domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Guerra dos Mascates (1709-1711)




                          Uma das consequências imediatas das medidas adotadas pela coroa após as guerras com a Holanda e a Espanha foi a presença cada vez maior de comerciantes portugueses nos portos do Brasil.
Antes da centralização administrativa realizada pela coroa no Brasil, os próprios senhores de engenho cuidavam do fornecimento dos produtos estrangeiros que precisavam. Eles desempenhavam o papel dos comerciantes, pois armavam navios para buscar escravos na África, e recebiam os produtos importados da Europa diariamente, sem intermediários, nos portos coloniais.
Na segunda metade do século XVII, as mudanças administrativas impostas pela coroa modificaram a composição do poder econômico na colônia. Antes, os senhores de engenho detinham esse poder e controlavam as instituições políticas locais, como a Câmara. As mudanças administrativas introduzidas pela coroa, somadas ao empobrecimento generalizado dos senhores de engenho, alteraram a composição das forças econômicas e políticas dominantes.
Em Pernambuco, essa nova situação resultou na Guerra dos Mascates. Olinda era a principal cidade de Pernambuco. Era lá que moravam os senhores de engenho. As principais instituições locais estavam sediadas em Olinda. Por outro lado, o porto de Recife, a poucos quilômetros de distância, era o principal local de embarque das exportações de açúcar da capitania de Pernambuco. Durante a ocupação holandesa, o porto de Recife cresceu e tornou-se cada vez mais importante. Seus habitantes eram ricos comerciantes portugueses, desprezados pela oligarquia dos senhores de engenho de Olinda, que os chamavam de mascates.
A tensão entre os comerciantes e os senhores de engenho chegou ao seu ponto mais alto quando o governador da capitania passou a morar em Recife. A situação piorou ainda mais quando Recife foi elevado à categoria de vila, em 1709. Isso significava que Recife já não se submetia à autoridade da Câmara de Olinda.
No ano seguinte, houve uma tentativa de assassinar o governador, que fugiu para a Bahia. Com a chegada de um novo governador, Félix Machado, em 1711, a situação se acalmou. Os chefes do movimento olindense foram presos e enviados para Lisboa. Seus bens foram confiscados. O resultado da disputa entre os comerciantes e os senhores de engenho foi a vitória dos primeiros: Recife tornou-se sede da capitania de Pernambuco.

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