sábado, 7 de agosto de 2010

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

     Vimos que a palavra se compõe de duas partes inseparáveis: o significante (forma) e o significado (a idéia ou conteúdo). Vamos ver agora como um mesmo significante pode ter mais de um significado, dependendo do contexto, ou seja, da situação em que é usado.
     Observe estes exemplos:
1 – O gato subiu no telhado para fugir do cachorro.
2 – Aquele rapaz encostado na moto é um gato. O significante gato foi usado com dois significados diferentes: na primeira frase, trata-se de um animal mamífero, quadrúpede, felino; já na segunda, tem o sentido de rapaz bonito, atraente, simpático.
     Esses exemplos nos mostram que a linguagem oferece a possibilidade de usarmos uma mesma palavra em seu sentido próprio ou em um sentido figurado. No exemplo 1, foi usado o sentido próprio da palavra gato e, no exemplo 2, seu sentido figurado.
     Quando a palavra é empregada no sentido usual, próprio, não-figurado, de tal modo que tenha o mesmo significado para todos os membros de uma comunidade, dizemos que ela tem um sentido denotativo ou referencial. A linguagem do historiador, do cientista, do jornalista, por exemplo, é denotativa, pois é unívoca, ou seja, só permite uma forma de interpretação; as palavras usadas têm uma significação exata e limitada. O principal objetivo do emissor é da informações precisas sobre a realidade. O mesmo não acontece quando a palavra sugere ou evoca, por associação, outras idéias, às vezes de conteúdo afetivo ou emocional. Neste caso, dizemos que ela foi usada com valor conotativo.
     A linguagem do poeta, por exemplo, ao traduzir as emoções e sentimentos humanos, caracteriza-se por ser basicamente conotativa. Este tipo de linguagem é polivalente, ou seja, permite que se faça mais de uma interpretação de sua mensagem. Nela, as palavras podem ter vários significados, visto que se trata de um texto mais emocional do que racional.
     Observe alguns exemplos.
“Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada. Rugas, dentes, calva... Uma aceitação maior de tudo, e o medo de novas descobertas.” (Carlos Drummond de Andrade)
     Neste trecho, a palavra mão foi usada em sentido figurado, pois representa os efeitos causados pelo tempo. A palavra foi usada, portanto, em sentido conotativo.

“Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, undindo-se.” (Machado de Assis)
     No trecho acima a palavra mão foi usada com outro sentido, diferente daquele do exemplo anterior. Foi usada em seu sentido próprio, denotativo.

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