Depois da gloriosa insurreição do século XVIII, e a não feliz guerra
contra os Ingleses, em 1812, os Estados Unidos usufruíram de um longo
período de paz; decênios de imensos progressos, tanto em sentido
territorial (os Estados Unidos abraçavam, já, todo o continente
norte-americano, do Atlântico ao Pacífico e dos limites com o Canadá ao
golfo do México), tanto em sentido civil. É preciso pensar que os
imigrantes, que, durante os dois últimos séculos, povoaram a América
pertenciam, mais ou menos, às mais ínfimas classes sociais européias,
eram gente que nada tinham a perder; robusta, fisicamente, mas,
culturalmente, atrasada; e que, além disso, a luta pela vida, num país
quase completamente selvagem, contribuirá para reconduzir esses homens a
um estado de barbárie profunda, moral, se não material.
Isto vale,
naturalmente, para as populações do interior; os povos da costa
atlântica, de menos recente estacionamento e em contato com a
civilização européia, eram, evidentemente, bastante evoluídos, mesmo com
todas as características e as ingenuidades dos povos jovens. Os longos
decênios de paz e o rapidíssimo desenvolvimento de uma economia dotada
de inexauríveis recursos materiais tinham conduzido a nova nação a um
estado de invejável e sempre crescente prosperidade.
A primeira fratura (e, até hoje, a única: mas a história americana é
tão curta...) determinou-se não tanto por uma questão econômica quanto
por problema marcadamente moral: o problema da escravatura.
Como todos
sabem, desde o século XVII, tinham sido deportados para a América
muitíssimos negros, preados ou “comprados”,na costa africana. Estes
negros tinham-se tornado, lá pela metade do século XIX, milhões. Mas, se
nos estados do Norte, haviam, praticamente, libertado os negros, nos
primeiros decênios do século, nos estados do Sul, vigorava, ainda, um
implacável, regime escravagista.
Aqui, de fato, o principal recurso econômico era a agricultura, ao
passo que, no setentrião, a indústria já era considerável, e, se é fácil
sustentar um camponês inculto em estado de escravidão, não é tão fácil
nem retribuitivo obrigar a permanecer no mesmo estado um operário.
Para os estados do Norte, pois, a abolição da escravatura se resolveu
numa vantagem econômica, mas o mesmo não se pode dizer quanto aos
proprietários rurais, os fazendeiros do Sul, e é, portanto, lógico, se
não compreensível, que, ao anúncio dado por Abraão Lincoln –
recém-eleito presidente dos Estados Unidos – de querer abolir a
escravatura, os estados meridionais se rebelassem concordemente.
Carolina do Sul, Alabama, Flórida, Mississipi, Luisiana, Geórgia,
Texas, Virgínia e, depois, Arcansas e Tennessee proclamaram a secessão,
ou seja, separaram-se da União e constituíram uma própria Confederação.
Naturalmente, os estados do Norte tomaram, imediatamente, armas contra
os secessionistas e conseguiram, com uma imediata política de força,
evitar que a cisão se estendesse aos demais estados.
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