sexta-feira, 3 de setembro de 2010

VIDA E OBRA DE GIL VICENTE

     Gil Vicente (1465? – 1536): poeta e dramaturgo português. De sua vida pouco se sabe. Foi famoso como ourives, atraindo com suas obras de ourivesaria a atenção da rainha Leonor que se tornou sua protetora.

     Gil Vicente encenou suas primeiras peça em 1502. Exerceu na corte a função de organizador das festas palacianas. Seu prestígio foi grande a ponto de sentir-se à vontade para criticar o clero. Em conseqüência, teve algumas de suas peças censuradas pela Inquisição, por serem consideradas ofensivas à Igreja.
     A obra de Gil Vicente apresenta dois aspectos: o religioso e o profano. No primeiro, destacam-se os autos de moralidade, em que são oferecidos ensinamentos relacionados à moral cristã. Quanto ao aspecto profano, suas obras enfatizam a sátira, a crítica social e refletem as marcas de seu tempo.
     A obra vicentina completa contém 44 peças (17 escritas em português, 11 em castelhano e 16 bilíngües).  Em ordem cronológica, vejamos as principais:
_ Monólogo do vaqueiro (ou Auto da Visitação) (1502);
_ Milagre de São Martinho (1504);
_ Auto da Índia (1509);
_ Écloga dos Reis Magos (1510);
_ Farsa O Velho da Horta (1512);
_ Moralidade da Sibila Cassandra (1514);
_ Farsa Quem tem farelos? (1515);
_ Auto de Mofina Mendes (151);
_ Primeiro Auto da Moralidade das Barcas (1517);
_ Moralidade da Alma (1518);
_ Segundo Auto da Moralidade das Barcas (1518);
_ Terceiro Auto da Moralidade das Barcas (1519);
_ Auto da Fama (1520);
_ Comédia de Rubena (1521);
_ Farsa de Inês Pereira (1522);
_ Comédia de Amadis de Gaula (1523).

A linguagem de Gil Vicente

      Gil Vicente emprega, em geral, a língua do povo, a língua de transição entre a arcaica e a clássica. Nas comédias, há passagens humorísticas e poéticas. Observa-se o uso freqüente de frases familiares, vocábulos populares como: guiolho, increu, somana, etc. No entanto, o vocabulário é rico e apropriado. As palavras pronunciadas por um clérigo ou um fidalgo não são as mesmas de um criado ou de uma feiticeira.
     Quanto à morfologia, observa-se na obra vicentina:
_ uso da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo ser é som;
_ emprego de formas verbais como: arco (ardo), creçudo (crescido), ouvo (ouço), sodes (sois), etc;
_ palavras, atualmente masculinas, empregadas no feminino: a planeta, a clima, etc.

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