quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ORIGEM DA LINGUAGEM

     A origem da linguagem é uma das questões que mais tem preocupado o espírito humano. Desde remota antiguidade, vem sendo discutida pelos sábios, sem que até agora hajam chegado a um acordo. Justifica-se esse empenho por causa do papel importante que a linguagem exerce em todas as manifestações da vida humana. Não é, pois, sem razão, que se tem atribuído à palavra origem divina. 
     O instinto de sociabilidade, mais imperioso na espécie humana que nos outros animais, não encontraria expressão adequada ou mesmo se anularia, se não existisse a linguagem. Com efeito, a existência em comum supõe a fixação de umas tantas normas ou regras, que cada pessoa é obrigada a respeitar, para que o embate dos interesses antagônicos não prejudique a boa harmonia que deve existir no seio da coletividade humana. 
     Como, porém, estabelecer essas normas, sem um contrato ou acordo prévio, por outras palavras, sem a linguagem? As grandes realizações da inteligência, que enchem de assombro os séculos, não seriam possíveis sem a linguagem, porque é ela que transmite a cada geração nova as conquistas das gerações anteriores. São ainda muito espessas, à míngua de dados esclarecedores, as trevas que envolvem a questão da origem da linguagem. As hipóteses surgem, assoberbam por um instante os espíritos, em seguida desaparecem, dando lugar a outras hipóteses.
     Entretanto, ignora-se até hoje se, nos primórdios da humanidade, havia uma língua única (Trombetti) ou multiplicidade de línguas (Pott, Schleicher e Frederico Muller). A ciência moderna inclina-se para a hipótese de que a linguagem é de criação humana. Nem isto importa negação da existência de Deus, porque, plasmando o homem, poderia ele ter-lhe dado a capacidade de criar a linguagem. Ao menos assim pensava S. Basílio. No que não estão acordes os partidários desta hipótese, é na maneira por que o homem adquiriu a linguagem. Renan, por exemplo, assevera que a sua aquisição foi instantânea e de um só jacto, no gênio de cada raça. 
     Outros, e estes constituem a maioria, afirmam que a criação da linguagem pelo gênero humano se operou gradual e lentamente. De conformidade com esta última opinião, começou o homem primitivo a se exprimir por interjeições, indicativas dos sentimentos que lhe despertava a visão das coisas concretas, e pela imitação dos ruídos dos seres ou animais que se lhe deparavam, numa palavra, pela onomatopéia.

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