GUERRA
DOS PALMARES
Durante cerca de 94 anos, a região dos Palmares, em
Alagoas e Pernambuco, foi alvo de investidas holandesas e portuguesas para ali
destruir o grande Quilombo dos Palmares, uma confederação de mocambos. Estes
eram os povoados dos escravos fugidos dos engenhos e fazendas que ali foram se
reunindo.
O Quilombo dos Palmares ocupou uma faixa de terra de
cerca de 200 km, em grande parte montanhosa e coberta de espessa mata, paralela
ao litoral.
Os Palmares eram atravessados por 9 rios que
alimentavam uma mata fechada e por via de conseqüência a fertilidade do solo. A
mata e a montanha na Serra da Borborema tornavam o Quilombo dos Palmares de
difícil acesso, proporcionando seguro abrigo a seu povo e, além, terreno ideal
para a defesa a base de guerra de guerrilhas, com táticas indígenas e africanas
integradas e que ali foi denominada Guerra do Mato.
O Quilombo dos Palmares cresceu em número que
estatísticas imprecisas avaliam em 6.000 a 20.000 quilombolas, incluindo neste
número mulatos, índios, ex-escravos e supõe-se até brancos com dívidas com a
Justiça.
Sem meios para reduzir o Quilombo dos Palmares ele foi se
expandindo em aldeias diversas ou mocambos. Entre eles se destacaram: O Macaco,
a capital dos Palmares e o maior (ficava na localidade de União dos Palmares -
AL), o combativo e agressivo Subupira, e os Tabocas, Oranga, Zumbi, Amaro,
Odenga, Aqualtume, Andalquituxe etc. A estratégia de Portugal no combate aos
Quilombos objetivava manter a Unidade do Brasil e a preservar o Estatuto da
Escravidão.
Para defender Palmares e assegurar a liberdade de seus
habitantes, o Quilombo foi progressivamente fortificado. O perímetro
fortificado do mocambo capital – o Macaco, era constituído por uma dupla
muralha de pau a pique, com vários baluartes e somente três portas de acesso
fortificadas. Era protegido à distância por postos de observação, sobre vias de
acesso ao recinto.
O quilombo vivia da agricultura, caça e pesca e obtinha
armas e munições com portugueses com quem mantinham negócios. Até 1668, por
cerca de 23 anos, continuou o Quilombo dos Palmares rechaçando fracas
expedições sem o auxílio estatal de Pernambuco que estava impotente para uma
ação de envergadura.
Em 1671, teve início a luta oficial do Governo de
Pernambuco contra Palmares. O Capitão André da Rocha e depois o Tenente Antônio
Jácome Bezerra capturaram 200 quilombolas. O tenente Bezerra foi promovido a
coronel. Esta expedição oficial foi o início do fim do Quilombo!
Em 1674 o Governo de Pernambuco enviou outra forte
expedição composta de soldados, índios, mestiços e negros do Batalhão de
Henrique Dias, que se destacara com seus soldados negros nas Batalhas dos
Guararapes (vide op. cit.). Mas o Quilombo resistiu a investida com pesadas
perdas.
Em 1675 o Governo de Pernambuco enviou outra expedição
ao comando do Sargento Mor (major) Manuel Lopes que atacou um mocambo com mais
de 2.000 moradias e deparou com uma capela onde era praticado o sincretismo
religioso cristão e divindades africanas.
Decorridos 5 meses, os guerreiros do Quilombo se reorganizaram à
distância de 25 léguas da base de Manuel Lopes. Este foi a procura do combate
que se desenrolou violento. Manuel Lopes se manteve senhor de sua base de
partida agora um arraial. Mas inquietado pela guerrilha palmarina e
carente de munição de boca pediu reforços. Foi reforçada por Fernão Carrilho
experimentado em lutas contra quilombos fora de Palmares.
Em 1677 Carrilho voltou a atacar. O objetivo desta vez
foi o mocambo da velha princesa Aqualtume, avó de Zumbi. O segundo ataque foi
contra o mocambo Subupira de Gana Zona, filho de Aqualtume e tio de Zumbi, cuja
liderança já se impusera como grande guerreiro e esclarecido político. Mas
Carrilo encontrou Subupira destruído pelo fogo, pelos seus defensores.
No mocambo Amaro, eliminou em sangrento confronto
grande quantidade de seus habitantes entre eles Toculo, um filho de Ganga
Zumba, de uma sua ligação poligâmica, prática ali comum. Foi preso o irmão de
Canga Zumba – Gama Zona e mais 2 filhos deste, Zambi e Acaiene.
O Governo de Pernambuco recorreu então ao bandeirante
Domingos Jorge Velho, experimentado no combate à Guerra do Mato, no Piauí. Em
1691, Domingos Jorge Velho, forte de mais de 1000 homens, atacou o mocambo
capital dos Palmares – o Macaco e atual cidade de União dos Palmares-AL.
Mocambo que só capitularia depois de 3 anos de sitiado e 22 dias de sangrentos
combates. Conquista que provocou a queda pela manobra de todo o Quilombo de
Palmares.
Zumbi liderou a resistência derradeira em Macaco,
contra Jorge Velho e Bernardo Vieira de Mello.
Na madrugada de 6 de fevereiro de 1694 o mocambo Macaco
foi despertado por tiros de canhão que abriram brechas na sua tripla paliçada.
Por elas os atacantes penetraram, obrigando os líderes de Zumbi a tentarem
escapar por saída junto ao precipício, no qual encontram a morte. Zumbi
conseguiu romper o cerco ferido por 2 tiros.
Em 20 de novembro de 1695, decorridos cerca de 22
meses, aos 40 anos, Zumbi, com apoio na traição de um velhos palmarino, foi
localizado, surpreendido, cercado e atacado, pelo bandeirante André Furtado de
Mendonça e com resistência a prisão até a morte, junto com 20 de seus
guerreiros.
André Furtado mandou cortar a cabeça de Zumbi e a
enviou ao Recife para ser espetada em praça pública, para exemplo e mostrar que
o herói que Zumbi se tornara para os escravos havia de fato morrido.
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