terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ERA NAPOLEÔNICA

     A Europa viveu um período de grande intranqüilidade após a revolução francesa. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais. Ela precisava de um grande líder que consolidasse a revolução burguesa no país. Terminou escolhendo Napoleão Bonaparte, que se tornaria um dos personagens mais controvertidos da história ocidental. Do outro lado, as monarquias tradicionais européias temiam o avanço dos ideais revolucionários em seus países. Acabaram se aliando para lutar contra o expansionismo francês. Era a reação conservadora para manter o Antigo Regime.
     Com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1799, Napoleão Bonaparte tornou-se a mais importante figura da vida política francesa. Teve início à chamada era napoleônico, um período de aproximadamente 15 anos, que pode ser dividido em: Consulado, Império e Governo dos Cem Dias. O Consulado Derrubado o poder do Diretório, instalou-se o governo do Consulado, do qual participavam Napoleão Bonaparte e mais dois outros cônsules: Roger Ducos e Sieyes. Em dezembro de 1799, foi votada uma Constituição que fornecia amplos poderes a Napoleão, que fora eleito primeiro-cônsul da república.
      Teve inicio, então, umas verdadeiras ditaduras militares, disfarçadas pelas instituições aparentemente democráticas criadas pela Constituição (Senado, Tribunal, Corpo Legislativo e Conselho de Estado). Napoleão Bonaparte destacou-se no período em que a França, preocupada em reorganizar seus exércitos, aproveitou a explosão de nacionalismo para implantar o serviço militar obrigatório e acabar com o emprego de tropas mercenárias. Indicado pelo Diretório para reorganizar as tropas francesas, Napoleão comandou a Campanha da Itália (1796), obtendo sucessivas vitórias. Apesar das inúmeras conquistas, faltava à França vencer sua primeira rival-a Inglaterra, dona de uma poderosa frota naval que supria suas indústrias com as matérias-primas coloniais. Na tentativa de derrotar a Inglaterra, a alta burguesia francesa encarregou Napoleão de atacar os pontos vulneráveis do poderio britânico, tentando bloquear o acesso aos produtos vindos do Egito.
     Em virtude das novas alianças européias contra a França-em 1799 forma-se a segunda Coligação antifrancesa (Inglaterra, Áustria, Rússia e Turquia), que intervém na Itália, no Reno e na Holanda, Napoleão voltou para a França, encontrando o país à beira do caos. O enfraquecimento do governo francês, incapaz de promover a pacificação interna, comprometia o desenvolvimento econômico do país devido à paralisação dos negócios e ao déficit público. Descontentes, os banqueiros financiaram a reorganização das tripas de Napoleão. Em novembro de 1799, o general aplicou um golpe do Estado (18 Brumário), depondo o Diretório e implantando o regime do Consulado-uma ditadura militar. As principais realizações O Consulado foi marcado pela recuperação econômica da França e pala sua reorganização administrativa. Entre as principais realizações dirigidas por Napoleão nesse período, podemos destacar:
_ administração-centralizaçao administrativa, com a nomeação de funcionários de sua confiança pessoal para os mais diversos cargos da administração pública.
_economia-criação do Banco da França (1800), que controlava a emissão de moedas, diminuindo o processo inflacionário. Tarifas protecionistas e a construção de obras públicas fortaleceram o comércio e a indústria.
_educação-reorganização do ensino francês, quer passou a ter como principal missão a formação de cidadões capazes de servir ao Estado. A educação era utilizada como meio de controle do comportamento político e social dos cidadões.
_direito-elaboração de novos códigos jurídicos, como Código Civil, também conhecido como Código Napoleônico (concluído em 1804). O Código Napoleônico consagrava as aspirações da burguesia, como a liberdade individual, a igualdade de todos perante a lei, o respeito à propriedade privada e o matrimônio civil separado do religioso. Observa Leo Huberman que o Código Napoleônico tem cerca de 2000 artigos, dos quais sete tratam apenas do trabalho e cerca de 800, na propriedade privada. Os sindicatos e as greves são proibidos, mas as associações de empregadores, permitidas. Numa disputa judicial sobre salários, o Código determina que o depoimento do patrão, e não o do empregado, é que deve ser levado em conta. O Código foi feito pela burguesia e para a burguesia: foi feito pelos donos da propriedade para a proteção da propriedade.
_igreja-elaboração de um acordo (concordata, em 1801) entre a Igreja Católica e o Estado Francês, tendo como objetivo fazer da religião um instrumento de poder político. O Papa reconhecia o confisco das propriedades da Igreja, em troca do amparo do Estado ao Clero. Por sua vez, Napoleão reconhecia o catolicismo com a religião da maioria dos franceses, mas reservava para si o direito de designar bispos, cujos nomes seriam, posteriormente, aprovados pelo Papa.

Império 
     Mediante novo plebiscito, em 1804 Napoleão Bonaparte fez-se coroar imperador dos franceses como o título de Napoleão I, substituindo regime de Consolado pelo de Império. Com isto pôde agraciar seus familiares e agregados com títulos, honrarias e altos cargos, o que resultou no aparecimento de um novo grupo aristocrático. 
     Napoleão I empregou todas as suas forças no sentido de liquidar o poderio inglês e estabelecer o império universal. Na verdade, estes objetivos significavam de um lado a luta de uma nação capitalista burguesa (a França) contra uma Europa Continental Absolutista Aristocrática; de outro, a luta entre duas nações burguesa (França e Inglaterra) pela hegemonia político-econômica e pela supremacia colonial. Coligação conta à França Com imperador comandante supremo das forças armadas, Napoleão moveu uma série de guerras para expandir o domínio da França. 
     O exército francês foi fortalecido em armas e em soldados, mediante o recrutamento em massa dos cidadões. Desde o final do século XVIII, os países europeus procuravam formar coligações, a fim de resistir á difusão das idéias liberais advindas da Revolução Francesa e ao expansionismo napoleônico.Assim, liderados pela Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia formaram uma coligação para lutar contra o império francês. Em 21 de outubro de 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a marinha francesa foi derrotada pelos ingleses, comandados pelo almirante Nelson, na Batalha de Trafalgar. Recuperando-se rapidamente dessa derrota marítima (que afirmou o poderio naval britânico), Napoleão conseguiu brilhantes vitórias sobre a Áustria, na Batalha de Austerlitz (dezembro de 1805) e sobre os exércitos prussianos(1806) e russo(1807). 
     O bloqueio continental Em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra, determinando que todos os países do continente europeu fechassem seus portos ao comércio inglês. Assinando com a França a Paz de Tilsit (7 de julho de 1807), o czar russo Alexandre I também aderiu ao bloqueio. O objetivo de Napoleão era arruinar economicamente a Inglaterra. Portugal, depois de muita indefinição, não aderiu ao Bloqueio Continental. As tropas francesas, comandadas pelo General Junot, invadiram o país, obrigando D. João VI a fugir para o Brasil. Assim, no continente europeu, somente os povos espanhóis, apoiados pelos ingleses, após resistência ao domínio francês, representado pelo José I, irmão de Napoleão, que acabou sendo proclamado rei da Espanha (junho de 1808). 
     O ponto fraco do Imperialismo Francês – a marinha – tornou se evidente após a derrota naval para Inglaterra em Trafalgar. Napoleão, pretendendo enfraquecer economicamente os ingleses, decretou em 1806 o Bloqueio Continental. Com essa medida proibia os países europeus de comerciarem com os ingleses. Isto só foi possível porque Napoleão dominava grande parte do Leste Europeu, além de contar com apoio russo. A princípio o Bloqueio Continental alcançou o objetivo desejado, pois a Grã Bretanha teve uma queda em suas exportações. Tal situação, porém durou pouco. Na maioria dos países aliados aos franceses, a base da economia era agricultura. Esse fato tornava tais nações dependentes da exportação de matérias-primas para a Inglaterra, em troca das mercadorias produzias pelas indústrias inglesas. Por isso. 
     O Bloqueio Continental começou a perder força e adesão. Ao mesmo tempo, a paralisação dos portos começou a causar danos à economia da própria França.A renda do país diminui, motivando uma oposição crescente da burguesia ao imperador. A decadência do Império A partir de 1810 a política de Napoleão começou a ser contestada. Na França, a população lamentava os milhares de soldados franceses sacrificados nos campos de batalha. Acrescenta-se a isso a reação nacionalista dos povos conquistados. No setor econômico, o Bloqueio imposto á Inglaterra não surtiu os efeitos desejados. Grande parte dos países europeus sob a influência de Napoleão tinha uma economia agrária e sentia necessidade dos produtos industrializados ingleses. A falta desses produtos estimulava o contrabando com a Inglaterra e a elevação dos preços de diversas mercadorias. 
     Embora tivesse aderido ao Bloqueio Continental, a Rússia, que era um país basicamente agrícola, foi obrigada a abandoná-lo em dezembro de 1810. Enfrentando grave crise econômica, precisava trocar o excesso de sua produção de cereais por produtos industriais ingleses. A resistência européia a Napoleão O primeiro grande foco da revolta contra o imperador Napoleão foi a Espanha. A população espanhola, que jamais aceitará a imposição de José Bonaparte com rei, passou a organizar governos populares locais – as juntas provinciais -, que armavam tropas para combater os invasores. 
     Apesar de mobilizar os melhores efetivos militares contra o povo espanhol, Napoleão sofreu suas primeiras derrotas em face do apoio inglês dado aos povos ibéricos. Em princípio de 1809, surgiu um movimento nacionalista de libertação, que obrigou Bonaparte a abandonar a Espanha para enfrentar a Quinta Coligação (Inglaterra e Áustria). Apesar dos reveses iniciais, os franceses saíram vencedores na Batalha de Wagram contra os austríacos. 
     Com a derrota, a Áustria teve seu território retalhado e a sua força militar reduzida, sendo obrigada a selar, através do novo ministro Metternich, uma aliança com a França. Governo dos Cem Dias Em março de 1815, Napoleão Bonaparte decidiu regressar à França, prometendo reformas democráticas. O rei era impopular e as tropas enviadas para prender Napoleão acabaram unindo se a ele aos gritos de Viva o Imperador. Chegando a Paris como herói, Napoleão instalou-se no poder, obrigando a fuga da família real. Sua permanência no poder, entretanto, durou apenas cem dias. 
     Nova coligação de forças internacionais marchou conta à França, conseguindo derrotar definitivamente Napoleão, na batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815. Preso pelos ingleses, Napoleão foi exilado na ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde permaneceu até a morte, em 05 de maio de 1821. Luiz XVIII, ainda em 1815, foi reconduzido ao trono francês.

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