil. Outros índios xetás estão espalhados pelo Estado do Paraná, como na reserva de São Jerônimo da Serra na região de Guarapuava.
    Atualmente os índios Xetás remanescentes estão organizando-se para reivindicar seus direitos usurpados.
    O governo do Paraná formou um grupo de estudo e de ação para a demonstração e devolução de uma parte da terra Xetá aos seus legítimos donos.
    Os Kaingang também se encontram disseminados pelo Paraná, falam a língua do tronco JÊ, e representam hoje a terceira etnia indígena em população no país,
    Os guaranis se encontram mais às margens do Rio Paraná. E ainda mantêm hábitos imemoriais. Fala a língua Tupi e forma atualmente a maior etnia em população do país. Hoje são 21 reservas, ocupadas por aproximadamente 9.000 índios segundo dados do IBGE.
    Dentre elas, Palmas, Mangueirinha, Rio das Cobras, Ocoy, Marrecas, Ivaí, Rio D`Areia, Faxinal, Queimadas, Mococa, Apucaraninha, Barão Antonina, São Jerônimo da Serra, Laranjinha, Pinhalzinho, Ilha da Cantiga, Guaraqueçaba, Tehoho e outras.
    A língua dos índios Xetás desapareceu junto com seu povo. Já o Kaingang e o Tupi Guarani passou a ser sistematizado nos anos setenta, e na década de 80 os índios do Paraná receberam instrumentos para traduzir suas lendas, histórias e cultura em sua própria língua.
    Destas etnias, tiramos muitas informações, o caminho a percorrer, a extração do alimento, as ervas medicinais e os artesanatos. Desses povos herdamos nomes que hoje, caracterizam cidades ruas, rios e pessoas.
    Hoje os índios do Paraná lutam para resgatar seus costumes, serem respeitados e valorizados, tentando preservar os seus jovens da descaracterização de sua cultura. A maioria vive da agricultura e venda dos artesanatos. E sonham com uma vida digna como todos os brasileiros.

HÁBITOS, USOS E COSTUMES

    Os antigos Guaranis são descritos como agricultores sedentários, embora pratiquem a caça e a coleta. Devido ao contato com os brancos e com outros grupos tribais, ocorreu a desorganização da agricultura Kaingang.
    No início do século XIX e início XXI, a caça e a coleta passaram a ser mais importantes, aparecendo também à pesca como atividade de subsistência.
    O milho era a base da agricultura e apreciavam principalmente as carnes de anta e queixada. Já os guaranis preferiam a carne do macaco, paca e capivara. Os cães eram importantes em seu convívio pelo auxílio à caça.
    Depois de mortos os animais caçados eram moqueados para se conservarem até seu consumo. Além do moquem, espécie de grelha, usavam a brasa e eram feitos buracos no chão revestido com pedras. As cinzas e brasas eram removidas e as pedras recobertas com folhas, e por cima, colocava-se a carne cuidadosamente envolta das folhas.
     Os guaranis tinham o hábito de pescar com arco e flecha.
    A pesca ainda era praticada com as mãos, em lagoas que eram drenadas, usando também para a pesca o timbó, um tipo de planta que esmagada e lavada, produzia efeito entorpecente nos peixes, que, então podiam ser apanhados.
    Retirava da natureza o pinhão que comiam. Também se alimentavam do miolo da cabeça do estipe do Gerivá (Coccus macropa) ou da palmeira Jussara (Euterpe edulis) e a raiz de uma espécie de bromélia, a Gavatá ou Camatá.
    Colhiam ainda o mel para alimentação, utilizando a cera na impermeabilização dos cestos para armazenarem o mel. Se alimentavam das crisálidas dos abelheiros, das larvas de insetos e ovos de pássaros.
    Hoje os índios vivem em casas de madeira ou tijolos, a energia elétrica e o saneamento básico já fazem parte da sua moradia, como podemos observar nas visitas às reservas. Alimenta-se como o homem branco e fizeram com que os remédios químicos e a medicina tornassem necessários para a vida indígena.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A HISTÓRIA DA BIOLOGIA

     A Biologia pode ser definida como o conjunto de todas as ciências que estudam as espécies vivas e as leis da vida. Mais particularmente, é o estudo científico do ciclo reprodutivo das espécies animais e vegetais, do desenvolvimento da vida individual, por oposição à fisiologia, que estuda as leis constantes do funcionamento dos seres. O termo Biologia (bios + logo – estudo da vida) foi introduzido na linguagem científica somente no século XIX, por G. R. Trevianus, e divulgado por J. B. Lamarck, embora os conhecimentos dessa ciência fossem, sem dúvida, muito anteriores. 
     Desde o período pré-histórico, mesmo sem se saber como as coisas funcionavam, conhecimentos biológicos com bases empíricas foram formados. Pela necessidade de viver, o homem primitivo precisava caçar, e por isso conheceu diversas espécies de animais e plantas, das quais ele se alimentava. Por meio da observação, conheceu o comportamento de algumas espécies animais e a época de frutificação de certas plantas comestíveis. A comprovação desses fatos faz-se por meio das pinturas rupestres encontradas em cavernas. As primeiras pesquisas na área da Biologia foram feitas a olho nu. 
     Os escritos datados de 400 a.C., cuja autoria é atribuída a Hipócrates, “o pai da Medicina”, descrevem sintomas de doenças comuns e atribuem suas causas à dieta ou a outros problemas físicos, sem se orientar pelo misticismo. Acreditava-se, então, que a matéria era composta por quatro elementos (fogo, terra, ar e água), e o corpo humano, por quatro “humores’: sangue, bile amarela, bile preta e flegma. Dizia-se que as doenças eram causadas pelo excesso de algum desses componentes. 
     Na Grécia, conhecida como o berço das ciências naturais, a Biologia dá um grande salto pelas mãos do filósofo Aristóteles. Ele percebeu que a observação sistemática era a condição indispensável para compreender a natureza. No século I d.C., o romano Galeano percebeu que somente a observação cuidadosa das partes externas e internas (esta, por dissecação) de plantas e animais não seria o bastante para compreender a Biologia. Ele muito se esforçou, por exemplo, para compreender a função dos órgãos dos animais. Apesar de saber que o coração bombeava sangue, era impossível a Galeano descobrir, só por meio de observações, que o sangue circulava e voltava ao coração. Ele, então, supôs que o sangue era bombeado para “irrigar” os tecidos e o novo sangue era produzido de maneira ininterrupta para reabastecer o coração. Essa idéia errônea foi ensinada por quase 1.500 anos. Somente no século XVII, o inglês William Harvey apresentou a teoria de que o sangue flui sem cessar em uma direção, fazendo um circulo completo, e voltando ao coração.
     Durante a Idade Média, o ritmo de investigações científicas aumentou consideravelmente. O trabalho iniciado por Aristóteles é ampliado por Lineu, que cria as categorias hierárquicas de espécie, gênero, ordem, classe e reino. Também cria um sistema de nomenclatura dos seres vivos, empregado até hoje com algumas modificações. Uma idéia de origem comum da vida passou a ser discutida com base em semelhanças entre seus diferentes ramos. Apesar do ritmo das investigações a Biologia estacionou. Os olhos humanos já não eram suficientes para novas descobertas. 
     Com a invenção do primeiro microscópio, no século XVII, conceitos tradicionais sobre a vida seriam derrubados, dando um novo rumo à Biologia. Foi a partir dessa descoberta que a teoria celular foi, então, formulada, em princípios do século XIX, por Schleiden e Schwann, que concluíram que as células constituem todo o corpo de animais e plantas, e que, de certa maneira, elas são unidades individuais com vida própria. Isso ocorreu na mesma época das viagens de Darwin e da publicação de sua obra A origem das espécies, sobre as teorias da evolução. 
     As leis de hereditariedade de Mendel foram sustentadas e explicadas pela teoria cromossômica de Morgan. Mesmo com a teoria celular, por razões físicas,o microscópio óptico não permitia a visualização de detalhes da estrutura da célula. Com a descoberta do elétron, em fins do século XIX, e com a invenção do microscópio eletrônico, décadas depois, estruturas subcelulares foram descobertas, como o orifício do núcleo ou a membrana dupla da mitocôndrias. Com o desenvolvimento do microscópio foi possível desvendar alguns mistérios, permitindo a Crick e Watson descobrir a dupla hélice do DNA e do código genético, em 1954, marcando o início da biologia molecular e da genética experimental. Hoje, a Biologia tem um papel fundamental para o mundo científico; com o uso de computadores e algumas inovações experimentais, o homem chegou à descoberta da estrutura do DNA, desvendando princípios do funcionamento básico da vida.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A GUERRA DE SECESSÃO

     Depois da gloriosa insurreição do século XVIII, e a não feliz guerra contra os Ingleses, em 1812, os Estados Unidos usufruíram de um longo período de paz; decênios de imensos progressos, tanto em sentido territorial (os Estados Unidos abraçavam, já, todo o continente norte-americano, do Atlântico ao Pacífico e dos limites com o Canadá ao golfo do México), tanto em sentido civil. É preciso pensar que os imigrantes, que, durante os dois últimos séculos, povoaram a América pertenciam, mais ou menos, às mais ínfimas classes sociais européias, eram gente que nada tinham a perder; robusta, fisicamente, mas, culturalmente, atrasada; e que, além disso, a luta pela vida, num país quase completamente selvagem, contribuirá para reconduzir esses homens a um estado de barbárie profunda, moral, se não material. 
     Isto vale, naturalmente, para as populações do interior; os povos da costa atlântica, de menos recente estacionamento e em contato com a civilização européia, eram, evidentemente, bastante evoluídos, mesmo com todas as características e as ingenuidades dos povos jovens. Os longos decênios de paz e o rapidíssimo desenvolvimento de uma economia dotada de inexauríveis recursos materiais tinham conduzido a nova nação a um estado de invejável e sempre crescente prosperidade. A primeira fratura (e, até hoje, a única: mas a história americana é tão curta...) determinou-se não tanto por uma questão econômica quanto por problema marcadamente moral: o problema da escravatura. 
     Como todos sabem, desde o século XVII, tinham sido deportados para a América muitíssimos negros, preados ou “comprados”,na costa africana. Estes negros tinham-se tornado, lá pela metade do século XIX, milhões. Mas, se nos estados do Norte, haviam, praticamente, libertado os negros, nos primeiros decênios do século, nos estados do Sul, vigorava, ainda, um implacável, regime escravagista. Aqui, de fato, o principal recurso econômico era a agricultura, ao passo que, no setentrião, a indústria já era considerável, e, se é fácil sustentar um camponês inculto em estado de escravidão, não é tão fácil nem retribuitivo obrigar a permanecer no mesmo estado um operário.  
     Para os estados do Norte, pois, a abolição da escravatura se resolveu numa vantagem econômica, mas o mesmo não se pode dizer quanto aos proprietários rurais, os fazendeiros do Sul, e é, portanto, lógico, se não compreensível, que, ao anúncio dado por Abraão Lincoln – recém-eleito presidente dos Estados Unidos – de querer abolir a escravatura, os estados meridionais se rebelassem concordemente. Carolina do Sul, Alabama, Flórida, Mississipi, Luisiana, Geórgia, Texas, Virgínia e, depois, Arcansas e Tennessee proclamaram a secessão, ou seja, separaram-se da União e constituíram uma própria Confederação. Naturalmente, os estados do Norte tomaram, imediatamente, armas contra os secessionistas e conseguiram, com uma imediata política de força, evitar que a cisão se estendesse aos demais estados.
     A força, tanto numérica como em armamento e dinheiro, esta nitidamente do lado do Norte, mas impulso combativo que tinha o Sul levou as armas sulistas a colher os primeiros êxitos. Os encontros sucederam-se, durante todo o ano de 1862, em alternadas vicissitudes mas, como se disse, com prevalência dos Confederados, os quais encontraram, no general Lee, um chefe de primeira ordem. No verão, as forças Nortistas estavam em retirada, e os Sulistas, transpondo o rio Potomac, marchavam contra Filadélfia e Baltimore. 
     Os Nortistas, doutro lado, tinham o domínio do mar e, portanto, das costas. Somente este fato, decisivo e suficiente para conter qualquer iniciativa Sulista, bastava, desde o princípio, para fazer compreender de que lado se inclinaria a sorte do conflito. Realmente, no ano seguinte, as forças nortistas começaram a recuperar-se e, apesar das vitórias de Lee, os Confederados foram abandonando lentamente suas posições, no Kentucky e além do Potomac, sob a pressão dos Nortistas, comandados por Grant. Batidos perto de Chattanooga, após uma desesperada pontada ofensiva, que ameaçara até a própria Washington, os Sulistas fortificaram-se na Virgínia. 
     A marinha Nortista, a pouco e pouco, cerrava o bloqueio em torno dos portos confederados, os generais Sheridan e Sherman avançavam com um ritmo sempre mais insistente; a decisão do Congresso, de libertar os escravos das regiões ocupadas, permitiu aos exércitos Nortistas enriquecer-se com novos contingentes, os negros forros, que combatiam com vigor contra seus ex-patrões. Nos primeiros dias de abril do ano de 1865, Lee sofreu uma definitiva derrota, por parte do general Sheridan. 
     Bloqueado por terra e por mar, com o exército desorganizado, o grande comandante foi obrigado a entregar a espada ao adversário. Poucos dias depois, ocorria a rendição incondicional dos Confederados, que retornavam à União e aceitavam a abolição da escravatura. A obra de Lincoln estava terminada mas infelizmente, sua vida também. Em 14 de abril de 1865, quando ainda estava em curso a capitulação das armas sulistas, um fanático patriota do Sul matou, a tiros de revólver, o grande Presidente, que tanto lutara para libertar os Estados Unidos da horrenda mancha da escravatura.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ERA NAPOLEÔNICA

     A Europa viveu um período de grande intranqüilidade após a revolução francesa. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais. Ela precisava de um grande líder que consolidasse a revolução burguesa no país. Terminou escolhendo Napoleão Bonaparte, que se tornaria um dos personagens mais controvertidos da história ocidental. Do outro lado, as monarquias tradicionais européias temiam o avanço dos ideais revolucionários em seus países. Acabaram se aliando para lutar contra o expansionismo francês. Era a reação conservadora para manter o Antigo Regime.
     Com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1799, Napoleão Bonaparte tornou-se a mais importante figura da vida política francesa. Teve início à chamada era napoleônico, um período de aproximadamente 15 anos, que pode ser dividido em: Consulado, Império e Governo dos Cem Dias. O Consulado Derrubado o poder do Diretório, instalou-se o governo do Consulado, do qual participavam Napoleão Bonaparte e mais dois outros cônsules: Roger Ducos e Sieyes. Em dezembro de 1799, foi votada uma Constituição que fornecia amplos poderes a Napoleão, que fora eleito primeiro-cônsul da república.
      Teve inicio, então, umas verdadeiras ditaduras militares, disfarçadas pelas instituições aparentemente democráticas criadas pela Constituição (Senado, Tribunal, Corpo Legislativo e Conselho de Estado). Napoleão Bonaparte destacou-se no período em que a França, preocupada em reorganizar seus exércitos, aproveitou a explosão de nacionalismo para implantar o serviço militar obrigatório e acabar com o emprego de tropas mercenárias. Indicado pelo Diretório para reorganizar as tropas francesas, Napoleão comandou a Campanha da Itália (1796), obtendo sucessivas vitórias. Apesar das inúmeras conquistas, faltava à França vencer sua primeira rival-a Inglaterra, dona de uma poderosa frota naval que supria suas indústrias com as matérias-primas coloniais. Na tentativa de derrotar a Inglaterra, a alta burguesia francesa encarregou Napoleão de atacar os pontos vulneráveis do poderio britânico, tentando bloquear o acesso aos produtos vindos do Egito.
     Em virtude das novas alianças européias contra a França-em 1799 forma-se a segunda Coligação antifrancesa (Inglaterra, Áustria, Rússia e Turquia), que intervém na Itália, no Reno e na Holanda, Napoleão voltou para a França, encontrando o país à beira do caos. O enfraquecimento do governo francês, incapaz de promover a pacificação interna, comprometia o desenvolvimento econômico do país devido à paralisação dos negócios e ao déficit público. Descontentes, os banqueiros financiaram a reorganização das tripas de Napoleão. Em novembro de 1799, o general aplicou um golpe do Estado (18 Brumário), depondo o Diretório e implantando o regime do Consulado-uma ditadura militar. As principais realizações O Consulado foi marcado pela recuperação econômica da França e pala sua reorganização administrativa. Entre as principais realizações dirigidas por Napoleão nesse período, podemos destacar:
_ administração-centralizaçao administrativa, com a nomeação de funcionários de sua confiança pessoal para os mais diversos cargos da administração pública.
_economia-criação do Banco da França (1800), que controlava a emissão de moedas, diminuindo o processo inflacionário. Tarifas protecionistas e a construção de obras públicas fortaleceram o comércio e a indústria.
_educação-reorganização do ensino francês, quer passou a ter como principal missão a formação de cidadões capazes de servir ao Estado. A educação era utilizada como meio de controle do comportamento político e social dos cidadões.
_direito-elaboração de novos códigos jurídicos, como Código Civil, também conhecido como Código Napoleônico (concluído em 1804). O Código Napoleônico consagrava as aspirações da burguesia, como a liberdade individual, a igualdade de todos perante a lei, o respeito à propriedade privada e o matrimônio civil separado do religioso. Observa Leo Huberman que o Código Napoleônico tem cerca de 2000 artigos, dos quais sete tratam apenas do trabalho e cerca de 800, na propriedade privada. Os sindicatos e as greves são proibidos, mas as associações de empregadores, permitidas. Numa disputa judicial sobre salários, o Código determina que o depoimento do patrão, e não o do empregado, é que deve ser levado em conta. O Código foi feito pela burguesia e para a burguesia: foi feito pelos donos da propriedade para a proteção da propriedade.
_igreja-elaboração de um acordo (concordata, em 1801) entre a Igreja Católica e o Estado Francês, tendo como objetivo fazer da religião um instrumento de poder político. O Papa reconhecia o confisco das propriedades da Igreja, em troca do amparo do Estado ao Clero. Por sua vez, Napoleão reconhecia o catolicismo com a religião da maioria dos franceses, mas reservava para si o direito de designar bispos, cujos nomes seriam, posteriormente, aprovados pelo Papa.

Império 
     Mediante novo plebiscito, em 1804 Napoleão Bonaparte fez-se coroar imperador dos franceses como o título de Napoleão I, substituindo regime de Consolado pelo de Império. Com isto pôde agraciar seus familiares e agregados com títulos, honrarias e altos cargos, o que resultou no aparecimento de um novo grupo aristocrático. 
     Napoleão I empregou todas as suas forças no sentido de liquidar o poderio inglês e estabelecer o império universal. Na verdade, estes objetivos significavam de um lado a luta de uma nação capitalista burguesa (a França) contra uma Europa Continental Absolutista Aristocrática; de outro, a luta entre duas nações burguesa (França e Inglaterra) pela hegemonia político-econômica e pela supremacia colonial. Coligação conta à França Com imperador comandante supremo das forças armadas, Napoleão moveu uma série de guerras para expandir o domínio da França. 
     O exército francês foi fortalecido em armas e em soldados, mediante o recrutamento em massa dos cidadões. Desde o final do século XVIII, os países europeus procuravam formar coligações, a fim de resistir á difusão das idéias liberais advindas da Revolução Francesa e ao expansionismo napoleônico.Assim, liderados pela Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia formaram uma coligação para lutar contra o império francês. Em 21 de outubro de 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a marinha francesa foi derrotada pelos ingleses, comandados pelo almirante Nelson, na Batalha de Trafalgar. Recuperando-se rapidamente dessa derrota marítima (que afirmou o poderio naval britânico), Napoleão conseguiu brilhantes vitórias sobre a Áustria, na Batalha de Austerlitz (dezembro de 1805) e sobre os exércitos prussianos(1806) e russo(1807). 
     O bloqueio continental Em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra, determinando que todos os países do continente europeu fechassem seus portos ao comércio inglês. Assinando com a França a Paz de Tilsit (7 de julho de 1807), o czar russo Alexandre I também aderiu ao bloqueio. O objetivo de Napoleão era arruinar economicamente a Inglaterra. Portugal, depois de muita indefinição, não aderiu ao Bloqueio Continental. As tropas francesas, comandadas pelo General Junot, invadiram o país, obrigando D. João VI a fugir para o Brasil. Assim, no continente europeu, somente os povos espanhóis, apoiados pelos ingleses, após resistência ao domínio francês, representado pelo José I, irmão de Napoleão, que acabou sendo proclamado rei da Espanha (junho de 1808). 
     O ponto fraco do Imperialismo Francês – a marinha – tornou se evidente após a derrota naval para Inglaterra em Trafalgar. Napoleão, pretendendo enfraquecer economicamente os ingleses, decretou em 1806 o Bloqueio Continental. Com essa medida proibia os países europeus de comerciarem com os ingleses. Isto só foi possível porque Napoleão dominava grande parte do Leste Europeu, além de contar com apoio russo. A princípio o Bloqueio Continental alcançou o objetivo desejado, pois a Grã Bretanha teve uma queda em suas exportações. Tal situação, porém durou pouco. Na maioria dos países aliados aos franceses, a base da economia era agricultura. Esse fato tornava tais nações dependentes da exportação de matérias-primas para a Inglaterra, em troca das mercadorias produzias pelas indústrias inglesas. Por isso. 
     O Bloqueio Continental começou a perder força e adesão. Ao mesmo tempo, a paralisação dos portos começou a causar danos à economia da própria França.A renda do país diminui, motivando uma oposição crescente da burguesia ao imperador. A decadência do Império A partir de 1810 a política de Napoleão começou a ser contestada. Na França, a população lamentava os milhares de soldados franceses sacrificados nos campos de batalha. Acrescenta-se a isso a reação nacionalista dos povos conquistados. No setor econômico, o Bloqueio imposto á Inglaterra não surtiu os efeitos desejados. Grande parte dos países europeus sob a influência de Napoleão tinha uma economia agrária e sentia necessidade dos produtos industrializados ingleses. A falta desses produtos estimulava o contrabando com a Inglaterra e a elevação dos preços de diversas mercadorias. 
     Embora tivesse aderido ao Bloqueio Continental, a Rússia, que era um país basicamente agrícola, foi obrigada a abandoná-lo em dezembro de 1810. Enfrentando grave crise econômica, precisava trocar o excesso de sua produção de cereais por produtos industriais ingleses. A resistência européia a Napoleão O primeiro grande foco da revolta contra o imperador Napoleão foi a Espanha. A população espanhola, que jamais aceitará a imposição de José Bonaparte com rei, passou a organizar governos populares locais – as juntas provinciais -, que armavam tropas para combater os invasores. 
     Apesar de mobilizar os melhores efetivos militares contra o povo espanhol, Napoleão sofreu suas primeiras derrotas em face do apoio inglês dado aos povos ibéricos. Em princípio de 1809, surgiu um movimento nacionalista de libertação, que obrigou Bonaparte a abandonar a Espanha para enfrentar a Quinta Coligação (Inglaterra e Áustria). Apesar dos reveses iniciais, os franceses saíram vencedores na Batalha de Wagram contra os austríacos. 
     Com a derrota, a Áustria teve seu território retalhado e a sua força militar reduzida, sendo obrigada a selar, através do novo ministro Metternich, uma aliança com a França. Governo dos Cem Dias Em março de 1815, Napoleão Bonaparte decidiu regressar à França, prometendo reformas democráticas. O rei era impopular e as tropas enviadas para prender Napoleão acabaram unindo se a ele aos gritos de Viva o Imperador. Chegando a Paris como herói, Napoleão instalou-se no poder, obrigando a fuga da família real. Sua permanência no poder, entretanto, durou apenas cem dias. 
     Nova coligação de forças internacionais marchou conta à França, conseguindo derrotar definitivamente Napoleão, na batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815. Preso pelos ingleses, Napoleão foi exilado na ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde permaneceu até a morte, em 05 de maio de 1821. Luiz XVIII, ainda em 1815, foi reconduzido ao trono francês.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

GUERRA DO CONTESTADO (1912 - 1916)

     No período compreendido entre 1912 a 1916, na área então disputada pelos Estados de Santa Catarina e Paraná, denominada região do Contestado, uma luta pela posse de terra levou às armas, cerca de 20 mil sertanejos. Revoltados com os governos estaduais, que promoviam a concentração da terra, nas mãos depoucos e com o governo federal, que concedeu uma extensa área, já habitada, à empresa norte-americana responsável pela construção da estrada de ferro São Paulo - Rio Grande do Sul no território, os cablocos enfrentaram as forças militares dos dois Estados e do Exército Nacionais, encarregados da repressão.

     Liderados inicialmente por um monge peregrino, que um ano mais tarde, após sua morte, faria eclodir um movimento messiânico de crença na sua ressurreição e na instauração de um reinado de paz, justiça e fraternidade, os revoltosos chegaram a controlar uma área de 28 mil quilômetros quadrados. Com o propósito de garantir direito de terras, combateram a entrada do capital estrangeiro, que explorava a madeira
e vendia a terra a colonos imigrantes.

     A "Guerra do Contestado” como ficou conhecido o episódio, terminou em massacre e a rendição em massa dos sertanejos que, embora tivessem se empolgado com as primeiras vitórias, não puderam resistir à superioridade bélica das forças repressivas. Além do fuzil do canhão e da metralhadora, pela primeira vez na América Latina era usados a aviação com fins militares.

     Terminada a Guerra, Paraná e Santa Catarina chegam a um acordo sobre a Questão dos Limites e a colonização da região é intensificada. Surgem as primeiras cidades e uma cultura regional começa a ser delineada. A economia extrativista da erva-mate e da madeira vai cedendo lugar aos novos empreendimentos de processamento da matéria-prima. A modernização atinge também a propriedade rural. A região passa a viver uma nova realidade sócio-econômica e cultural.

     O desenvolvimento, que acontece a passos largos, preserva, contudo, o espírito inconformista e empreendedor do homem do Contestado, que venceu as adversidades de uma região inóspita e conflitante na luta por sua sobrevivência e na busca de seus direitos. A lição está estampada na cultura e nas marcas que hoje se erguem por todo o território como marcos e referências turísticas porque resgatam um dos mais importantes episódios da história brasileira.

     Os fatos históricos e culturais inerentes à Questão do Contestado, associados à natureza e aos produtos da região, constituem importante roteiro turístico regional

Oportunidade

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