Os jornais e a literatura
O Romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas,
sociais e artísticas. Esse movimento encontra, no Brasil, um clima
propício ao seu desenvolvimento. O público leitor, representado por
pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de
entretenimento.
O objetivo dos primeiros jornais, no século XIX, é expandir a
cultura entre os leitores médios. O jornalismo literário conta com
vários adeptos. Os romances de folhetim, de crítica literária, de
crônicas passam, então, a ser cultivados. Surgem cronistas importantes,
entre eles José de Alencar. Dos seus folhetins, Ao Correr da Pena
(1851-1855), sairão mais tarde romances urbanos como Senhora, Sonhos
D'ouro, pautados em observações do autor sobre a sociedade do tempo.
França Junior – o mais prestigiado cronista da época – publica seus
folhetins nos jornais O Globo Ilustrado, O País, O Correio Mercantil. É
preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções
livres, resumos de romance e narrativas populares da cultura estrangeira
contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero
literário.
A prosa ficcional
A ficção (romance, novela e contos) se inclui entre os gêneros
literários preferidos pelo Romantismo. Com o estabelecimento da corte
imperial no Brasil e com o crescente desenvolvimento de alguns núcleos
urbanos, o público jovem começa a tomar um certo interesse pela
literatura. É do agrado desse público leitor o romance que tenha uma
história sentimental, com algum suspense e um desfecho feliz.
O romance romântico no Brasil tem como características marcante o
nacionalismo literário. Entende-se por nacionalismo a tendência em
escrever sobre coisas locais: lugares, cenas, fotos, costumes
brasileiros. Essa tendência contribuiu para a naturalização da
literatura portuguesa no Brasil. O romance foi uma forma verdadeira de
pesquisar, descobrir e valorizar um país novo.
Nesse período do Romantismo brasileiro, a imaginação e a observação
dos ficcionistas alargaram o horizonte da terra e do homem brasileiro.
Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay, Bernardo
Guimarães, Franklin Távora foram os expoentes máximos da ficção
romântica no Brasil.
A narrativa, no romance romântico, é feita em terceira pessoa. Tanto na
poesia, como na ficção (exceto no teatro) a linguagem está impregnada de
elementos plásticos e sonoros, de imagens e comparações; a linguagem é
descritiva.
O Romantismo no Brasil é considerado um marco importante na
história da literatura brasileira, porque coincide com o momento
decisivo de definição da nacionalidade, que visa a valorizar e
reconhecer o passado histórico.
Classificação do romance romântico brasileiro
É possível agrupar os romances românticos do Brasil a partir da temática
de cada um deles. Formam-se inicialmente dois grandes grupos, abordando
diferentemente a corte e a província, a partir dos quais podem ser
feitas algumas subdivisões:
a) Corte: urbano. Autores: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida.
b) Província:
Regionalista – autores: José de Alencar, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora.
Histórico – autores: José de Alencar, Visconde de Taunay.
Indianista – autores: José de Alencar.
Romance urbano
Ambientado na corte, o romance urbano caracteriza-se pela crônica
de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é
apresentada sem grande aprofundamento psicológico, visto que a sociedade
brasileira, ainda pouco urbanizada, não propicia análises de suas
relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao
campo, etc. alternam-se com complicações de caráter social e moral, como
casamentos, namoros, bisbilhotices, etc.
São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica,
de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de umSargento de Milícias, de
Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela,
Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar.
Romance regionalista
O ambiente rústico, rural é focalizado. A atração pelo pitoresco
leva o escrito romântico a pôr em evidência tipos humanos que vivem
afastados do meio citadino. Isso observamos nos livros: O Cabeleira, de
Franklin Távora; O Sertanejo, de José de Alencar; O Garimpeiro, A
Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Inocência, de Visconde de Taunay.
Romance histórico
Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”; revela o
gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao
passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a
pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional;
procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi.
Romance indianista
O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a
transformação das personagens em heróis, que apresentam traços do
caráter do bom selvagem: valentia, nobreza, brio. Essa tendência do
romance romântico encontramos nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara,
de José de Alencar.