sábado, 28 de janeiro de 2012

RAUL POMPÉIA E ALUÍSIO DE AZEVEDO

RAUL D''ÁVILA POMPÉIA (Angra dos Reis-RJ, 1863 – Rio de Janeiro-RJ, 1895) 
     Estudou Direito, em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, concluindo seu curso em Recife. Colaborou em vários órgãos da Imprensa Nacional de Belas Artes, do Departamento de Estatística do Rio de Janeiro, do Diário Oficial. Aos dezessete anos já revelara qualidades de bom escritor. Seu livro de estréia foi Uma Tragédia no Amazonas. 
     Sua maior obra, O Ateneu (1888), revela a expressão de seu talento; nesse livro, extravasa uma série de complexos e recalques que sentia. Nesse romance, o autor observa e analisa a infância e a adolescência, dando o seu depoimento pessoal. Em O Ateneu, o narrador-personagem Sérgio conta a história de sua vida, quando esteve no internato. Há, nessa obra, uma forte influência do meio sobre o comportamento de Sérgio. 
     O ambiente é contagiado pela corrupção, pelo egoísmo, pelo homossexualismo, pela promiscuidade de adolescentes. O livro é uma crítica ao sistema educativo da época. Sérgio, à porta do colégio, ouve de seu pai: “Vais encontrar o mundo. Coragem para lutar.” Esta passagem ilustra toda a ironia da obra. O menino, inocente, acostumado aos afagos domésticos, vai a partir daí conviver com o diretor Aristarco e sua mulher D. Ema, a criada sensual e brejeira e os colegas, uma legião de criaturas hipócritas e corruptas. O Ateneu é uma obra que deixa transparecer marcas do Naturalismo: a influência do meio sobre a formação dos caracteres. É um romance introspectivo; um livro de memórias, ironicamente chamado Crônica de Saudades. 

ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO (São Luís-MA, 1857 – Buenos Aires-Argentina, 1913) 
     Depois dos primeiros estudos em sua terra natal, veio para o Rio de Janeiro estudar pintura, isso antes de se dedicar à vida literária. Matriculou-se na Academia de Belas Artes e dedicou-se a caricatura. Ingressou, em 1895, na carreira diplomática, exercendo as funções de cônsul em Vigo, Japão, Nápoles e Buenos Aires e abandonando a literatura. Aluísio Azevedo cultiva vários gêneros literários: o romance, o conto, a crônica. Estréia na carreira literária em 1880, com o livro Uma Lágrima de Mulher. No ano seguinte, publica O Mulato, romance naturalista. Sua obra, composta de catorze volumes, divide-se em duas facetas: romântica: Uma lágrima de Mulher (1880) A condessa Vésper (1882) Girândola de Amores ou Mistérios da Tijuca (1883) Filomena Borges (1884) O Esqueleto (1890) A Mortalha de Alzira (1893) naturalista: O Mulato (1881) Casa de Pensão (1884) O Homem (1887) O Coruja (1889) O Cortiço (1890) Livro de uma Sogra (1895). O Mulato é considerado o romance iniciador do Naturalismo no Brasil.
     Conta a história do jovem mulato Raimundo e de sua noiva Ana Rosa. Serve de cenário a sociedade burguesa do Maranhão, em fins do século XIX. Desenrola-se aí a trágica luta de um mulato contra o hostil meio conservador. Dois aspectos destacam-se no romance: o anticlericalismo, sob o influxo da obra de Eça de Queirós, e o problema do preconceito de cor. Aluísio Azevedo escreve ainda os contos Demônios (1893) e as crônicas O Touro Negro (1938). Como vemos, pelas datas de publicação, essas facetas de sua obra são simultâneas. Foram fatores de ordem econômica que levaram esse escritor a proceder dessa forma. 
     Aluísio Azevedo escreve para sobreviver, para agradar ao público leitor. Daí sua obra ressentir de acabamento, de densidade artística, de apuro estilístico. Aluísio Azevedo cultiva o romance de intriga que termina por um desenlace feliz ou patético. A intriga envolve problemas amorosos da burguesia. O enredo novelesco vem pontilhado de mistério, sangue e amores clandestinos e trágicos. A obra naturalista de Aluísio Azevedo é até certo ponto um reflexo da influência de Émile Zola e Eça de Queirós. São romances de tese, onde o autor interpreta a realidade brasileira do século XIX. 
     O Cortiço tem como cenário uma comunidade fluminense, onde fervilham seres humanos bestializados pelos sentidos. Aluísio Azevedo comunica ao leitor seu extraordinário poder de observação das reações e emoções das pessoas que povoam o cortiço, realçando o comportamento desses tipos que vivem numa moradia coletiva. o autor de O Cortiço analisa e descreve com precisão conglomerados de pessoas de origem diversa, mas iguais na miséria, na promiscuidade, na ignorância. O meio exerce sobre as criaturas uma forte influência. O dinheiro e o sexo são as molas propulsoras dessa sociedade. A ambição desmedida e a riqueza do comerciante João Romão e de seu vizinho Miranda contrapõem-se à miséria da escrava Bertoleza (amante de Romão e cinicamente explorada por ele) e dos moradores do cortiço.

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