A gravidez na adolescência é um fenômeno universal e tem história desde
os tempos primitivos, quando se iniciava a vida sexual após a menarca
(primeira menstruação) com intuito de preservação da espécie, já que o
tempo de vida era muito curto.
No Brasil tem ocorrido um significativo aumento da fecundidade no grupo
de 15 a 19 anos. Esse fenômeno tem maior incidência em algumas regiões,
principalmente as mais pobres e de baixa escolaridade.
Em 2000, foram registrados 127.740 internações por aborto no SUS, sendo
59% de jovens na faixa etária dos 20 aos 24 anos, 39% de adolescentes
entre 15 e 19 anos e 2,5% de adolescentes na faixa dos 10 aos 14 anos.
Os dados referem-se a abortos induzidos, retidos, não especificados,
espontâneos e legais. (SHI-SUS/Datasus/MS, 2000).
A gravidez na adolescência é um dos maiores problemas de Saúde pública
de alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos.
Dentre as necessidades essenciais do ser humano, o sexo é vivenciado
por curiosidade, pressão do grupo e para suprir outras necessidades
físicas e psíquicas.
A falta de projeto de vida e de estímulo faz com que os adolescentes,
às vezes, busquem o sexo como forma de colorir a vida. A carência
afetiva leva os adolescentes a afirmarem-se mediante relações sexuais
superficiais, nas quais prevalecem apenas o contato físico, resultando
em gravidez inoportuna.
Causas de gravidez na adolescência
A menarca precoce ocorre num momento de grande imaturidade
psicossocial, tornando a jovem mais suscetível ao início do exercício da
sexualidade.
A iniciação sexual pode acontecer como uma forma de satisfação à
curiosidade natural, como meio de expressão de amor e confiança, mas
também pode estar relacionada à solidão, carência afetiva e necessidade
de auto-afirmação.
Os meios de comunicação estimulam o erotismo precocemente, valorizam o
sexo, transmitindo mensagens equivocadas e distorcidas.
A mídia desvincula o sexo da gravidez, assim como a gravidez das suas
conseqüências.
As probabilidades de gravidez inoportuna serão maiores quanto menor for
a idade da adolescente.
Quanto menores o acesso às informações sobre prevenção e anticoncepção e
a possibilidade financeira de adquirir o contraceptivo, maior a chance
de gravidez. As adolescentes com piores condições socioeconômicas são as
que mais levam adiante a gravidez, talvez por ter a maternidade como
única expectativa alcançável, repetindo o modelo o modelo da mãe e da
avó que tiveram filhos ainda adolescentes.
A desinformação com relação à contracepção retarda o início do uso de
contraceptivo em torno de um ano após o início da atividade sexual, e
mesmo quando usado, se faz de forma inadequada.
O desconhecimento das funções corporais quanto à capacidade reprodutiva
contribui para que ocorra atividade sexual desprotegida e
despreocupada.
Tanto para a moça quanto para o rapaz, a gravidez precoce é um fenômeno
desestabilizador.
A maternidade e a paternidade são funções para as
quais estão muito imaturos, e isso constitui um grande desafio. Essas
funções implicam condições emocionais, físicas e econômicas para as
quais não estão preparados, sendo angustiante a perspectiva de que suas
vidas serão modificadas por completo.
Um filho modifica a rotina de vida, o que poderá ocasionar abandono
escolar, dificuldade para arrumar emprego, possibilidade de segunda
gravidez, probabilidade de não estar mais com o companheiro no primeiro
ano de vida após o parto, perda dos sonhos, tornando-se mãe/filho.
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