domingo, 15 de janeiro de 2012

O BRONZE

     O bronze é uma liga metálica de cobre e estanho. É duro e tenaz, e suas propriedades de resistência são superiores às dos simples metais que o compõem. Variando a proporção do cobre e do estanho, a liga adquire propriedades diversas. Um bronze comum, que contém 10 ou 15 por cento de estanho, é bastante maleável; aumentando esta porcentagem, ele se torna menos maleável, mais duro e mais frágil, sua cor se torna mais clara e tendente ao amarelo dourado. Quando em estado líquido, aumenta ainda sua facilidade de emprego e, por isso, pode assumir, mais facilmente, formas diferentes. 
     Geralmente, ao cobre e ao estanho se acrescentam pequenas quantidades de chumbo, níquel, zinco ou outros metais, que servem para conferir especiais características à liga. Na indústria mecânica, por exemplo, emprega-se uma que possui um conteúdo de chumbo bastante elevado, por vezes 15 por cento. Certos bronzes artísticos, entre os quais famosos são os japoneses, podem conter porcentagens de ouro, prata,antimônio, arsênico, e assim por diante. Nesses casos, a liga assume belíssimas colorações. Esta liga caracteriza um importante estágio da civilização. 
     Depois da idade da pedra e após aquele período de transição durante o qual se empregaram, contemporaneamente, objetos de pedra e de cobre, a descoberta da liga brônzica representou um passo decisivo no progresso técnico da fabricação de todos os utensílios que deram ao Homem a possibilidade de potenciar seus próprios trabalhos e criar novas condições de vida. O bronze se obteve quando surgiu o forno de tiragem forçada, que pode fornecer uma temperatura de 1100 ou 1200 graus, e é provável que a descoberta da liga tenha ocorrido por acaso, com a fusão contemporânea de cobre e minerais de estanho. Enquanto o cobre, sozinho, funde a 1083 graus, a presença de 20 por cento de estanho reduz a 900 graus o calor necessário para a fusão. 
     A indústria do homem primitivo, indubitavelmente, se beneficiou deste fato, e, se pensarmos que o bronze possui uma dureza muito superior à do cobre, compreende-se como este foi, bem depressa, suplantado pela nova liga, na fabricação de utensílios ou de armas. Não se pode estabelecer, com segurança, qual o povo que, em primeiro lugar, a preparou. Talvez tenham sido os Sumerianos. Todavia, faz-se remontar sua descoberta a cerca de 3500 anos a.C., e é certo que a metalúrgica do bronze nasceu na Ásia anterior – na Caldéia, na zona do Tigre inferior ou no baixo vale do Eufrates – e depois passou para o Egito e para a Europa. Apareceu na bacia do Mediterrâneo, no curso do terceiro milênio e, na Europa Central, cerca de 200 a.C.. 
    Outra importante questão é a de saber onde os Antigos conseguiam estanho. Ao passo que o cobre e seus minerais são bastante difusos, o estanho, ao contrário, é bem mais raro. Além disso, não se encontra, nunca, em formas facilmente reconhecíveis e suas jazidas mais vastas estão muito distantes dos centros das antigas civilizações. Realmente, hoje, os países que produzem a maior quantidade de estanho são a Malásia, a Indochina, a Bolívia, o Congo, a Tailândia e a Nigéria.

A estes se acrescentam, com uma produção bem mais modesta, a Inglaterra e Portugal. O Egito, a Grécia e a Itália levaram uma época florescente de bronze. Os túmulos faraônicos tem conservado numerosos objetos de bronze, enquanto os artistas da ilha de Samos são lembrados pelos antigos historiadores como os mestres daquela arte de trabalhar o bronze, que os Gregos tinham em grande conta. No primeiro milênio a.C., apareceu o ferro, com o qual nova época se abriu na história da Humanidade. 
      Todavia, ainda por algum tempo, o bronze continuou a ser empregado na fabricação das armas, ainda quando todos os utensílios mais comuns já eram de ferro. Na verdade, suas peculiares qualidades tornavam-no superior ao ferro, nos primeiros tempos, imperfeitamente trabalhado. A liga brônzea, incandescente, logo depois rapidamente arrefecida, na água, torna-se facilmente trabalhável com martelo, e, novamente aquecida, adquire notáveis dotes de dureza, resistência e elasticidade, indispensável às armas de ataque e defesa. 
     Com o bronze, nasceu a espada, arma muito comprida para ser feita só de cobre, que é menos resistente e com o qual se podiam fabricar somente compridos punhais ou facas. Ainda ao tempo dos heróis homéricos, as armas eram feitas de bronze forjado e, de ferro, os utensílios agrícolas. Em Roma, durante o Império, os gladiadores usavam, comumente, armas de bronze: couraças, bolas, escudos e máscaras. O bronze reaparece, nos campos de batalha, com o advento das armas de fogo. 
     Da segunda metade do século XIV em diante, até aos tempos recentes, os canhões eram de bronze. Somente em 1870, com a guerra franco-prussiana, surgiram as primeiras artilharias de aço, que constituíram uma grande novidade na técnica bélica. Na arte figurativa, o bronze, em todas as épocas, competiu com a pedra. Nos tempos mais remotos, foi forjado, trabalhado a quente e laminado, inciso e modelado; mais tarde, a estes métodos de elaboração, acrescentou-se a fusão. 
     Nas proximidades de Bagdá, foi encontrada uma estátua de bronze fundido, que, talvez, remonta a dois mil anos A.C. A arte cretense e a micênea fornecem muitíssimos e esplêndidos exemplos. As obras etruscas foram famosas no mundo antigo e quantas chegaram as nossos dias suscitaram-nos admirações: bastaria recordar a Quimera de Arezzo, o Apolo de Piombino e o Arengador. Da época romana, citemos a estátua eqüestra de Marco Aurélio, hoje no Compidoglio.

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