Introdução
Na Europa, por volta de 1870, as ciências positivistas e materialistas
vão perdendo terreno, vão se tornando impotentes. Surge, então, uma nova
forma de encarar o mundo. Há uma conscientização de que o positivismo e
o materialismo já não podem mais explicar os “mistérios” da realidade.
Ao lado dos valores materiais retornam as verdades espirituais
adormecidas: a Fé, as verdades do sentimento e do inconsciente.
A última
década do século XIX caracteriza-se pelo triunfo do espiritualismo, do
nacionalismo e do individualismo sobre o materialismo e o positivismo.
O Simbolismo corresponde, na Arte, a este movimento de idéias que se
opõe ao objetivismo realista.
O Simbolismo, corrente literária (mais especificamente poética) que se
afirma entre 1890 e 1915, define-se por um conjunto de aspectos
variáveis de autor para autor.
Há quem defina o simbolismo como uma
busca obstinada da verdade metafísica que tem como instrumento de
descoberta o símbolo.
Diz Mallarmé – mestre do Simbolismo francês – que os parnasianos buscam
descrever as coisas, enquanto que o sonho está em sugeri-las. A visão
simbolista consiste no envolvimento entre o eu e as coisas. Essa
misteriosa relação entre o estado de espírito do poeta e o mundo não
pode ser descrita, apenas sugerida.
Origem
O Simbolismo nasceu na França e teve como os mais autênticos
representantes Mallamé e Verlaine. Esses poetas abandonam os princípios
da escola realista e parnasiana e dedicam-se ao “culto do etéreo, do
subjetivo, do obscuro, do vago, do sugestivo”; rejeitam o mito da
precisão descritiva; para eles, a palavra poética deve antes sugerir que
dominar.
Panorama histórico
No último quartel do século XIX e princípios do século XX, a Europa
vê-se atingida por uma série de crises de ordem política, social e
econômica. O Simbolismo reflete esse momento histórico.
O progresso industrial já não mais atende às necessidades das massas
populares. Fala-se em “decadência”; as rivalidades entre monarquistas e
republicanos intensificam-se. As desavenças entre a Áustria e a Rússia
agravam-se. A Europa vive me constante sobressalto uma vez que a guerra é
iminente.
De um lado, a luta das nações mais poderosas por mercados consumidores e
produtores da matéria-prima; por outro lado, as classes trabalhadoras,
cientes da exploração dos capitalistas, reivindicam melhores salários e
melhores condições de trabalho.
O Simbolismo e as primeiras manifestações modernistas são
contemporâneas da Primeira Guerra Mundial (1914) e da Revolução Russa
(1917). Embora Portugal não estivesse envolvido nesses dois conflitos, o
Ultimato Inglês (1890), a sociedade lusa vive momentos de frustração e
pessimismo. Acresce, anda, o fato de Portugal estar atravessando uma
violenta crise econômica (1890-1891). Toda essa situação européia
refletiu no desenvolvimento do Simbolismo português.
No campo filosófico, Henry Bergson propõe a busca do eu-profundo, ou
seja, das realidades interiores, verdadeira essência do ser humano. Este
eu-profundo, porém, não pode ser “traduzido” em palavras, nem
explicado, apenas evocado ou sugerido.
PRINCIPAIS SIMBOLISTAS PORTUGUESES
EUGÊNIO DE CASTRO E ALMEIDA (Coimbra-Portugal, 1869-1944) Pertenceu a uma família nobre; ingressou na Diplomacia; vive algum tempo em Viena e depois em Paris, onde convive com alguns dos grandes simbolistas franceses. De volta a Portugal, lidera o grupo da revista Os Insubmissos e a seguir publica Oaristos. Depois de instalado o Simbolismo em Portugal, Eugênio de Castro continua a compor poesias, mas envereda por caminhos ortodoxos, mostrando inclinação por uma poesia clássica tradicional. Fazem parte da fase simbolista as seguintes obras: Oaristo, Horas (1891), Sagramor (1895), Salomé e Outros Poemas (1896). Estas obras acusam a influência de poetas franceses (Jean Moréas, Mallarmé, Flaubert e Banville). A obra de Eugênio de Castro serviu de estímulo a um pequeno grupo de poetas menores. Os Oaristos contribuem para uma mudança decisiva na poesia portuguesa.
A técnica simbolista contida na obra cativa Antonio Nobre e o poeta, já consagrado, Guerra Junqueiro. O Simbolismo português não se confinou à poesia lírica; alguns autores tentaram o drama poético: D. João da Câmara, em O Pântano (1894) e Meia Noite (1899); Raul Brandão, em A Noite de Natal (1899).
ANTONIO PEREIRA NOBRE (Porto – Portugal, 1867 – 1900) Depois de estudos básicos, Antonio Nobre vai para Coimbra estudar Direito. Contrariado com o ambiente estudantil, refugia-se em sua “Torre de Auto”. Ferido em sua sensibilidade procura alento em Paris, onde entra em contato com simbolistas franceses; esse falto torna-se decisivo para sua carreira poética. Antonio Nobre escreve Só, obra que reúne suas composições. Deixou ainda dois livros de poesias: Despedidas (1902) e Primeiros Versos (1921).
CAMILO DE ALMEIDA PESSANHA (Coimbra – Portugal, 1867 – Macau – China, 1926) Fez o curso de Direito em sua cidade natal. Escreveu seu primeiro livro de versos em 1885. Em 1894, seguiu para o Oriente (Macau) onde exerceu a função de professor do Liceu. Deixou-se cativar pelo Oriente. Viciou-se em ópio, levou uma vida irregular, vindo a falecer em Macau em 1926. Camilo Pessanha publicou poemas em jornais da província, como Ave Azul (1899) e Centauro (1916). A maioria foi preparada e ditada a João de Castro Osório, coletadas em 1920, no volume Clepsidra.
O Simbolismo no Brasil
Introdução
No início da década de 1890, no Rio de Janeiro, um grupo de jovens, insatisfeitos com a extrema objetividade e materialismo da corrente literária dominante (Realismo / Naturalismo / Parnasianismo), resolve divulgar as novas idéias estéticas vindas da França. Eram conhecidos como os decadentistas. Esse grupo formado, principalmente, por Oscar Rosas, Cruz e Sousa e Emiliano Perneta lança no jornal Folha Popular o primeiro manifesto renovador. Além desse grupo do Rio de Janeiro, outros jovens, no Ceará, funda uma sociedade literária, dedicada ao culto das excentricidades da nova arte chamada Padaria Espiritual.
O Simbolismo, no Brasil, representa uma das épocas mais importantes de nossa história literária e cultural. Este movimento penetrou em nosso país, por intermédio de Medeiros e Albuquerque, que, desde 1891, recebia livros dos decadentistas franceses. Em 1893, Cruz e Sousa publica Missal e Broquéis, obras que definem a história do Simbolismo brasileiro.
Panorama histórico
Entre as últimas décadas do século XIX e princípios do século XX, os simbolistas conviveram num período em que o Brasil procurava conquistar sua maturidade mental e sua autonomia. Mesmo depois da independência de 1822, a Metrópole ainda continuava a exercer a sua ação colonialista. O comércio, as transações bancárias, a imprensa estavam sob o influxo da Metrópole. A primeira tentativa de autonomia deu-se com a Regência (1830-1841), mas só foi com a Proclamação da República que o Brasil separou-se definitivamente de Portugal. Esse fato levou os homens de letras do século XIX a explorar o tema do nacionalismo. A busca de “símbolos que traduzam a nossa vida social”, afirma Araripe Júnior.
O início do movimento simbolista brasileiro é marcado por conflitos no sul do país (1893-1895): A Revolução Federalista, a Revolta da Armada.
O início do movimento simbolista brasileiro é marcado por conflitos no sul do país (1893-1895): A Revolução Federalista, a Revolta da Armada.
Características da poesia simbolista
Vejamos mais detalhadamente algumas características do Simbolismo:
a) O poeta simbolista volta-se para o mundo interior; guia-se pela subjetividade (característica da corrente romântica). O egocentrismo é um princípio fundamental do Romantismo. Enquanto os românticos pesquisavam o interior das pessoas, suas lutas, incertezas, num campo puramente sentimental, o simbolista penetra fundo no mundo invisível e impalpável do ser humano.
b) A poesia simbolista expressa o que há de mais profundo no poeta; por isso, ele se vale de adjetivos que despertem emoções vagas, sugestivas.
c) A descrição é essencialmente subjetiva; é uma espécie de pretexto para identificar o poeta com o íntimo das coisas.
d) Os versos são musicais, sonoros e expressivos. A poesia é separada da vida social, confunde-se com a música, explora o inconsciente através de símbolos e sugestões e dá preferência ao mundo invisível.
e) A linguagem é evocadora, plena de elementos sensoriais: som, luz, cor, formas; há o emprego de palavras raras; o vocabulário é litúrgico, obscuro, vago.
f) As palavras vêm ligadas ao tema da morte.
g) Emprego freqüente de metáforas, analogias sensoriais, sinestesias, aliterações repetição de palavras e de versos – tudo isso confere à poesia musicalidade e poder de sugestão.
h) Fusão da música, pintura e literatura.
POETAS SIMBOLISTAS BRASILEIROS
João da Cruz e Sousa (Desterro-SC, 1861 – Estação de Sítio-MG, 1898) Muito cedo, publicou Tropos e Fantasias em colaboração com Virgílio Várzea. Vítima de preconceitos raciais (era filho de antigos escravos), não conseguiu profissão certa. Viveu quase na miséria, contando apenas com pequenos empregos. Em 1893, publicou Missal, poemas em prosa, e Broquéis, livro de versos: marcos iniciais do movimento simbolista no Brasil. Cruz e Sousa é considerado o principal representante do Simbolismo no Brasil.
Nos seus versos depreende-se uma linguagem muito rica, exuberante; neles, o poeta expressa seus dilemas, seus sofrimentos, sua humilhação. Os temas giram em torno da vida e da morte, da existência de Deus; volta-se para os marginalizados e miseráveis. Nos poemas longos, especialmente, Cruz e Sousa obtém efeitos sonoros e musicais.
Escreveu ainda os poemas: Vida obscura, Triunfo supremo, Sorriso interior, Monja negra. Além dos citados, deixou-nos os livros: Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). São características de sua obra: protesto contra sua condição de negro, desejo de ultrapassar as limitações que a sociedade lhe impõe por causa de sua cor; defesa dos miseráveis, dos negros e dos humilhados; obsessão pela cor branca, através do uso freqüente de adjetivos como: alvo, luminoso, claro, etc. e de substantivos como neve, névoa, lírio, marfim, etc.
a) O poeta simbolista volta-se para o mundo interior; guia-se pela subjetividade (característica da corrente romântica). O egocentrismo é um princípio fundamental do Romantismo. Enquanto os românticos pesquisavam o interior das pessoas, suas lutas, incertezas, num campo puramente sentimental, o simbolista penetra fundo no mundo invisível e impalpável do ser humano.
b) A poesia simbolista expressa o que há de mais profundo no poeta; por isso, ele se vale de adjetivos que despertem emoções vagas, sugestivas.
c) A descrição é essencialmente subjetiva; é uma espécie de pretexto para identificar o poeta com o íntimo das coisas.
d) Os versos são musicais, sonoros e expressivos. A poesia é separada da vida social, confunde-se com a música, explora o inconsciente através de símbolos e sugestões e dá preferência ao mundo invisível.
e) A linguagem é evocadora, plena de elementos sensoriais: som, luz, cor, formas; há o emprego de palavras raras; o vocabulário é litúrgico, obscuro, vago.
f) As palavras vêm ligadas ao tema da morte.
g) Emprego freqüente de metáforas, analogias sensoriais, sinestesias, aliterações repetição de palavras e de versos – tudo isso confere à poesia musicalidade e poder de sugestão.
h) Fusão da música, pintura e literatura.
POETAS SIMBOLISTAS BRASILEIROS
João da Cruz e Sousa (Desterro-SC, 1861 – Estação de Sítio-MG, 1898) Muito cedo, publicou Tropos e Fantasias em colaboração com Virgílio Várzea. Vítima de preconceitos raciais (era filho de antigos escravos), não conseguiu profissão certa. Viveu quase na miséria, contando apenas com pequenos empregos. Em 1893, publicou Missal, poemas em prosa, e Broquéis, livro de versos: marcos iniciais do movimento simbolista no Brasil. Cruz e Sousa é considerado o principal representante do Simbolismo no Brasil.
Nos seus versos depreende-se uma linguagem muito rica, exuberante; neles, o poeta expressa seus dilemas, seus sofrimentos, sua humilhação. Os temas giram em torno da vida e da morte, da existência de Deus; volta-se para os marginalizados e miseráveis. Nos poemas longos, especialmente, Cruz e Sousa obtém efeitos sonoros e musicais.
Escreveu ainda os poemas: Vida obscura, Triunfo supremo, Sorriso interior, Monja negra. Além dos citados, deixou-nos os livros: Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). São características de sua obra: protesto contra sua condição de negro, desejo de ultrapassar as limitações que a sociedade lhe impõe por causa de sua cor; defesa dos miseráveis, dos negros e dos humilhados; obsessão pela cor branca, através do uso freqüente de adjetivos como: alvo, luminoso, claro, etc. e de substantivos como neve, névoa, lírio, marfim, etc.
Alphonsus de Guimaraens
(Ouro Preto-MG, 1870 – Mariana-MG, 1921)
Afonso Henriques da Costa Guimarães (nome verdadeiro) estudou na
Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, e aí se
formou em 1895.
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