sábado, 7 de agosto de 2010

ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

     Em Roma se falava o latim. Com as guerras e as conquistas romanas, esse idioma expandiu-se por toda a Europa. 
     Os romanos impuseram sua língua, sua cultura e seus costumes aos povos conquistados. Para garantir a dominação política, os romanos exigiam que, em todo o vasto Império, o latim fosse de uso obrigatório nas escolas, nas transações comerciais, nos documentos, nos atos oficiais e no serviço militar. Entretanto, o contato dos romanos com a cultura grega deu-se de forma contrária: foi o latim que incorporou uma grande quantidade de palavras gregas que, conseqüentemente, também vieram a fazer parte da língua portuguesa. Todavia, não foi o latim clássico, literário, usado pelos grandes escritores romanos (Cícero, Horácio, César, Virgílio, Ovídio, etc.), que foi imposto às populações dominadas. 
     Foi o latim vulgar, falado pelos soldados romanos. Aos poucos, os povos dominados absorveram o falar dos romanos, que se misturou com os falares regionais, originando as línguas neolatinas: português, espanhol, francês, italiano, romeno, galego e outras. 

FASES DA LÍNGUA PORTUGUESA

a) Fase pré-histórica: vai do século V ao Século IX (mistura do latim vulgar com falares locais).
b) Fase proto-histórica: vai do século IX ao XII. Nessa fase, já se encontram documentos escritos em latim bastante transformado, misturado com palavras portuguesas.
c) Fase histórica: Fase do português arcaico: vai do século XII ao século XVI. 

     Aparecem os primeiros documentos inteiramente redigidos em português. O primeiro texto escrito em nossa língua foi a poesia “Cantiga da Ribeirinha”, de Paio Soares de Taveirós, em 1189 (ou 1198). 
     Período do português moderno: do século XVI até nossos dias. Sob a influência dos autores humanistas e clássicos, houve um progresso lingüístico muito grande, datando dessa época a obra-prima da língua portuguesa, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. 
     A língua portuguesa é atualmente a quinta mais falada no mundo, com mais de 300 milhões de falantes. A comunidade lusófona é constituída por: 
a) Portugal; 
b) Ilhas de Madeira, dos Açores e Cabo Verde; 
c) Brasil; 
d) Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe (na África); 
e) Goa, Macau, Timor (na Ásia). 

     Em alguns lugares da África e da Ásia, como Sri-Lanka, Macau, Java, Málaca, Cabo Verde, Guiné, Cingapura, a língua portuguesa, em contato com os idiomas nativos, sofreu muitas alterações, dando origem ao dialeto crioulo, usado nas transações comerciais.

História 
     O Português é derivado do latim, língua que era falada em uma região da Península Itálica – o Lácio (onde hoje se localiza Roma). Mais tarde, passou a ser a língua dominante de toda a península. Com as sucessivas invasões romanas, o latim foi levado para os países conquistados. A Península Ibérica (que corresponde, hoje, à Espanha e Portugal) foi uma das províncias dominadas pelos romanos. Os povos que nela habitavam acabaram assimilando a língua falada pelos dominadores.
     Além do aspecto lingüístico, os romanos foram pouco a pouco influenciando os costumes e as crenças dos povos conquistados. Estes, por sua vez, também contribuíram para a transformação do latim, com seus hábitos lingüísticos. Várias causas contribuíram para a modificação do latim: _ a língua falada pelos soldados romanos não era o latim culto, erudito; era o latim popular, uma língua pro isso mesmo em constate evolução; _ as conquistas romanas ocorreram em épocas diferentes e numa vasta extensão geográfica. Foram estes alguns dos fatores que deram origem à formação das chamadas línguas neolatinas ou românicas: o romeno, o francês, o espanhol, o italiano, o português.

Formação da língua portuguesa 
     Foi decisiva a transformação do latim vulgar para a formação da língua portuguesa; outros fatores, porém, tiveram também especial importância no processo de seu desenvolvimento. Com a invasão dos bárbaros na Península Ibérica (século V), a dominação romana enfraqueceu-se. Embora alterado, o latim não desapareceu. Dos povos bárbaros, forma os vândalos, os suevos e os visigodos que mais influência exerceram na cultura da Península Ibérica; trouxeram, principalmente, inovações no vocabulário, na pronúncia.
      Mais tarde, no século VIII, foi a vez dos árabes invadirem o solo peninsular. Eles possuíam uma civilização superior à existente na península. Adotou-se o árabe como língua oficial; entretanto, o povo subjugado continuou a falar o latim vulgar modificado. A influência árabe junto a esses povos se fez sentir apenas quanto ao vocabulário. Com a invasão dos bárbaros e dos árabes e com a queda do Império Romano no ocidente, houve o aparecimento de vários dialetos, entre eles, o galego-português, do qual surgiu o português. 
      A partir de meados do século XIV, começa a haver uma diferenciação cada vez maior entre o galego – dialeto espanhol falado em Galiza – e o português. O falar da nacionalidade portuguesa distinguiu-se dos falares de outras regiões graças: _ à dialetação do latim vulgar; _ à influência dos bárbaros e dos árabes que deram feições típicas ao falar da faixa ocidental da Península Ibérica. Com a independência política de Portugal resultou a separação dos dois idiomas: o galego e o português. Já no século XII começaram a aparecer textos escritos com características da língua portuguesa. 

Épocas e Fases 
     Leite de Vasconcelos divide a história da língua portuguesa em três grandes épocas:
a) a pré-histórica: desde as origens da língua até o século IX. Neste período surgem os primeiros documentos latino-portugueses.
b) a proto-histórica: do século IX ao XII. Os textos que então aparecem comprovam a existência do dialeto galaico-português.
c) a histórica: do século XII até nossos dias. Os textos aparecem redigidos em português.
     A época histórica subdivide-se em duas fases:
_ arcaica: do século XII ao XVI;
_ moderna: do século XVI para cá.
     Expansão A língua portuguesa espalhou-se rapidamente por todas as partes do mundo, a partir das grandes descobertas marítimas empreendidas pelos lusitanos. Hoje, a língua portuguesa é falada nas seguintes regiões:
_ Europa: Portugal, Ilha da Madeira, Açores;
_ América: Brasil;
_ África: Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Zanzibar, Mombaça;
_ Ásia: Goa, Ceilão, Macau, Java, Singapura.

O português no Brasil 
     Como sabemos, foram os lusitanos que trouxeram para cá a língua portuguesa. Aqui eles encontraram nações indígenas que falavam, na sua maioria, um outro idioma: o tupi. Os tupis-guaranis foram os primeiros indígenas que entraram em contato com os colonizadores lusos. Por várias razões, pode-se dizer que o índio foi um elemento importante: serviu de guia aos portugueses, ajudou na exploração das riquezas da terra.
     Houve a miscigenação das raças: mulheres índias casaram-se com portugueses. Desse entrosamento resultou uma forte influência da língua tupi sobre a dos colonizadores. A partir do século XVIII, com a vinda de numerosas famílias lusitanas, o idioma indígena foi perdendo terreno em relação ao português. Contudo, grande número de palavras tupis permanecem em nosso léxico:
a) denominações geográficas: Aracaju, Botucatu, Canindé, Jaú, Pindorama, Mandaguari, Paraguaçu;
b) nomes de pessoas: Iracema, Jaci, Peri, Juçara;
c) nomes comuns: açaí, ananás, abacaxi, caapora, caipira, paca, carioca, jararaca, catapora, jenipapo, samambaia, saci, urutu, perereca.
     Com o tráfico de negros para o Brasil, a nossa língua enriqueceu-se com muitas palavras e expressões de origem africana. Exemplos: angu, candomblé, senzala, vatapá, caruru, quitanda, tanga, cachimbo, etc.
     Foram ainda incorporadas ao português do Brasil palavras de origem indígena de outros países da América. Exemplos: canoa, cacau, chocholate, abacate, batata, colibri, mate. Todas essas influências restringiram-se apenas ao léxico; não interferiram no modo de falar do povo brasileiro.

Superinteressante, n. 6. 1990, o. 56-57.

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