JULIO DINIS
(Pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho)
(Porto-Portugal, 1839-1871)
Júlio Dinis foi escritor e médico. Nasceu no Porto em 1839 e aí
faleceu em 1871, vítima da tuberculose. Passa os últimos anos de sua
vida ora no campo, para tratar da saúde, ora na cidade, desenvolvendo
suas atividades. Na curta existência de trinta e dois anos, produz
muitas obras de gêneros diversos: teatro, poesia, contos e romances.
Seus romances constituem um valioso documento sobre Portugal, numa fase
em que esse país sofre transições políticas e econômicas, promovidas
pelo regime neoliberal. Registra em sua obra os resultados positivos das
reformas econômicas e o estilo de vida da burguesia triunfante.
A obra mais famosa de Júlio Dinis é As Pupilas do Senhor Reitor
(1867).
Escreveu ainda: Os Fidalgos da Casa Mourisca (1872), A
Morgadinha dos Canaviais (1868), Uma Família Inglesa (1868) e Serões da
Província (1870), coletânea de contos.
Júlio Dinis é um romancista de um período de transição entre o
Romantismo e o Realismo. Filiado ao movimento romântico, mas realista
pela preocupação da verdade em suas descrições, nos caracteres e na
evolução da intriga, utiliza processos do romance realista inglês.
Em As Pupilas do Senhor Reitor, Júlio Dinis preocupa-se com os
aspectos morais na caracterização das personagens, como vemos no trecho a
seguir:
O reitor
Ao deixar José das Dornas, na tenda do seu vizinho da esquina, o
reitor, apoiado na grossa bengala de cana, companheira fiel das fadigas
de muitos anos, foi seguindo pelos caminhos poucos cômodos da sua
paróquia, e entrando nas casas mais pobres, onde levava a esmola e o
conforto de doutrinas evangélicas que tão singelamente sabia pregar.
Era esta, para ele, tarefa habitual.
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