Panorama histórico
O Humanismo definiu-se no século XIV, na Itália. Os humanistas, interessados por tudo o que o mundo pudesse construir em matéria de cultura, passaram a defender a restauração do mundo clássico, esquecido e ignorado durante o período da Idade Média. Dessa campanha dos humanistas surge, na Itália, o movimento renascentista.
Na segunda metade do século XV, o Renascimento começa a expandir-se aos demais países europeus. Em cada país, esse movimento vai adquirindo aspectos diferentes. Apesar dessa diversidade, o movimento conserva uma característica comum: o rompimento com a principal marca do feudalismo: o teocentrismo. Com a decadência do sistema feudal, os renascentistas passam a tomar interesse pelo ser humano e a valorizá-lo. O homem é considerado o centro do Universo, a sua principal figura (antropocentrismo).
Para os renascentistas, a natureza é tida como o reino do homem, o qual é capaz de dominar as coisas do mundo, aberto às pesquisas e investigações científicas. O Classicismo, como movimento literário, resulta do Renascimento. Ele foi elaborado durante o período áureo da Renascença na Itália.
Para bem entendermos essa época literária, é importante o conhecimento de fatos que compõem o panorama histórico da Europa nesse período:
_ Transformação econômica: Com a invenção de instrumentos de navegação e o aprimoramento de outros, grandes navegações são empreendidas. Os portugueses e espanhóis obtêm muitas riquezas com suas descobertas. Com o enriquecimento dos povos conquistadores, o comércio sofre um considerável avanço.
_ Difusão dos conhecimentos: Em 1487, é introduzida em Portugal a imprensa, o que vem possibilitar a difusão de conhecimentos através dos livros. Esse fato contribui para o desenvolvimento das pesquisas e aumenta a curiosidade intelectual do homem que quer mais e mais investigar o desconhecido. Começam a ser lidos autores humanistas italianos, como Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.
Reagindo aos modelos cristãos da Idade Média, os artistas do Renascimento procuram retomar as formas da arte greco-romana. Passam a buscar inspiração na mitologia e não mais em cenas religiosas. Voltados para o paganismo, ou seja, para a negação da crença cristã, mostram a beleza do ser humano em sua plenitude e nudez. Tanto na pintura quanto na escultura e na arquitetura, todas as formas buscam o equilíbrio e a pureza, pois, para os antigos, só assim seria revelada a verdadeira Beleza.
Com o aparecimento de uma classe social voltada para o comércio e detentora de riquezas, surgem os mecenas (pessoas ricas que prestigiam as artes). Nenhum período da história da humanidade apresenta uma constelação tão importante de pintores, escultores e arquitetos (Bellini, Botticelli, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Rafael e outros).
A crise religiosa A Igreja tem seu poder sensivelmente diminuído com o aparecimento de uma divisão religiosa, em 1517, na Alemanha. Este movimento, chamado de Reforma, foi liderado por Martinho Lutero, um monge alemão que discordava de vários aspectos da religião católica. Assim, Lutero abandona o catolicismo e funda uma nova religião, cujos seguidores são chamados de protestantes, por não seguirem os preceitos da Igreja Católica.
Percebendo que muitos de seus adeptos começavam a adotar o protestantismo, a Igreja tenta recuperar seu poder, iniciando uma reação denominada de Contra-Reforma. Através dela, tentava atrair de volta aqueles que a haviam abandonado, pressionando-os com a idéia do inferno e do pecado, que estariam contidos nos preceitos protestantes.
O antropocentrismo
O homem, “a medida de todas as coisas”, segundo Protágoras, volta-se para o exame de sua natureza e do mundo que o cerca, o que permitiu um grande avanço nas ciências. O heliocentrismo Até essa época, acreditava-se que a Terra era o centro do Universo, visão que era apoiada pela Igreja. Copérnico, porém, divulga a teoria de que o centro do Universo é o Sol, sendo perseguido por causa disso. A literatura No Classicismo vigora um conceito de literatura que tem raízes na Antiguidade greco-romana. A idéia de tomar os antigos como modelo veio com o Humanismo.
Caracteristicas do Classicismo
Caracteristicas do Classicismo
Imitação dos gregos e latinos
Ao
redescobrirem os valores do ser humano, abafados pela Igreja durante a
Idade Média, os artistas deste período voltam-se para a Antiguidade. O
próprio nome desse estilo de época – Classicismo – tem sua origem no
aprofundamento dos textos literários e filosóficos estudados nas
escolas. Na Idade Média, esses textos eram reproduzidos nos conventos e
difundidos entre os estudiosos, mas passavam por uma censura religiosa,
que só mantinha os aspectos que não feriam a moral cristã.
Com
o Renascimento, houve um retorno a esses textos, mas em sua versão
original, completa. Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas
do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis.
Segundo
Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da
sociedade ideal, além de retomar idéias de outros poetas,
reconhecidamente importantes por sua obra. Não se trata de copiar outros
autores, e sim de assemelhar-se à sua obra. Petrarca comparava esta
semelhança à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam,
mas o filho tem suas características próprias, que o individualizam. O
mesmo aconteceria à obra literária: seria semelhante à de Virgílio,
Horácio e outros autores da Antiguidade, usando o que eles tivessem de
melhor, mas conservando seus traços próprios.
O universalismo
Para
os clássicos, a obra de arte prende-se a uma realidade idealizada; uma
concepção artística transcendente, baseada no Bem, no Belo, no
Verdadeiro – valores passíveis de imitação. A função do artista é a de
criar a realidade circundante naquilo que ela tem de universal.
O racionalismo
Os
autores clássicos submetem suas emoções ao controle da razão. Ao
abandonar o teocentrismo, o homem deste período afasta os temores da
Idade Média e passa a crer em suas potencialidades, incluindo nelas a
habilidade de raciocinar.
A
cultura clássica é uma cultura da racionalidade. A perfeição formal
Preocupados com o equilíbrio e a harmonia de seus textos, os autores
clássicos adotam a chamada medida nova para os poemas: versos
decassílabos e uso freqüente de sonetos (anteriormente, usava-se medida
velha: redondilhas).
Elitismo
Os
clássicos evitam a vulgaridade. O Classicismo tende à realização de uma
arte de elite, o que reflete a organização social da época (a
aristocracia era a classe dominante). A concepção clássica foi
introduzida em Portugal por Sá de Miranda, ao regressar da Itália, onde
conheceu novos conceitos de arte e novas formas poéticas. Uso da
mitologia voltados para os valores da Antiguidade, os autores clássicos
utilizam-se, com freqüência, de cenas mitológicas, as quais simbolizam
com propriedade as emoções que o autor quer exteriorizar. Assim, a
imagem do Cupido, por exemplo, simboliza o amor.
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